A história começa em 1871 onde os abolicionistas comemoram uma grande conquista na luta contra a escravidão: a lei do ventre livre, onde crianças nascidas a partir de 28 de setembro do mesmo ano nascem livres.
Mas a escravidão ainda é vigente no Br...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
- Disse exatamente o que a senhora ouviu, minha mãe. - disse ele com um sorriso de lado.
- Estás a brincar com tua mãe, Bento Alencar. - ralhou ela.
- Mas minha mãe, se bem me lembro a senhora disse que esse baile era para eu arrumar uma esposa. Bem, eu arrumei e agora não me acreditas. - disse ele com falso ressentimento.
- Porque estás sempre a brincar e não levas nada a sério.
- Pois a senhora verá que estou falando muito sério.
Dona Laura cerrou os lábios numa linha fina e resolveu dar ao filho do meio o benefício da dúvida. Ele lhe lançou um último olhar sedutor e esperou a dança acabar. Pierre Boyer estava valsando com Esther e isso não agradou a Bento. Seus olhares eram somente para o casal que rodopiava no meio do salão. Demonstrando uma paciência que não existia, Bento esperou. E quando os casais saíram do meio do salão, ele se aprontou para o seu discurso. Pegou uma taça de champanhe.
- Senhoras e senhores, eu peço um minuto da vossa atenção. - sorriu.
Todos os presentes pararam a conversa e deram atenção total ao segundo filho dos Alencar.
- Como todos sabem, minha adorada mãe. - olhou na direção da mãe e sorriu. - Preparou esse baile para recepcionar meu irmão caçula. - olhou para Fernando e levantou a taça para o irmão que imitou o gesto. - Fernando chegou recentemente de Lisboa e é o mais novo advogado do Rio de Janeiro. Seja bem-vindo, irmão. - Fernando assentiu em agradecimento e sorriu. - Mas, eu gostaria de roubar um pouco da atenção dessa linda festa para mim. - todos riram com a espontaneidade de Bento. - Permite-me, meu irmão? - olhou novamente para o irmão como se pedisse permissão.
- Fique a vontade, irmão. - respondeu Fernando também sorrindo.
- Obrigado, Fernando. - sorriu para o irmão e voltou-se aos convidados. - Todos aqui conheceram a senhora dona Gertrudes.
Ele olhou a mulher e esta arregalou os olhos sem entender. O coração de Esther estava rebumbando dentro do peito. Ela não entendia onde ele queria chegar.
- A senhora dona Gertrudes chegou recentemente a capital com suas filhas e meu irmão mais velho pediu-me para auxiliá-las no que fosse necessário. - Bento olhou para Joaquim. - Obrigado, irmão. - Sorriu para Joaquim que lhe sorriu de volta, mas sem entender, afinal Bento odiara o pedido. - Graças a essa aproximação pude conviver com essa adorável família, os Alvares. E essa aproximação fez com que houvesse uma necessidade de ir além da amizade e é por isso que hoje, aqui, na presenças de tantos amigos, eu quero pedir a dona Gertrudes que me conceda a mão sua filha em casamento.
