Capítulo 6 🌙 Árvores, cervos e elfos

543 60 28
                                    

Nota inicial: Olha os nervos hein kkkkkk

Boa leitura ♥

🌙

Ela poderia ter visto elfos (e isso a deixaria em choque), porém, ela perdeu o fôlego ao vislumbrar a luz do sol entrando pelas árvores, até a floresta. Se a noite, a escuridão da Floresta das Trevas era palpável; o dia era, irresistivelmente, belo.

A terra era fofa, achocolatada, de tons escuros e saudáveis, macia e demasiadamente suaves. A grama era baixa perto das trilhas, porém, crescia a medida que se aproximava das árvores e das clareiras que haviam aqui e ali; em tons de verde, que iam do mais claro ao mais escuro, em harmonia e perfeição. As árvores erguiam-se, poderosas, acima do solo; de troncos amarronzados e grossos, alguns apresentavam uma casca branca pálida e outros, chegavam a serem verdes como a grama. Havia flores – orquídeas, bromélias, tulipas, margaridas, jasmins, rosas silvestres e orquídeas selvagens. E todas salpicavam seu odor adocicado, de coloração intensa, e transformava aquele lugar em um santuário. As folhas, acima da cabeça de Aranel, eram aveludadas, de um verde viçoso, e estavam molhadas. Através delas, em raios dourados, a floresta, abaixo, reluzia. Exalava um odor agradável e maravilhoso. Nel sugou o ar com força e se sentou, sobre as pernas, ao ver um alce passando. Ele era branco. Quase tão branco quanto a neve sobre as Montanhas, e reluzia ao sol de verão como uma pérola. Seus galhos, projetando acima de sua cabeça formosa, eram negros como piche, e seus cascos eram castanhos. Ele passou, ao longe, de forma esguia, desfilando através da trilha, e a olhou. Seu pacífico brilho a fez ter um calafrio, e Nel engoliu em seco. Os olhos dele era azuis, como duas redondas pedras de safira, e seu focinho se agitou. Ele puxou seu cheiro, e bufou.

Então, ele se virou, e balançando os pelos perolados, saiu caminhando, calmamente.

Aranel se recostou na árvore e bufou. Fechou os olhos e suspirou, profundamente. Lembrou-se do sonho que teve e ficou assustada, calada, por  demasiada amedrontada e sentiu algo se formar em sua garganta. Estava com medo, com fome e suja de terra, fuligem, barro e cinzas. Seu carma parecia pesado demais, e seu corpo, pouco a pouco, parecia se render. Ela poderia ficar ali, definhar e morrer. Seria mais fácil. Menos doloroso e mais lógico. Mas, ela não faria isso. Lembrou-se de Ulmo e do Castelo Branco. E teve vontade de gritar.

Nel sabia que havia um Vala chamado “Ulmo”, mas desconhecia sonhos e seus grandes significados. Então, desprezou a chance de ter sonhado com um Sagrado. Pois até então, ela não era ninguém e não pertencia a raça alguma. Entretanto, ficou tocada com o sonho, e olhou para as várias trilhas. “Talvez o castelo do rei Thranduil guarde as respostas que preciso. Talvez, ele seja bondoso e gentil, todavia, sou uma estranha em suas terras. Ele pode me jogar na prisão, sem nem ao menos olhar para mim!”– ela pensou.

Desconhecia o povo élfico que morava naquela região, mas sabia que, mesmo elfo, mesmo homem, entrar em terras sem o consentimento do Rei poderia ser crime punido com a morte. E ela não desejava morrer em uma prisão. Não sem antes se lembrar de alguma coisa.

Ela se levantou, lentamente, e voltou a perambular pela trilha. Seu capuz estava sempre escondendo seu belo rosto, e a Silmagrûn estava oculta em suas vestes. A trilha era estreita e se dividia várias vezes, seguia para o norte e voltava para o sul. Ela trocou de trilha mais de uma vez, mas o caminho a levava para oeste, leste, norte e sul, e sempre voltava para a árvore onde ela dormiu.

Ao ver o tronco marrom pela décima vez, Nel bateu o pé no chão e exclamou: — Shan miqula hakavarn! — era uma linguagem estranha, e ela desconheceu. Obscena demais para os elfos, e complicada demais para os anões. Talvez fosse utilizada por ladrões, bandidos e foras-da-lei, da raça humana. Porém, Nel entendeu o significado: Beije um orc!

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOWhere stories live. Discover now