Capítulo 36🌙A última batalha/Parte 1

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Nota inicial:

Boa leitura ♥

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“—… A verdade parece mais simples aqui, na escuridão, longe das fogueiras e de todo desespero que vi por lá”.
– Tigana, A Lâmina na Alma,
de Guy Gabriel Kay (1991)

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Parte I

— Você sabia disso? — perguntou Gimli à sobrinha. Suas grossas sobrancelhas ruivas arquedas em questionamento e ele parecia, por demasiado, preocupado com aquilo.

Ayla Selene abriu um largo e encantador sorriso. Seus olhos azuis brilhavam como o céu e seus cabelos negros pareciam piche naquela manhã, mas o filete de sangue que escorria pela testa dela fazia Legolas ter calafrios.

— Desculpe, padrinho — disse a princesa, ligeiramente indiferente com o ferimento dela e com a preocupação deles —, mas eu não acho que teria sido diferente. — ela deu de ombros.

Gimli colocou as mãos na cintura e fez uma carranca feia. — Não teria?! — ele bufou e fechou os olhos — Minha querida Lene, sabe como caçar, disso tenho plena e total certeza e convicção, mas não é que eu não confie em você para trazer o jantar, mas — ele parou por alguns instantes e a fitou —, mas uma aranha, Selene?! — ele gritou, mas não estava zangado.

Ayla prendeu uma risada e abaixou a cabeça. — A casca das patas é dura como aço, mas se souber tirar e preparar, dá pra fazer um ensopado de aranha delicioso. — ela fechou apenas um olho.

Gimli suspirou. — Acredito que sim. — disse, mas continuou sério.

Legolas soltou uma gargalhada da careta que Ayla fez e suspirou. — Eu me divirto com vocês. — disse.

A princesa sorriu.

Naquele momento, indo contra tudo que ele poderia imaginar a acontecer naquele dia, indo contra os canários cantando na mata, do piar dos pássaros e das grasnadas das cigarras, indo contra o mugido das vacas ao longe e contra o cascatear das águas em algum lugar dentro das árvores, indo contra o agradável calor, um guincho ensurdecedor ecoou de dentro da mata, ao pés das Montanhas Cinzentas. A terra tremeu, estremeceu no ardor mordaz e terrível daquele guincho gritesco, as árvores balançaram – seus galhos chicoteando os ventos primaveris, fazendo as folhas róseas de um ypê dançarem em direção a grama verde. Então uma sombra encobriu o acampamento e um vento gelado veio do oeste tão perigosamente mortal que fez Legolas ter calafrios.

Ele preparou o arco e se pôs de pé, observando a trilha sinuosa que abria-se entre as árvores com um aperto no peito. O chão estremeceu mais uma vez.

— O que, em nome de Isildor, foi isso? — questionou Ayla, sacando o punhal de rubis e postando-se ao lado do padrinho.

— Não se preocupe, querida Lene — Gimli se pôs em sua frente com o machado em punho —, irei protegê-la! — e ele arrotou.

Legolas desviou seu olhar e fez uma careta.

— Eca, padrinho! — reclamou a princesa — Arrotando feito um orc. Isso acaba com um casamento, sabia? — ela ergueu uma sobrancelha.

O anão ruivo revirou os olhos.

Mais um guincho ecoou da mata. Gracejo. Cruel. Terrível. Fétido. As árvores e a grama começaram a fumegar e crepitar, e Legolas percebeu que aquilo era o início de um incêndio. Então, ouviu-se latidos e grunhidos, uivos altos de wargs das montanhas. Negros, vindos das Montanhas Sombrias, corriam entre as árvores e pisoteavam as flores silvestres que nasceram no começo da Quarta Era, ali. Legolas franziu e olhou em volta e então, após um estopim de maldade, um salgueiro tombou na trilha e começou a queimar sob uma gosma verde. O príncipe empalideceu quando o monstro tomou forma em sua frente. Era grande, maior que os salgueiros centenários que haviam ali, maior que as torres dos castelos dos homens, maior até que a maioria dos dragões que outrora assolavam a paz da Terra-média. Seu corpo longo era coberto por escamas cortantes, o vento uivava ao seu redor; maior que a maior serpente que já existiu. Ele abriu a mandíbula, seus dentes brancos e afiados ficaram expostos, e sua língua se cortorseu dentro de sua boca quando ele guinchou mais uma vez. O ser se ergueu perigosamente na direção deles, urrou de forma medonha e seus olhos negros como o céu noturno sem estrelas fitaram os três ali. Todavia, como se o mundo estivesse contra eles, os Wargs surgiram latindo e uivando na trilha, correndo ao redor do acampamento.

A serpente vociferou e Ayla revirou os olhos. — Pelos grandes Senhores do Oeste! — resmungou — Esse bicho é feio que dói.

Gimli soltou uma risada, mas logo se controlou. Ergueu o machado em direção a serpente. — Carne — então indicou os lobos que rosnavam na trilha — ou batatas?

Legolas suspirou e preparou o arco. — Minha paciência acabou. — disse.

Os Wargs partiram em direção ao anão e a princesa, e a serpente guinchou, deslizando seu corpo horripilante para cima de Legolas.

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Nota final: Sim! Esse foi bem curtinho! ESPERA! Não me xingue... Só role a tela... Rsrsrsrs

Beijinhos....

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOWhere stories live. Discover now