Capítulo 16🌙 "Bons sonhos, meu amor!"

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Nota inicial:

Boa leitura ♥

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A “gente encantada” era mais hábil na música, e... entre os maravilhosos encantos e tentações para ficar com eles estava sua música.
– Notas sobre folclore do Noroeste da Escócia.
de Walter Gregor (1881)

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Quando Legolas chegou nos portões encantados da entrada dos Salões do Rei, ele parou. Ficou imóvel, bem ali, encarando as grossas placas de metal que formavam os desenhos silvestres das portas. Estava tão perto dela. Esteve tão distante durante os trinta anos de solidão, desejando que seu coração fosse arrancado de seu peito, e agora que estava diante da entrada, ele havia parado. Como ela estaria? Como reagiria ao vê-lo? Como ele reagiria? As perguntas explodiam em sua mente, ele estremecia como nunca antes e viu em sua frente a sombra das trevas da noite. Era madrugada. A lua estava alta no céu e iluminava, debilmente, a porta da entrada. O negro e o prata luzia sutilmente àquela hora, e parecia que a Magia bruxuleava por ali.

Gimli se aproximou dele, carregando o machado apoiado no ombro, e o olhou. Seus olhos o fitaram e ele estalou os lábios.

— Mellon. — O anão tocou seu braço e o sacudiu, levemente.

Ele queria acreditar que não estava sonhando. Só precisava respirar.

— Legolas! — exclamou Gimli fazendo com que o príncipe piscasse. — Não vai ficar ai parado, vai? — Ele ergueu a mão socou a enorme porta.

Com um estalo, o metal se moveu e a porta se abriu. Legolas viu sua casa depois de muito meses fora – do mesmo jeito rústico e quieto que era, com as mesmas velas acesas e as mesmas tochas cheias de luz vermelha. Ele sentiu o odor da montanha, dos salões e ouviu alguns elfos cantando, baixinho, no fundo das alas. O chão de pedras e as pontes. O teto e os corredores. Tudo igual. Exceto, porém, pelo ar de pacificidade que havia, do cheiro de algo novo e amigável. Do ambiente calmo, solene e feliz. Ele nunca sentira isso antes. Não ali.

Legolas olhou em frente e viu sua irmã se aproximando. Ela usava sua roupa de caça – verde, preta e marrom –, e sua lança estava na mão. Eáránë se aproximou, apoiando a lança no chão, e sorriu.

— Onde ela está? — questionou Gimli, depois de ver que Legolas estava atônito demais para perguntar alguma coisa.

— Desculpe, mas não poderá vê-la. — reclusa, Eáránë esticou o braço, fazendo a lança bloquear a passagem.

Legolas reagiu. Ele a encarou, sério e estressado, e interrogou: — Que espécie de brincadeira é essa?

A elfa negou. — Não é brincadeira. — ela ficou séria. Ergueu as sobrancelhas, como sua mãe fazia, e franziu os lábios, como seu pai costumava fazer. — Sabe que horas são? A pobre coitada ficou um mês na floresta sem água, comida ou abrigo. Ela está dormindo. — Eáránë colocou a mão na cintura. — E você também devia dormir. — e sorriu.

Legolas não sorriu. Não achou engraçado. Ao invés disso, cruzou os braços e franziu o cenho. A irmã, porém, deu de ombros.

— Cara feia pra mim é fome, irmãozinho. — Ela falou. As vezes, Eáránë era tão provocadora quanto Aranel, e aquilo sempre fazia ele sorrir. Não conseguia sentir raiva dela, nem por um segundo. Se estava ali, bloqueando sua passagem, era porque seguia ordens – que vinham do Rei.

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora