Capítulo 20🌙Aranel, a Rainha da Floresta Branca

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Nota inicial:

Boa leitura ♥

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“[…] Pode ser que tenhamos fugido do medo das Trevas apenas para encontrá-las aqui diante de nós, e sem outro lugar para fugir a não ser o Mar”
Os Filhos de Húrin
– de J. R. R. Tolkien

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Aranel apertou as mãos com força. Esperava sobreviver aquilo.

— Fique calma.

Legolas lhe lançou um olhar sereno e um sorriso se abriu no canto de seus lábios. Calmaria exalava dele, fazendo-a estremecer. Ele se inclinou e piscou – vislumbrá-lo era aterrador. Ele é um pedaço de mal-caminho.

— A barreira não vai te machucar. — ele sorriu mais uma vez e olhou para a mão dela, firmemente fechada. — As unhas eu já não tenho certeza. — brincou ele.

Nel conseguiu sorrir e abriu as mãos, movimentando os dedos em seguida. Ela suspirou pesadamente e olhou para a trilha atrás deles. O cavalo não se incomodava, contudo, relinchava e trotava sempre que ela se dirigia a ele. Engolindo em seco, viu as árvores estalando e olhou para o príncipe, ao seu lado, cavalgando uma égua de pelo negro e marrom.

— Eu conheço o caminho, Aranel. — disse o elfo, tentando tranquilizá-la. — Não vamos nos perder. Estamos da Trilha dos Elfos. — ele sorriu mais uma vez.

Certo, pensou. Ela assentiu e acariciou o flanco do cavalo.

— Essas árvores me assustam. — murmurou.

Sponey respondeu com uma bufada. Ela sorriu. Legolas estalou os lábios.

— Não me façam arrepender de ter deixado vocês saírem. — ele disse, fingindo raiva. A égua negra relinchou. — Sol, fique tranquila. Não vou prender seu irmão.

Sponey – o cavalo que estava com Aranel – resfolegou, satisfeito. Legolas disse que eles dois eram irmãos, filhos de um glorioso cavalo branco que pertenceu a ela quando era uma rainha – Floco de Neve.

Rainha. A palavra lhe dava calafrios. Ela engoliu uma grande quantidade de saliva e respirou fundo. Aquilo não era possível... Ela não poderia ser uma rainha. Ela se achava distante de qualquer coisa a ver com uma monarquia. Rainhas e princesas ficavam dentro de castelos, usando vestidos extravagantes, esperando o príncipe encantado resolver seus problemas, chorando por tudo e todos. Eram meigas, doces, sensíveis e delicadas, como vidro de seis mil anos. Ela odiava aquilo! Gostava de caçar, de usar roupas confortáveis, comer e brincar com terra, água e lama. No entanto, a dor de não lembrar-se de nada de uma vida anterior a havia quebrado. Ela esperava que o príncipe resolvesse seu problema, mas ela resolveria no final das contas. Não se sentia uma rainha, mas também, não sentia repulsa com aquilo. Poderia se acostumar com a ideia. Ela tinha habilidades, conhecia etiqueta e seu andar era mais pacífico que o andar dos elfos normais. Ela poderia, facilmente, ser uma Rainha. Mesmo que a ideia ainda fosse muito forte.

Mas não era uma ideia. Era um fato. Legolas lhe contou, o retrato confirmou e em seu interior mais profundo, sentia-se confortável. Abalada, era como se a Coroa tivesse vindo de modo doloroso. Então, lembrou-se da mãe. Ela estava morta e por isso Aranel era, agora, uma rainha. Aquilo fez sua garganta arranhar e ela abaixou a cabeça, fungando.

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOWhere stories live. Discover now