Capítulo 19🌙Ítens de uma vida perdida

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Nota inicial:

Boa leitura ♥

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Ele não é um personagem menor que o Rei dos Seres Encantados... Muito numerosos, de fato, são [os subalternos dele] e muito variados eles são em seu caráter. Ele é o soberano desses seres beneficientes e alegres... que dançam à luz da lua.
O Mabinogion (notas),
de Lady Charlotte Guest (1877)

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Legolas encarou as escadas enquanto repelia a vontade que tinha de deitar Aranel em seu colo, e a amá-la. Ele apertou as mãos e respirou fundo. Falta pouco... Ela se lembrou da frase que sua mãe dissera. Ela está voltando pra mim. Apesar da pouca iluminação, Aranel o observava enquanto ficava parado, imóvel no primeiro degrau dos lances de escadas; e seus olhos brilhavam como se ela observasse o pôr-do-sol. Ele queria guardá-la. Queria que ela não tivesse se esquecido dele... De nós. Ele engoliu a saliva várias vezes antes de respirar fundo. Fazia esforço, a chegada do outono não ajudava, no entanto. Pelas janelas a muito distantes daquele local, um vento frio entrava para os salões, e ele viu afagar os cabelos dela – como ele queria e almejava.

Perdendo, parcialmente, o equilíbrio, Legolas caminhou em sua direção e tocou de leve o rosto dela. Aranel sorriu de modo doce e acolhedor, e tocou as mãos dele.

— Pode confiar em mim? — ele a questionou. Queria parecer firme e convicto, mas seu nervosismo atrapalhava. Ele vacilou.

Aranel assentiu, lentamente. — O beijo... — ela não prosseguiu. As palavras se perderam no ar e ela enlaçou os dedos dela aos dele, estremecendo. Nel se inclinou, ficando na ponta dos pés, até que sua respiração tocasse o rosto dele, o entorpecendo. Ela sorriu. — Deseja prova maior de que fomos algo no passado? — uma sobrancelha dela subiu, sensualmente.

Então, ela o beijou. Seus lábios quentes tocaram os dele, deliciando-se com o toque da paixão. Ela apertou a mão dele e quando o ar faltou, afastou-se, sugando o oxigênio. Legolas sorriu. Valeu a pena esperar. O rosto dela se escondeu no peito dele, enquanto acariciava suas costas, ela suspirava. Então, ele a ergueu, deixando seus pés apoiados nos dele e a puxou para perto. Com um sorriso singelo, disse:

— Eu não devia temer. — ele suspirou e abaixou a cabeça. O frio que estivera por vezes dentro e seu peito, derretia no calor dela. No toque dela. — Mas temo. Temo por nós.

Aranel ergueu a mão, tocando o rosto dele e fez biquinho. — Então, existiu um nós, afinal. — ela se inclinou e o beijou mais uma vez. — Por favor, eu quero que essa dor passe. — ela abaixou o olhar até que observava, nada mais nada menos, que os lábios entreabertos do príncipe. — Acredito que você é a chave para minhas perguntas. — e sorriu.

Legolas a colocou no chão e suspirou. Tanto tempo, tanto sofrimento. Ele a procurou por trinta anos, a desejou todas as noites. Chorou, por milhares de vezes. Ela o achou quando ele queria desistir. Ela me encontrou. O príncipe sorriu, levantando os ombros e sentiu seu peito ficando feliz, encontrando a paz que tanto procurava. Vivenciando o momento em que ela lembrasse dele. Apesar de seus olhos pálidos, Aranel ainda estava bela e ansiosa. Suas mãos balançando como se carregassem uma cesta de frutas, e seu pacífico rosto feliz como se cantarolasse as antigas canções dos Altos Elfos. Ela lhe estendeu a mão, esperançosa e Legolas a puxou para perto. Beijou a testa dela e sorriu.

— Estarei aqui, ferinha, quando se lembrar. — disse. Ele a puxou pelas mãos para as escadas. — Venha.

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Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora