Capítulo 12🌙Lágrimas e punhos de aço

580 63 37
                                    

Nota Inicial: Personagem do multimídia: Nëssa Adriën Fingolfin

Boa leitura ♥

🌙

Seres encantados parecem ter uma atração particular pela caça.
- O folclore da Ilha de Man,
de A. W. Moore (1891)

🌙

Aranel mordeu a maçã mais uma vez. O suco daquela fruta fazia seus neurônios pararem de lhe lançar perguntas sobre si mesma, e aquilo a deixava confortável. Aliás, tudo parecia estar confortável para ela. Os belos vestidos, as tiaras de prata e ouro. Até ficar, constantemente, na presença do Rei. Sua aura era calma, e mesmo ela estando a ponto de ter uma parada cardíaca, ele mantinha a serenidade, a voz tranquila e o semblante impermeável a qualquer sentimento que poderia surgir dentro dele. Ela respirou fundo, o longo corredor estava escuro, pois o dia não estava ensolarado. Havia nuvens encobrindo o céu. Um dia cinzento, em Salões com iluminação de chama vermelha, e com ventos frios sendo soprados do Norte. Ela engoliu a maçã e buscou outros pedaços.

Elfos comem tantas maçãs? Estou ficando preocupada! E sorriu de cabeça baixa, procurando os próprios pés sob a barra do vestido vermelho.

Descobrir que era uma elfa foi difícil e assustador. Mas agora, aliviada, sentia-se como se sempre soubesse sua verdadeira origem. Parte de seu fardo desapareceu quando o rei contou a ela sua real natureza, e conseguiu dormir naquela noite. Estava em paz, conhecendo o significado de tranquilidade.

Ela mordeu mais um pedaço de maçã e continuou a seguir o rei. As paredes foram ficando mais grossas, e tapeçarias foram aparecendo. Uma mais bela que a outra. Algumas fiadas a ouro, outras costuradas a prata, outros com linho e seda, e algumas, até, pareciam ser feitas de aço. Retratavam cenários de guerras, festas, acampamentos, cavernas cheias de tesouros guardado por um dragão grandioso de corpo aplumado e vermelho, e havia montanhas. Havia velhos homens segurando cajados de madeira, e reis segurando aneis de ouro. O corredor era longo, amplo e havia algumas elfas limpando as tapeçarias. Três grandiosos lustres de cristal pendiam do teto e iluminavam o ambiente com uma luz fria e pálida, tênue, e aquilo tranquilizou Aranel ainda mais. Ela sempre gostou da cor branca, assim como gostava de admirar as árvores distantes e silenciosas do reino da Floresta Branca. Era como se de alguma maneira, a cor branca lhe trouxesse a agradável sensação de estar em casa. E saber tudo sobre ela. Um arrepio cruzou seu corpo e ela parou para ver uma tapeçaria. Era uma flor-de-lis branca, enlaçada a vários ramos verdes que iam do topo a base, da tapeçaria, e ela parecia reluzir como pérola ao sol. Ela sorriu e olhou para a tapeçaria ao lado. Esta era uma borboleta-monarca, azul e negra, em um fundo dourado fiado a ouro. E luzia na iluminação fraca das velas, muito acima. Era um belo e impecável trabalho, parecia protegido de qualquer pecado, maldade ou desejo.

O Rei, percebendo que ela havia parado no meio do caminho, voltou e ficou ao seu lado. Inclinou-se para observar a tapeçaria e suspirou, levantando e abaixando os ombros. Nel o olhou, de soslaio, e molhou os lábios. Lutava para parecer calma, para ser calma, e via que ele sabia fazer, com perfeição, sua incurável serenidade.

— Qual era o nome dela? — questionou Nel, tomando coragem, rezando para que ele não ficasse zangado. E saísse andando, indiferente. Sabia que ele tinha coração, que tinha três filhos, porém, nos dias que estava ali, não viu, nem ouviu, nenhuma Rainha.

Thranduil prendeu a respiração e encaixou as mãos nos bolsos. — Quem? — sua voz saiu vaga.

— Bem, você não fez seus três filhos sozinho, fez? — ela estremeceu. Não mediu palavras e aquilo a deixou apavorada.

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOWhere stories live. Discover now