Capítulo 35🌙As sombras vindas do Norte🌙Parte 3

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Nota inicial: Eeeeehhh mais um cap....  Tuts tuts tuts!!!

Boa leitura ♥

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“[…], e Sauron se tornou o maior e mais confiável dos servos do Inimigo; e também o mais perigoso, pois podia assumir muitas formas; e por muito tempo, se quisesse, ainda pôde aparentar nobreza e beleza, de modo a enganar a todos, à excessão dos extremamente cautelosos”
O Silmarillion,
de J. R. R. Tolkien (1917)

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Parte III

Seu pai estava em sua frente, de cabeça baixa, espada na mão e seu rosto tomado de dor. Ele sangrava e seus olhos, que costumavam ser tão brilhantes quanto as estrelas de Varda, estavam sem brilho. Ele ansiava para que ela o ajudasse, mas algo lhe impedia de continuar. Eáránë caiu de joelhos, aos prantos, impossibilitada de fazer alguma coisa. Algo prendia seus pés na rocha e suas mãos fechadas em punho. Havia algo errado e ela sabia, mas sua visão não parecia mentir.

O Rei Élfico a olhou, suplicante. Então, um homem se aproximou e andou em volta do rei; sua longa capa negra deslizando pelo chão de pedra.

— Confortável, princesa? — questionou o estranho, desviando seus olhos cintilantes para ela.

Eáránë engoliu em seco, mas ficou séria. — Mais do que eu gostaria. — disse de modo áspero — Quem é você?

O homem sacou uma faca longa e rodou-a entre os dedos. Um sorriso grotesco se formou em seus lábios.

— Primeiro, princesa, tenho algo a fazer!

A faca veio abaixo e cravou-se nas costas do rei. Um grito agudo ficou dentro da garganta dela, e sentiu-se fraca ao ver a adaga sair ensanguentada das costas de seu pai.

Porém, quando tudo parecia perdido, a imagem se desfez e uma risada retumbante encheu o salão. Eáránë caiu de joelhos e olhou em volta. Seu pai não estava ali! A princesa, atordoada, suspirou como se sentisse aliviada, mas o medo que ela sentia chegava a ser esmagador. Tão nova e sendo submetida a tais atos de crueldade era algo que ninguém merecia. E não ela – inocente, mas filha de um rei que acreditava ser a própria lei dentro de seus muros.  Talvez fosse isso... Talvez ele odeie papai! A crueldade das pessoas pode não ter limites. Então, Eáránë suspirou, pressionando as têmporas e engolindo a saliva com dificuldades. Ela relaxou os ombros o máximo que conseguiu e sustentou o olhar impassivo e impiedoso do homem em sua frente.

Ele estava sentado em uma grande cadeira de aço que reluzia no sol primaveril que entrava pelas grandes janelas de ferro. O trono, prateado, contrastava arduamente com a roupa negra que ele usava. Um manto de couro preto escorregava de seus ombros e tocavam o chão – de mármore branco. Seus cabelos estavam presos atrás de sua cabeça, castanhos escuros e brilhosos, e seus olhos a encaravam com crueldade e frieza – eram verdes como esmeraldas recém-lapidadas.

Eáránë sentiu a boca seca e permaneceu ajoelhada, frente a frente com o homem que conseguia controlar as sombras.

— Quando você vai parar de resistir, hein? — A voz dele encheu o salão de modo calculista e sociopata. Um sorriso cruel e medonho se formou em seus lábios, e seus olhos brilhavam de modo doentio.

Eáránë não sabia o que ele queria dela. E não sabia porque ele a torturava com visões. Não sabia porque ele havia escolhido ela para ficar sempre em sua companhia, tampouco. Mas aquilo a assustava e a deixava bamba, zonza e confusa. Havia maldade em volta dele, uma crueldade tão intensa e sufocante que Eáránë sentia vontade de vomitar. Tamanho era seu poder que ela mal conseguia se mover por conta própria. Ele a repelia e tudo que ela quisesse fazer – ir ao banheiro, por exemplo –, era condenada a aguentar e suportar a maldade e as sombras que rondavam-no. Em torno dele era gelado, mais do que o inverno mais rigoroso, e aquilo a machucava. Eáránë estava com manchas por todo o corpo, hematomas iam dos pés a cabeça; havia bolhas em seus dedos e calos em suas mãos. Os cabelos dela estavam macios, mas uma mecha negra nasceu entre seus fios dourados, por conta do poder destrutivo que ele carregava. Aquele Senhor das Sombras era forte, mas não só no tamanho. Seu olhar era tão penetrante e frio que ela sentia dores ao olhá-lo diretamente, e apesar de sua beleza austera, ele era terrível. Em seus lábios habitava palavras cruéis e perigosas, e em seus olhos havia crueldade e ira. Sua mente maligna escondia suas habilidades mais macabras.

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOWhere stories live. Discover now