Capítulo 14🌙A melodia

521 65 51
                                    

Nota inicial: Prepara o coração hein kkkkk

Boa leitura ♥

🌙

Tudo sobre eles é excêntrico... As ocupações do líder deles são festejar, lutar e fazer amor.
Histórias fantásticas e folclóricas do campesinato irlandês,
de William Butler Yeats (1888)

🌙

Dois dias depois

Aranel encarava o horizonte. Calada. Imóvel. Sua visão alcansava o sol, descendo, lentamente, pelo oeste, guardando seus raios dourados atrás das Montanhas Sombrias, enquanto tingia o céu de laranja, vermelho e roxo. Salpicava estrelas pelo firmamento a leste, e a lua subia pelo abobado, resplandecente e gigantesca, como uma enorme moeda de prata. De um lado o calor de um entardecer encantador, e do outro o frio de uma noite escusa e, debilmente, sombria. As trevas da noite inundavam o solo da Terra-média, e quase não se podia enxergar a Montanha Solitária daquele lugar. As nuvens desapareciam lentamente, e as estrelas brilhavam como diamantes em um manto azul meia-noite. Ventou. Era uma brisa gelada e complicada, chegava a ser terrível, mas logo as árvores da Floresta das Trevas balançaram, e levantaram o odor de carvalho e uma brisa quente balançou seus cabelos.

Nel fechou os olhos, sugou o ar com força e soltou. Então, abriu os olhos e voltou a olhar para o horizonte, além das Montanhas Sombrias. Além das terras do Rei, de Eryn Lasgalen, e deixou seu coração bater calmamente. Procurava o mar – o odor salgado, profundo e escuro do oceano. Mas não conseguiu captar nada, pois estava muito, muito longe das águas geladas que levavam à Aman, e à sua família. Aquilo fez um nó se formar em sua garganta e ela engoliu a saliva. O vento soprou mais uma vez, mas dessa vez, ele uivou na pedra fria das paredes do castelo. A montanha pareceu responder ao seu comando e então, silêncio. Um silêncio ensurdecedor e terrível.

Ela ouvia a música começando no salão, dos animais na floresta e dos elfos rindo e cantando, porém, ali dentro, estava quieto. E era bom. Relaxante e convidativo. Nel suspirou profundamente, e molhou os lábios.

— Aranel. — Ela ouviu a Lua lhe chamando, e sentiu os pelos de seu corpo se arrepiarem. Lentamente, Nel inclinou a cabeça para cima, para olhar a lua, ainda sendo ofuscada pela luz tênue do pôr-do-sol, e respirou fundo.

— Estou aqui. — Respondeu, encolhendo as pernas para próximo da barriga e as abraçando. — Senti sua falta. — ela sorriu.

O vento soprou mais uma vez e os cabelos dela esvuaçaram, banhando todo o quarto com seu aroma de lavanda. Ela sugou aquilo e esperou até que a Lua respondesse.

Não devia, Filha de Silmalótë. — aquilo a arrepiou ainda mais. — Eu estava aqui o tempo todo.

Nel engoliu em seco. — Filha de Silmalótë, eu sou, e parece que ela foi uma grande elfa. — disse com a voz mais baixa que o normal.

— Sim, ela foi. — A voz se calou e por um longo tempo ficou calada. Aranel desejou se lembrar do rosto da mãe, de sua voz, seu cheiro ou seu toque, mas tudo que conseguiu foi um cérebro vago. Sem memórias ela choraria, no entanto, não o fez. Não tinha mais lágrimas – não para aquela noite. Não naquele momento. Ela respirou fundo e ergueu o olhar para a lua.

— Eu fui feliz? — questionou — Eu... — ela levantou os ombros e continuou: —, amei alguém?

— Não posso interferir...

Lua de Cristal - Ela é do Príncipe - Vol.3 - CONCUÍDOWhere stories live. Discover now