Alice Kim: A Herdeira de Mystic Falls.

01. Alice.

A primeira coisa que vejo quando abro meus olhos é uma porta aberta, que leva para um corredor com uma por meio amarelada, onde várias pessoas andam de um lado para o outro e onde bem longe, um homem de cabelos negros e olhos claros me observa. Ele está todo vestido de preto, inclusive uma jaqueta de couro, e seus cabelos estão um pouco bagunçados, mas esse parece ser o seu charme. Ou não.

Ao meu lado, escuto barulhos de máquinas e percebo que uma delas está trazendo ar para os meus pulmões. Estou em um quarto azul de hospital, cuja as janelas não tem cortinas e a iluminação é fraca, mas não me sinto doente. Por que estou aqui?

Não quero tirar meus olhos do homem que me observa ao longe, mas preciso fazer isso para olhar para o outro lado do meu leito, onde tem outro homem, mais velho, cabelos meio grisalhos, barba por fazer e dormindo. Quem é ele? Aliás, quem sou eu?

- Milly? - O homem acorda e me olha com desespero e alívio ao mesmo tempo. Encaro ele com indiferença e volto meus olhos para onde o homem mais longe está, mas ele sumiu. - Minha filha...

- Quem é você? - Pergunto em um sussurro, voltando minha visão para ele. - Onde estou? Por quê tem tantas máquinas aqui?

O homem por um segundo, me olha com decepção, mas eu não me importo e começo a forçar meu corpo para cima, para me fazer ficar sentada na cama. Nada dói. Não estou sentindo dor, mas estou sentindo cansaço. Acho que de tanto dormir, se é que dormi tanto.

- Olhe para mim... - O homem ordena e eu obedeço. - Você tem que me dizer se você se lembra de alguma coisa antes de acordar aqui, mesmo que seja uma curta lembrança, como um objeto ou um lugar.

Não sei onde ele quer chegar, mas não tenho lembrança alguma do que provavelmente tenha acontecido para eu estar ali, como se meu cérebro tivesse reiniciado e excluído tudo, então apenas movimento minha cabeça negativamente. Ele pega a minha mão e aperta.

- Eu sou Joseph Kim, seu pai... - Ele começa. - Você é Alice Kim Collins, entendeu? - Faço que sim com a cabeça. - Depois eu conto direito o que aconteceu, mas tudo o que você precisa saber por enquanto, é que você fez muito esforço durante um... Uma coisa que você estava fazendo e isso acabou meio que fritando seu cérebro. Você estava com amnésia e agora perdeu tudo de uma vez.

- É por isso que estou aqui? - Pergunto lentamente, tentando encontrar uma voz firme e forte, mas acabo falhando. Meu corpo parece não estar preparado para esse tipo de força.

- Sim, é por isso que está aqui... - Ele assente com a cabeça, tentando esconder sua tristeza, mas também falhando. Ele é meu pai e entendo sua dor... Eu acho.

- Quanto tempo eu dormi? - Pergunto.

- Algumas horas... - Ele responde rapidamente, mas algo na porta chama a sua atenção, ou melhor, alguém. - Stefan, oi... Pode entrar.

Stefan, um rapaz alto, cabelos castanhos claros, olhos verdes e um nariz extremamente pontudo, entra no meu quarto com as mãos enfiadas nos bolsos de sua calça jeans preta e sorri para mim e para Joseph, ou melhor, meu pai.

- Obrigado. - Ele diz simpático.

- Onde está o Damon? - Meu pai pergunta. Quem é Damon? - Pensei que ele fosse querer vê-la.

- Bom, ele... - Stefan faz uma pausa curta, como se estivesse tentando encontrar a resposta perfeita para dar. - Ele está em um estado de negação por enquanto, então...

- Oh, eu entendo... - Joseph aperta minha mão e a solta logo depois, se levantando da poltrona onde estava sentado. - Bom, eu vou deixá-los conversar.

- Tudo bem, obrigado. - Stefan acena com a cabeça e meu pai sai do quarto, me dando uma última olhada e um último sorriso antes de sumir do meu campo de visão. Não retribuo.