Prólogo

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Karina narrando

Eu ainda não acredito que consegui minha casinha depois de anos de luta e sufoco... Tudo bem que não é do jeito que eu sonhei, mas depois de tudo o que eu passei isso aqui é lucro.

Vou começar contando uma pouco da minha história pra vocês. Sou de São Paulo mas tô no Rio de Janeiro há cinco anos, meu pai era bêbado filho da puta que só sabia me bater e me fazer de escrava, quando eu tinha 17 anos ele me vendeu pra um dos donos do PCC pra pagar uma dívida, aquilo acabou comigo.

Por mais que ele fosse um desgraçado, eu nunca iria esperar esse tipo de coisa dele.

Acabei fugindo de Sp porque jamais ia me sujeitar aquilo, uma senhora me acolheu na casa dela depois que eu vivi um tempo pelas ruas, me deu abrigo, me colocou de novo na escola e tudo, melhor época da minha vida foi quando eu vivi com ela, mas como eu sou uma puta azarada, um ano depois ela faleceu e a família dela me botou pra fora.

Como eu já tinha feito algumas amizades, fiquei vivendo na casa de um e de outro por um tempo, arrumei um emprego e fui juntando até conseguir pagar um aluguel numa kitnet. Quando minha vida começou a melhorar, conheci o Alex, meu primeiro namorado, no início era tudo flores e eu estava perdidamente apaixonada, com 5 meses de namoro fomos morar juntos na casa dele, foi ai que tudo começou a desandar.

Parecia que eu tinha encontrado meu pai novamento só que mil vezes pior, ele me batia, me privou de tudo e todos, me obrigava a ter relações com ele e daí pra pior. Cheguei a ter uma gravidez interrompida por causa das agressões. Foram os piores 1 ano e meio da minha vida.

Mas hoje, dois anos depois, eu me reegui graças a Luíza e a mãe dela que me acolheram e me ajudaram a conquistar o que eu tenho hoje. Confiança, auto-estima, felicidade e uma casa!

Me mudei pro Complexo da Pedreira, na zona norte do Rj, foi o lugar mais "seguro" que consegui achar pq, querendo ou não, ainda fugo do meu tormento de São Paulo, vulgo meu pai e o Leal, dono do PCC.

Lu: Galinha, tem como vc me dar uma atenção? -perguntou grosseira-

- Pois não, minha querida. -olhei pra ela-

Lu: Vc falou que quando a gente acabasse de arrumar aqui vc ia me pagar um açaí! -fez cara de pidona-

- Quer bater perna pela favela um sol desse? -fiz careta-

Lu: Sim, senhora. Vamos logo! -levantou saindo-

Suspirei cansada e levantei prendendo meu cabelo num coque alto, peguei dinheiro na estante e fui atrás da doida da Luíza que já estava pela rua.

Por essa daí coloco minha mão no fogo, mesmo ela sendo meio doida e se envolvendo umas parada errada, ela teve comigo quando eu mais precisei então vou fechar 10/10 pra sempre.

Aquele sol estava escaldante, mal saí de casa e já tava pingando de suor, fomos todo o caminho conversando até a barraca que vendia açaí, pedimos dois de 700ml com tudo que tínhamos direito, paguei e voltamos pra ficar sentada no portão lá de casa.

Consegui uma casa bem na rua principal, então era tudo movimentado, excelente pra fazer fofoca da vida alheia.

Lu: Olha quem vem ali. -falou disfarçadamente encarando o açaí-

Amor IngratoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora