Karina Narrando
- É... Na real, Jacaré, é que eu não quero que seja assim! Não quero ser segunda opção, tá ligado? Não nasci pra isso.
Jaca: Tu acha que minha primeira opção é quem? A Raphaela? -riu sarcástico- Tem minha mãe, tem meu filho, tem eu, depois vem os outros, filha. Tá achando o que?
- E tu acha que isso melhora em que? Tá se fazendo de maluco, né? Sabe muito bem do que eu tô falando!
Jaca: Quer o que, que eu large ela? -perguntou com deboche-
Pronto, eu já tava com vontade de explodir a cara dele no soco. Que homem debochado do inferno!
- Deus me livre!! Quero mesmo que vc fique com sua mulher e me deixe em paz.
Ele respirou fundo fazendo aquela cara de cínico que só ele sabe.
Jaca: Deixa de história, cara... Na moral mermo? Viver o momento não mata ninguém. -falou se chegando pro meu lado- Quem tá no erro é quem?
- Erro por erro eu também errei... -ele me interrompeu-
Jaca: Errou não, vida. Tu é solteira, filhinha. -fiz uma careta-
- Então quer dizer que se tua mulher te trair tu não vai querer resolver com o cara?
Jaca: Ela não é nem louca. Esquartejo os dois e jogo pros pit comer! -se emputeceu logo- Vem com essas ideia errada não, Karina, o papo aqui é outro. Quero vc, porra! De um jeito ou de outro eu vou ter... Bagulho é só um lancezin, ninguém precisa saber.
- Como se o problema fosse esse. -resmunguei-
Jaca: Que inferno, cara! -levantou puto- Tudo tu quer por defeito, mano. Que isso!
Ele foi pra cozinha resmungando abessa, falando como se eu tivesse sendo a errada, fiquei quietinha vendo Irmãos à Obra como eu estava antes dele chegar. Me amarro nesse programa, cara. Prende minha atenção todinha.
O bandidão voltou pra sala com maior pratão de comida e comeu no silêncio prestando atenção no programa, fiquei até surpresa, o rádio dele começou a apitar, maior falatório, pra ele era como se nada tivesse acontecendo mas todo esse barulho me irritava.
- Tem como vc desligar isso, por favor? -falei sem paciência-
Jaca: Tá educadinha vc, né. -debochou- Gosto assim!
Ele tirou o radinho da cintura, desligando-o.
Como é que pode? Esse homem me faz perder a vontade de ficar na minha própria casa, que saco.
Jaca: Que cara de bunda é essa, Kaká? -perguntou em forma de deboche-
- Tem como vc me deixar em paz, Derek?
Jaca: Jacaré pra vc!
- Karina pra vc! -ele riu sem humor-
Jaca: Tá chatinha hoje, hein.
- É, chamei meu bofe pra vir pra cá quando tua mãe saiu mas tu chegou de empata foda! -falei séria-
Quem via nem achava que era maior k.o kkkkkkkkk.
Jaca: Tá maluca, Karina? Quem é o maluco? O bunda mole do Leozin? -perguntou putinho e eu nem respondi- Vai se fuder, hein garota. Quero tu se envolvendo com ninguém não, papo é um só!
- Iih, quem é vc no jogo de bicho?? -minha vez de debochar- Te dei um chá e já tá assim, querendo laço?
Vou infernizar também, ninguém vai ter paz.
Jaca: Que mané chá, filha. Tá doidona? Quero saber quem é a porra desse mandado. -largou o prato de comida enquanto eu ria cínica- Sem neurose, Karina, tô pra palhaçada não. Fala aí quem é?!
- Não tá pra palhaçada agora, né?! Pq a minutos atrás era só risos e deboches. -falei sem olhar pra ele-
Em dois tempos o bofe já tava grudado em mim segurando meu rosto me fazendo olhar pra ele. Dava pra ver que o Jacaré tava puto mas eu não tava nem aí.
- Ih porra, me solta. -tentei sair das mãos dele mas sem sucesso-
Jaca: Tá achando que eu tô de brincadeira, né? -falou sério- Vou mandar os cara ir atrás do Leozin pra saber do k.o!
- Bom saber que tu caí na pilha tão fácil. -falei debochada-
O semblante dele logo mudou.
Jaca: Vc é uma filha da puta, cara. Filha da puta! -falou entre dentes me apertando- Tu não imagina a vontade que eu tô de te comer, sério mermo!
- Saí carnívoro desmiolado! -empurrei ele, que veio querendo beijar meu pescoço- Não tô brincando, Jacaré, fica na moral.
Jaca: Só um lovezinho, minha preta. Tô morrendo de saudades do cheiro da tua pele. -falou manhoso-
Chamou de minha preta minha perna fica logo bamba, filho. Não tem jeito.
Vendo assim nem parece que é o brutamontes que as pessoas vêem na rua, todo cheio de dengo, querendo chamego, mas essa carinha de safado não me engana.
- Não! -falei mais firme possível-
Jaca: Vamo pro quarto um pouquinho, vai?! Te levo até no colo pra gente namorar um pouco.
Esse homem só pode ter tomado algum chá de calcinha meu, não é possível. Enfiou a postura de bandido mal aonde? Gente, ou ele encena muito bem ou tá com os quatro pneu arreado. Todo carinhoso, tô nem entendendo.
- Vai namorar com a tua mulher, cara. Saí, sou nada sua não. -empurrei ele de novo-
Jaca: Tô querendo mas ela tá de manha falando que não é nada minha. -meteu serinho-
Tive que rir. Homem quando tá na vontade usa qualquer arma, né cara?! Hilário.
Jaca: Tem algum palhaço aqui? -falou sério-
- Aham, tô olhando pra ele.
Ele se emputeceu e me largou reclamando, dei graças a Deus pq eu já tava ficando fraca com aquela tentação me cutucando toda hora.
Jaca: Fodase, perdi até a fome. -foi colocar o resto da comida na pia- E te mandar o papo reto, se tu ficar marolando com a minha cara não vou entender legal! -falou puto e eu continuei olhando pra tv- Vai ficar negando voz?
- Quer que eu fale o que, caralho? Para de ser chato, vai perturbar tua mulher lá, vai.
Jaca: Suave, Karina. -falou pegando as coisas dele- Fica com tua paz aí.
- MUITO OBRIGADA! -falei alto depois que ele saiu-
Agora tu vê. Homem chato do inferno, acha que tudo tem que ser na hora e do jeito que ele quer, não se manca nunca, cara. Com mulher e filho em casa querendo sambar no terreno alheio, eu hein!
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Amor Ingrato
General FictionKarina, mesmo com apenas 22 anos, já sofreu mais do que alguém possa merecer, seu passado é um tanto macabro e infeliz, sempre que ela acha que sua vida vai começar a dar certo, tudo desanda e volta a estaca zero. O destino não cansa de ser ingrato...