Capítulo 7

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Karina narrando

Despertei sentindo minha cabeça latejar e meu corpo doer por inteiro, minha perna doía e pesava demais, eu nem conseguia abrir meus olhos mas escutava um falatório próximo de mim, coloquei a mão na cabeça sentindo a tala bem ali, abri os olhos devagar observando o quarto que eu me encontrava. O doutor que estava no leito de outro paciente, quando percebeu que eu tinha acordado, veio até mim.

Ele era alto, moreno e bem apessoado, parecia ter um pouco mais de 40 anos mas estava em boa forma. Forcei a vista em direção ao seu crachá e vi que seu nome era Renato.

Renato: Boa tarde... -pegou minha ficha no pé da cama- Karina! Bem, tô vendo aqui que vc se acidentou feio, né?! Vc lembra do que aconteceu?

- Uma criança ia ser atropelada. Só lembro de empurrá-lo e sentir a moto jogando meu corpo pra longe. -falei baixo e com uma certa dificuldade- Tá tudo bem com a criança?

Renato: Acho que vc não chegou acompanhada de nenhuma criança, mas vou verificar. -sorriu gentilmente- Inclusive, vc tá fora de qualquer risco de vida, apenas quebrou a perna e teve uma fratura em uma das costelas. Nossa única preocupação foi sua cabeça que bateu muito forte no chão mas seu exame neurológico deu tudo normal.

- E quando vou poder sair daqui?

Renato: Amanhã mesmo, só vai precisar de um acompanhante por causa da sua perna. -suspirei frustrada- O horário de visitas começa daqui a pouco, se não me engano tem duas mulheres aí pra te ver. -assenti- Qualquer coisa só apertar esse botão azul.

Ele saiu do quarto e eu comecei a reparar nas pessoas que estavam ali deitadas em seus leitos, todos tinham alguma parte do corpo engessada, acho que esse é o quarto dos fudidos fisicamente.

Xx: Pelo visto foi acidente de moto, né? -a menina que tava com o pé e o pulso engessado me fitou-

- Na verdade, fui atropelada por uma moto. -ri fraco- E vc?

Xx: Tava dançando em cima do teto do carro de um amigo e acabei caindo. -falou prendendo o riso- Coisa de maluco, eu sei.

Logo algumas pessoas começaram a entrar no quarto, provavelmente parentes e amigos dos pacientes, de longe já vi a Luiza e a tia Drica vindo na minha direção.

Drica: Meu Deus, Karina. -falou em tom preocupado me abraçando- Como que vc me dá um susto desses, garota??? Quer me matar do coração?

- Vcs sabem como tá o menininho?

Lu: O filho do Jacaré, vc quis dizer, né?

Senti minha garganta secar quando ela falou aquilo. Como o destino pode ser tão traiçoeiro de ficar cruzando a gente assim?

Drica: O doutor disse que se não fosse por vc com certeza aquele garoto tinha morrido, mas ele só se ralou. -falou me fazendo despertar do meu tranze- Vc salvou a vida daquela criança!

- Eu...eu não sabia que ele era filho dele. -falei pensativa- Na hora, mal vi o rosto da criança, só não queria que aquela moto passasse por cima dela. Como vcs ficaram sabendo do acidente?

Lu: Rico me ligou contando tudo, falou que o Jacaré mandou te deixarem aqui e que era pra eu vir correndo que vc tava desacordada... Eu quase morri de preocupação, amiga! -pegou na minha mão- Eu sei que eu vacilei pra caralho, tinha que ter te contado que o Jacaré é casado mas eu queria tanto que vcs ficassem e sabia que se tu soubesse não ia querer, tá ligado?

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