Capítulo 81

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Charles

Estávamos todos vestidos de preto ao redor do caixão aberto de Blair.

A luz vinda das janelas, iluminava Eleonor, que chorava dolorosamente e abraçava a filha sem vida naquele compartimento de madeira.

Nathaniel e Serena estavam pouco atrás, abraçados e com lágrimas escorrendo pelos rostos.

Também haviam outras pessoas no local que eu não reconhecia, talvez amigos de escola e parentes.

Pensei que ninguém seria capaz de compreender o que eu sentia, mas no momento em que dei a notícia para Eleonor, mãe de Blair, pude presenciar uma dor quase palpável, assim como a minha.

No fim das contas, estávamos todos sofrendo muito. Cada um ao seu modo.

Por amar tanto Blair, não tinha notado antes o quanto ela era amada por outras pessoas além de mim.

Eleonor havia perdido a filha, Serena sua melhor amiga, Nathaniel a irmã, e eu a razão da minha vida.

...

Eu havia perguntado a mim mesmo inúmeras vezes se compareceria ao velório, pois sentia que talvez não possuísse coragem suficiente para encarar minha humana daquele jeito.

A dor era esmagadora e eu não queria vê-la morta outra vez, mas contraditoriamente, precisava ver seu rosto de novo ou enlouqueceria.

Então, aqui estou eu, num canto, encostado na parede, distante dos humanos e observando-a, tentando imaginar como será minha vida sem seus olhos atrevidos e seu sorriso perfeito.

...

Passaram-se algumas horas, o céu estava prestes a escurecer e todos tinham ido embora. Eleonor havia informado que o momento do enterro seria apenas para os mais próximos, sendo assim, além dela, havia restado eu, Serena e Nathaniel.

Estávamos atrasando mais que o aceitável para deixar que o caixão fosse fechado, tentando tomar coragem para a despedida final e definitiva.

Apenas pensar em assistir terra cobrindo o corpo de Blair, fazia com que o ar fugisse de meus pulmões e meu coração ameaçasse parar de bater.

Eu nunca havia sentido uma tristeza tão intensa e estava desnorteado. Mas acho que, na verdade, eu nunca havia sentido qualquer coisa antes de Blair Waldorf. Ela era tudo que eu sentia. A humana me fez conhecer o ápice da felicidade, do amor, da loucura, do prazer, e agora, da dor.

Faltavam apenas alguns minutos para que os funcionários viessem fechar o caixão, após avisarem, pela provável décima vez, que não poderiam esperar mais.

Eu estava sentado num banco distante e isolado, minha cabeça girava e eu sentia que estava prestes a ter uma crise de ansiedade. Eu não poderia viver sem ela.

E esses pensamentos inundando minha mente, me fizeram perceber que não apenas não poderia, mas também não queria, e nem pretendia viver mais um século sem ela. Eu preferia a morte. Preferia correr o risco para encontra-la em outra vida.

Naquele instante, decidi que aquele também seria meu ultimo dia de vida, mas de repente, meus pensamentos fugiram ao sentir a energia de Blair passando muito levemente por mim como uma brisa rápida, fazendo meu coração disparar frenético.

Levantei como um louco e usei minha velocidade para alcança-la. Num piscar de olhos, eu estava de pé em frente ao caixão, observando o corpo deitado.

Ao me aproximar, tive certeza. Mesmo que tão levemente, ainda sim, eu era capaz de sentir sua energia.

Será que eu estava louco?

IncubusWhere stories live. Discover now