Capítulo 30

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Serena

Ouvi algum barulho aleatório que me fez acordar. Não abri os olhos, mas podia sentir a claridade contra minha pele.

Após me espreguiçar calmamente, tentando prolongar ao máximo meu tempo deitada, sentei na cama e encontrei Nathaniel encarando-me do outro lado do quarto.

Normalmente, eu teria levado um susto dos grandes, mas por incrível que pareça, não aconteceu.

Levantei devagar e passei as mãos pelo cabelo, na tentativa provavelmente frustrada, de arruma-lo.

O anjo permanecia estático, me encarando com a mesma expressão. Encarei de volta.

"Tão lindo." - pensei.

Como em todas as outras vezes, ele vestia uma calça branca folgada e camisa da mesma cor, descalço e com suas asas abertas. Parecia um misto de mendigo, super modelo e anjo.

Seus olhos azuis mal piscavam enquanto eu caminhava, um tanto sem jeito, por estar usando a camisola mais curta do mundo. Ele corou e desviou o olhar para a parede.

- Está aqui faz muito tempo? - perguntei, quebrando o silêncio e me cobrindo com um robe.

- Apenas alguns minutos. - voltou o olhar para mim.

- Porque não me acordou?

- Você estava dormindo tão bem que achei melhor esperar.

- Ah... - não pude conter a careta confusa. - Mas enfim, descobriu algo?

- Algo? - questinou disperso com o olhar em mim.

- Sobre a Blair. - incentivei.

- C-claro, me desculpe. - parecia desconcertado, de repente. - Infelizmente, tudo indica que a empregada de sua amiga foi mesmo hipnotizada. - minha boca se abriu num pequeno "o".

- E descobriu quem fez isso?

- Não exatamente. - tentava ser cauteloso.

- Como assim?

O anjo suspirou.

- Não foi um de nós, Serena. - informou por fim.

- O que quer dizer?

- Não foi um anjo.

- Então, quem foi? - minhas mãos tremiam. - Quem foi, Nathaniel?

- Sei que o que vou dizer agora vai soar assustador, mas você tem que respirar fundo e...

- DIGA DE UMA VEZ!

- Foi um demônio. - esclareceu. - Sinto muito.

Fiquei paralisada por segundos incontáveis, fazendo grande esforço para não surtar, mas não estava funcionando muito bem.

O anjo apenas me analisava, esperando alguma reação.

- Demônios também existem? - consegui responder. - E o que quis dizer com "sinto muito"? - encarei-o. - Minha amiga está morta? Por favor, me diga que ela não está morta!

- Se acalme, Serena. - chegou mais perto. - Ainda não sei dizer se ela está morta ou não.

- Então, há chances de estar viva? - perguntei, tremendo da cabeça aos pés. - E se ela estiver indemoniada? Ou pior... se foi sacrificada num ritual?

- Não é como se isso fosse um filme. - me interrompeu. - Não faço ideia do porquê um demônio se deu ao trabalho de sequestrar uma humana e hipnotizar as pessoas ao seu redor, mas se fez tudo para que não fosse descoberto, não acho que pretendia simplesmente mata-la.

IncubusWhere stories live. Discover now