Incubus

Capítulo 76

Blair

As últimas semanas tem sido boas e felizes. Descobri que tenho um irmão, fiz as pazes com minha mãe, meu namoro com Charles não poderia estar melhor e Serena completa tudo tornando os dias mais divertidos.

Charles, Nathaniel, Serena e eu temos passado muito tempo juntos.

O demônio ainda não admite gostar da presença do anjo e da loira, mas é notório o afeto que criou por ambos, apesar de não ter se acostumado ainda com os gritos de Serena. Ele não perde uma oportunidade de dizer que me ama e, mesmo não sendo da maneira mais romântica, me faz feliz.

Nathaniel é o irmão que sempre sonhei e temos mais coisas em comum do que eu poderia imaginar. Além de ser muito engraçado e carinhoso, recentemente, descobrimos que é um completo viciado por sorvete de baunilha e grande fã das músicas da Selena Gomez.

Serena está a cada dia mais apaixonada pelo anjo, sua carreira de modelo decolou completamente e a loira tem tido dificuldade para fugir dos paparazzis.

E, por fim, Eleonor não tem mais me sufocado tanto e nem interferido no meu namoro, mas ainda não consegue esconder o medo de me perder no olhar. Tivemos uma longa conversa, eu perdoei tudo e, mesmo não concordando com as decisões que tomou, eu não queria continuar sem falar com a minha mãe.

Dizem que antes da morte, pacientes em estado terminal são agraciados com uma melhora subida em seu estado geral, justo quando não existem mais formas para sua recuperação. Essa melhora é como um presente com tempo limitado que o universo dá para que possamos nos despedir das pessoas que amamos, relembrar os momentos mais felizes e viver um último. É o tempo de aceitar a morte e partir em paz.

Me pergunto se essas últimas semanas maravilhosas são como uma "melhora subida" para mim.

A verdade é que os laços que construímos durante a vida, são as coisas mais importantes, e eu criei laços inquebráveis com as pessoas que amo. Sou grata por esses laços e, por isso, estou disposta a protege-los. Mas quanto mais o tempo passa, mais sinto que esses laços estão cegando as pessoas ao meu redor.

Vejo o desespero no olhar de todos que sabem a verdade sobre meu destino, ainda que tentem esconder. Eles não desistem, continuam buscando maneiras de quebrar o selamento, mas todos sabemos que o tempo está esgotando.

Queria que aceitassem que, talvez, não haja como me salvar. Não quero que sofram, mas sei que já estão e me sinto culpada.

Devia ser maravilhoso saber que existem pessoas que me amam incondicionalmente e que fariam tudo por mim, mas nessas circunstâncias, é quase terrível. Não quero vê-los sacrificando tudo e eles não parecem entender isso.

Para ser honesta, fico feliz em saber que, se alguém for morrer, será eu. O guardião tinha razão, afinal. Sou egoísta. Egoísta o bastante para ser grata por estar condenada a morte, ao invés de estar condenada a ver alguém que amo morrer.

***

Charles

De frente para as portas da festa, o arrependimento de ter resolvido comparecer me assombrava ao lembrar que corria o risco de encontrar com Georgina em instantes.

Georgina é uma súcubus poderosa que, assim como eu, escolheu viver no mundo humano. Tivemos um caso complicado quando éramos jovens, na verdade, foi com ela que perdi minha virgindade. As coisas não terminaram muito bem entre nós, mas alguns meses antes de conhecer Blair, nos esbarramos numa boate e meio que fizemos as pazes. Não que eu faça alguma questão, sinceramente.

Alguns dias atrás, descobri que Georgina compareceria a uma festa de humanos, muito provavelmente, para se alimentar de energia.

Não era uma informação relevante para mim, mas se tornou quando me surpreendi ao saber que Rufus, sua nova paquera, iria acompanha-la.