Capítulo 75

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Blair

- Espere um pouco. - interrompi, assustada. - Seu plano é invadir o céu?

- Não gosto do termo invadir, tudo bem? - Nathaniel cruzou os braços. - Vou apenas infiltra-la e leva-la ao Jardim Divino sem a permissão dos meus superiores... mas é por uma causa maior.

Serena, que a essa altura sabia de tudo, mantinha-se em silêncio, apenas observando.

- E como pretende fazer um Incubus entrar no céu? - Charles questionou.

- Não pretendo.

- O que?

- Apenas seres com sangue de anjo são capazes de passar pela barreira até o céu em vida. - Nathaniel informou.

Se passaram alguns segundos antes de Charles entender o que havia sido proposto.

- Não! - afirmou o demônio. - Está fora de cogitação!

- Charles, não vejo outra forma de quebrar o selamento em tão pouco tempo e, infelizmente, não há maneiras de fazê-lo passar pela barreira. E ainda que houvesse, notariam que não é um dos nossos em segundos. - explicou. - Posso tentar pedir ajuda de algum anjo ao invés de Blair, mas nós dois sabemos que seria perigoso. Afinal, não há garantias de que não seríamos dedurados para os Anciões e, considerando as circunstâncias, as condições que você exigiu seriam rejeitadas nesse momento.

- Mesmo que corra sangue de anjo em suas veias, Blair ainda é uma mortal. - o Incubus alertou. - Se vocês forem pegos e...

- Eu quero ir. - interrompi, atraindo seus olhares.

- Não estou de acordo! - Charles respondeu, encarando-me.

- Tem uma ideia melhor? - quando o olhar do demônio vacilou, me virei para Nathaniel. - Quando partimos?

...

Charles continuou incerto quanto a ideia e citou todas as coisas que poderiam dar errado, mas após entender que eu não pretendia voltar atrás de minha decisão e que não havia outra forma de quebrar o selamento em um período de tempo tão curto, nos ajudou a traçar um plano para me infiltrar no céu.

O plano era o seguinte:

Nathaniel usará seu poder de teletransporte, estarei vestida com trajes como os que os anjos costumam usar e tentaremos ser vistos pelo menor número de pessoas possíveis.

De acordo com Nathaniel, apenas notarão que não sou um anjo se me analisarem meticulosamente, sendo assim, não chamar atenção será essencial.

Na entrada do jardim há um guardião. Esse guardião não se trata de outro anjo e sim do espírito de um "poderoso guerreiro lendário conhecedor de toda vida no universo". Ou seja, não haverá como esconder dele quem sou, mas Nathaniel tem fé que o espírito é justo e que, ao analisar a mim e as minhas intenções, permitirá a passagem.

De qualquer maneira, haviam duas alternativas:

Na primeira, o guardião negará e, provavelmente, os Anciões serão acionados e Nathaniel expulso do céu. E mesmo com essa hipótese, o anjo deu sua palavra a Charles que me traria de volta sem qualquer arranhão. Isso me deixou confusa.

Entendo os motivos para Charles arriscar tanto por mim. Ele me ama. Ama o suficiente para enfrentar uma guerra pela minha vida.

Mas não consigo entender as motivações de Nathaniel e o porquê de estar arriscando tanto por nós.

Porém, ainda existia a segunda alternativa e a possibilidade do guardião decidir nos deixar passar e, se isso acontecesse, então seria o início da real complicação.

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