Incubus

Capítulo 82

Blair

Tudo havia dado certo no fim de nossa história misteriosamente trágica e eu mal conseguia acreditar.

Quando enfiei a estaca em meu peito, eu sabia que estava abrindo mão da vida dos meus sonhos, mas também sabia que era algo que precisava ser feito.

Pensei que aquele momento seria meu fim e, se fosse, eu iria em paz, mas como se eu não tivesse vivido loucuras o suficiente, morri por quase um dia e, ao voltar e abrir os olhos, pude perceber o quão grata era por tudo que tinha e por tudo que teria a possibilidade de ter.

Porém, não foi tão fácil apagar os registros da minha curta morte. Nathaniel e Charles tiveram que hipnotizar todos que compareceram ao velório e meu noivo precisou gastar rios de dinheiro para sumir com qualquer notícia relacionada aquilo.

...

Quando o Incubus pediu que nos casassemos em vinte e quatro horas, foi um susto, não posso negar.

Eu devia ter previsto algo desse tipo, afinal, o demônio pode ser bem intenso com suas emoções.

Mas de qualquer forma, eu apenas conseguia pensar: "como faríamos isso?"

Casamentos normalmente levam meses para serem planejados e nós nem mesmo sabiamos por onde começar, mas como dizer não aqueles olhos escuros e emocionados me alvejando com tanto amor?

Felizmente, tínhamos Serena em nossa vida e, com a ajuda da minha mãe e alguns milhares de dólares, conseguimos organizar em tempo recorde uma bela cerimônia no jardim de um dos hotéis mais luxuosos de Charles. Ou seria Chuck Bass?

Bom, não fazia mais diferença, pois o demônio havia tomado a decisão de assumir sua identidade como Chuck Bass, deixando que fosse visto publicamente e que todos os tablóides soubessem que o bilionário da rede hoteleira estava prestes a se casar comigo.

...

Parei de frente à um espelho enorme na parede da suíte, encarando meu reflexo e observando como o vestido branco, levemente rodado e com um pequeno decote, cobria meu corpo de maneira incrível. Mesmo diante o tempo tão curto para ajusta-lo, havia ficado perfeito.

Meu cabelo estava preso num belo penteado composto por uma tiara delicada cravejada em diamantes e, para completar, o véu descia como uma cascata pelas minhas costas.

Minha mãe não parava de chorar e dizer o tanto que eu estava linda e o quanto ela estava feliz.

No fim das contas, sua implicância com Charles sempre foi somente por medo da minha morte e, agora que não corríamos mais esse risco, ela deixava claro o quanto me apoiava.

...

Serena era a única madrinha que eu havia escolhido para o meu casamento, assim como Nathaniel era o único padrinho que, por incrível que pareça, havia sido escolhido por Charles.

Por mais que o demônio evitasse admitir, seu carinho pelo meu irmão era notável.

A loira estava usando um longo vestido de pano fino e esvoaçante num tom de roxo bem clarinho, quase lilás, combinando com as cores que escolhemos para a cerimônia.

Ela estava afobada e animada como sempre, mas antes de se despedir correndo e explicando que precisava tomar seu lugar de madrinha no altar, repetiu pela milésima vez o quanto eu estava deslumbrante.

Eu tinha, realmente, muita sorte em tê-la como melhor amiga.

...

Ao sair do elevador com ajuda da minha mãe que segurava o véu, meu irmão aguardava no hall do hotel para me levar ao altar.