Incubus

Capítulo 71

Blair

Entrei pelas portas do Empire quando o céu estava quase escurecendo e olhei em volta.

A obra no hotel havia começado e, apesar de ainda faltarem muitas coisas para serem feitas, era notória a diferença. Me senti orgulhosa por isso.

Caminhei até a recepção e, Carolina, a secretária, me informou que Charles não estava em sua sala e sim na sacada.

- Aguarde apenas alguns minutos, por favor. - sorriu simpática. - Pedirei, imediatamente, para que alguém avise ao Sr. Bass que a senhorita está aqui. - prontificou-se.

- Não será necessário. - sorri em resposta. - Se não for um problema, gostaria de ir encontra-lo eu mesma.

Carolina parecia um pouco receosa em autorizar minha subida, mas por fim, concordou.

...

Entrei despreocupadamente no elevador e senti um frio na barriga quanto mais próxima ficava do andar correto. A costumeira ansiedade para estar perto dele que nunca esgotava.

Abri a porta da sacada e encontrei Charles parado de pé ao lado do parapeito, olhando para o céu com as mãos nos bolsos, enquanto o vento soprava fortemente seu corpo e remexia seus cabelos escuros.

O Incubus, automaticamente, virou a cabeça e focou o olhar intenso em mim por alguns segundos, mas logo voltou sua atenção para as estrelas outra vez.

Ele vestia um terno preto muito escuro, com uma camisa social também preta por baixo, mas sem gravata. Era um absurdo como aquela cor combinava perfeitamente com ele e contrastava de maneira sexy com sua pele pálida, mas antes que eu pudesse continuar admirando-o, ele se pronunciou.

- O que está fazendo aqui?

- Precisamos conversar. - respondi, caminhando em sua direção.

....

Charles não disse nada, nem mesmo me olhava quando o alcancei e parei ao seu lado, sentindo o vento soprar mais forte sobre mim.

- Não parece feliz em me ver. - comentei.

- Hm. - limitou-se a um resmungo.

Suspirei.

- Você já sabe, não é?

- Que ficou noiva de outro? - sorriu. - Sim, estou ciente.

- Não é bem assim...

-  Não? - questionou, irritadiço. - Então me diga como é, Blair.

- Aceitei apenas para não fazer uma cena na frente de todos, logo depois rompi o namoro e devolvi o anel.

- E?

- Essa é sua resposta?

- O que quer que eu diga dessa vez? - perguntou de forma cansada. - Quer que eu diga que estou feliz por ter escolhido a mim? Eu estou. - voltou o olhar para o céu. - Mas me sinto patético, pois vê-la noivar com outro, me fez perceber que mesmo que se casasse com ele, eu ainda iria quere-la. - suspirou frustrado. - Mesmo que me oferecesse migalhas, eu aceitaria e imploraria miseravelmente por mais. Sou uma negação.

- Não tem migalhas aqui, Charles! Não tem mais indecisão! - levei minhas mãos para o seu rosto, virando-o para mim. - Sempre foi você, eu estava apenas confusa. - fiz uma leve carícia em sua pele quente. - É o nosso destino.

Ele me encarou surpreso.

- O que disse?

- Que é o nosso destino. - reafirmei. - E nós precisamos mesmo conversar.