Incubus

Capítulo 43

Blair

Duas semanas se passaram desde que voltei para minha casa no Upper East Side e tudo parece estar voltando aos eixos novamente.

Na primeira semana, me readaptar a minha própria rotina foi mais difícil que eu poderia imaginar. Era estranho não ter Charles preparando o café ou passando pela casa como um raio. A falta que senti do demônio foi assustadora nos primeiros dias.

E para ser bem honesta, não sei se o que mais me assustou foi a saudade intensa, ou notar que se ele quisesse, eu teria mesmo passado o resto da vida isolada do mundo com ele.

É doentio, sei que sim, e eu nem imaginava que era possível ficar doente por alguém dessa forma.

Mas mesmo em meio a toda essa confusão, acho que estamos indo bem. Ele tem cumprido a promessa de me ver duas vezes por semana e meu corpo tem se adaptado, na medida do possível, apesar dele continuar me negando seu sangue.

Nessas duas semanas, fomos no cinema e também no parque de diversões nos meus dias de escolha. Nos divertimos muito, ou ao menos, Charles pareceu ter curtido o cinema e o filme de ação que escolhi para agrada-lo, apesar de dar risada das cenas de luta e destilar comentários ofensivos aos humanos hora ou outra.

Não posso dizer o mesmo sobre o parque, pois tenho quase certeza que ele fez um grande esforço para aturar. O demônio odiou, mas não reclamou nem por um instante e parecia satisfeito ao me ver feliz no fim da noite.

Nos outros dois dias da semana, o Incubus acabou comigo na cama. Literalmente me fez gozar mais vezes do que consigo contar nos dedos e não faço a mínima ideia de como permaneço inteira.

É insano e meio assustador, mas toda vez que transamos parece que fica melhor e mais gostoso, como se o prazer transbordasse todos os níveis teoricamente possíveis. Nossos corpos se encaixam perfeitamente e é uma loucura levando em consideração todo o seu tamanho.

Além disso, há uma ligação forte entre nós que cresce consideravelmente quando nossos corpos se unem. Uma ligação tão forte que tem me deixado preocupada. Sinto como se houvesse algo sobrenatural e perigoso rolando entre nós. Algo além do meu amor por ele. Soa um pouco esquisito, mas seria a única explicação para um sentimento tão arrebatador.

Não sei bem o que acontece, também não sei se tem haver com seus poderes demoníacos, mas quando estamos juntos é como se eu saísse de mim e fosse parar em outra dimensão. A sensação é bizarra e viciante na mesma proporção. E quando ele vai embora, o mundo parece perder todas as cores.

Estou com medo da profundidade que meus sentimentos tem tomado. As vezes sinto como se estivesse enlouquecendo.

A ausência do demônio me deixa meio perturbada, recordando constantemente de coisas que me machucam, principalmente, da morte do meu pai. Não consigo dormir e quase todas as noites tenho pesadelos horríveis. Pensei em comentar com ele sobre isso, mas tive medo que se culpasse e me deixasse. Não consigo mais imaginar a vida sem Charles e receio que realmente enlouqueça se ele partir.

Então, apenas arrumei alguns atestados falsos e comprei remédios para ansiedade e insônia e tem dado certo até o momento.

...

Na tentativa de evitar toda essa dependência do demônio, tenho feito um esforço para focar em outras áreas importantes da minha vida.

A primeira coisa que fiz foi recuperar meu estágio e, apenas foi possível, graças a uma pequena ajudinha de Serena e seus contatos.

Aliás, quem também tem tomado muito dos meus pensamentos é Serena. Estou preocupada com ela. A loira anda estranha desde que voltamos para casa, insiste que está bem, mas como sua melhor amiga, sei que é mentira. Algo está errado. Ela tem saído mais que o normal e bebido fora de controle.