Capítulo 33

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Blair

Entrei pela porta do escritório e o demônio esboçava uma careta nada agradável, mas ignorei sua má vontade em me ver.

Ele estava sentado com as pernas abertas, quase jogado. Um copo de bebida na mão direita e o braço esquerdo apoiado nas costas do sofá. Usava a mesma calça jeans preta de mais cedo e uma camisa branca de botões amassada, aberta até a metade, dando-me uma boa visão de uma pequena parte do seu peitoral pálido.

O ar de desleixo ficaria horrível em qualquer outro ser, mas nele soava sexy, típico de um badboy.

- Precisamos conversar. - afirmei ao mesmo tempo que tranquei a porta atrás de mim.

- Não quero conversa, volte para seu quarto. - foi rude.

- Não interessa. - retruquei. - Você vai me ouvir querendo ou não! - Charles franziu o cenho. - Pensei bastante nessas últimas horas e decidi que não deixarei que fuja da minha vida dessa maneira. Não vou desistir de você.

Pensei que ouviria algo ignorante em resposta, mas não. Ele apenas riu. Uma risada baixa, debochada e irritante.

- Não me diga? - ironizou. - Até ontem implorava para que eu a deixasse em paz. O que mudou?

- Alguém muito especial me disse uma vez que a escuridão pode ser perfeita, depende apenas dos olhos de quem a vê. E acho que agora entendo. - ele me encarava sem esboçar qualquer expressão. - Posso ver você, Charles. Por mais que tente se esconder atrás de suas atitudes horríveis e suas palavras cruéis, ainda posso vê-lo.

- Você é tão ingênua. - revirou os olhos e virou o rosto. - Vá dormir, Blair.

Dei alguns passos, parando em sua frente, mas mantendo uma distância segura.

- Está me irritando. - alertou impaciente. Não me deixei intimidar e permaneci onde estava. - O que quer de mim, afinal? - perguntou ao notar que eu não pretendia sair.

- Tudo que estiver disposto a me dar.

Um quase imperceptível sorriso surgiu em seu rosto para sumir em seguida.

- Quantas vezes preciso repetir que nunca serei o que precisa e que jamais poderei tê-la sem correr riscos reais de mata-la?

- Estou disposta a correr os riscos.

- Mas eu não. - foi convicto e senti como se tivesse enfiado uma faca em meu peito. - Blair, foi uma loucura trazê-la para essa casa. Realmente sinto muito por tê-la feito perder todo esse tempo, mas estou te libertando agora.

- E se eu não quiser isso?

- Não diga bobagens! Você não sabe o que está falando. - parecia bravo. - Vou acabar te matando. É uma questão de tempo e eu não quero isso na minha consciência. - suspirou. - Demônios e humanos jamais poderão ficar juntos, é assim que as coisas são. Quanto mais cedo aceitarmos isso, mais cedo poderemos seguir em frente.

- Esteve durante todo esse tempo dentro dessa casa comigo e em nenhum momento me feriu.

- Foram apenas alguns dias. Não será sempre assim, humana. - passou as mãos pelo cabelo. - Sou um monstro, você não vê?

- Não, não é assim que o vejo. - respondi sem pensar duas vezes. - Poderia ter me forçado ou me hipnotizado, mas não fez. Você consegue se controlar.

- Para. - me interrompeu. - Não torne tudo ainda mais difícil, por favor.

- Sei que é capaz de sentir. Sei que sente algo por mim. - insisti. - E eu sou louca por você, Charles. Sou louca por você demais! - não pude conter a emoção. - Ainda não sei como, mas estou certa que podemos dar um jeito. Nós podemos fazer isso dar certo!

IncubusWhere stories live. Discover now