Capítulo 74

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Charles

A cada dia que passa, me sinto mais próximo de Blair como nunca imaginei que seria possível e, contraditoriamente, sei que a cada dia estou mais próximo de perde-la.

Isso me atormenta.

Sinto medo constante, ao mesmo tempo que adquiri poder suficiente para me equiparar com um Deus. É assustador.

Nunca vi algo parecido com o que sinto dentro de mim e, toda essa força crescente, parece um aviso de que o dia de concretizar meu destino se aproxima.

Após a noite na cachoeira, que deduzi ter sido o momento em que meu poder foi libertado, tudo mudou. Não aprendi a controlar tamanho poder ainda. É difícil, mas estou me virando bem.

Além de, obviamente, estar mais forte, deixei de necessitar da energia humana para me manter poderoso e, quando faço amor com Blair, não a deixo mais fraca e vulnerável. É quase como se nosso sexo fosse comum.

Continuo podendo me transformar na forma demoníaca, inclusive, a alguns dias fiz isso depois de um pedido inusitado de Blair, porém, não perco mais o controle. Aprendi a me transformar apenas nos momentos em que eu desejar e isso é incrível. Me sinto no comando de mim mesmo como jamais senti antes.

Apesar desses prós, não consigo relaxar. Nunca. Nem por um instante.

Fui criado para propagar o pior, ser cruel e impiedoso e, agora, simplesmente, preciso agir como se fosse um bom rapaz e salvar o dia.

Odeio isso.

E odeio essa sensação.

...

Após pensar bastante, decidi que seria totalmente sincero com Blair e não esconderia mais nada para tentar protegê-la. Não importa o quão assustadora ou perigosa fosse a verdade, hoje sei o quão forte ela é e, seja como for, temos mais chances trabalhando juntos.

Afinal, tivemos provas o suficiente de que separados somos alvos fáceis. Então, enfrentaremos o que for. Juntos. E venceremos.

...

Contei toda verdade para Blair sobre o ritual que Lúcifer fez e como ela estava ligada a ele. Expliquei que a única forma, conhecida por mim, de acabar com aquilo, estava fora de cogitação e que, sinceramente, estavamos presos num beco sem saída.

Ela se assustou, obviamente, mas sua reação foi bem mais tranquila que imaginei. Outra pessoa em seu lugar teria surtado, mas não minha humana. Ela respirou fundo e pediu que eu explicasse melhor.

Contei que apenas o corpo dos dois estavam ligados. Os sentidos, a mente, as sensações e demais coisas, não estavam inclusas.

Não que fosse pouco, pois com a ligação de seus corpos, suas vidas também estavam ligadas e nas mãos de Lúcifer.

- Entendo que se ele se ferir, serei ferida, mas e se eu me ferir? Ele não seria ferido também? - questionou, confusa.

- Sim, seria.

- Por que Lúcifer faria isso? Não faz sentido! - afirmou, aflita. - Sou uma mortal. E se eu sofrer um acidente e morrer? Ele também morreria, não?

- Não é bem assim. - suspirei. - Você é mortal, mas ele não. Um ferimento que seria fatal para seu corpo, nele faz cócegas. - expliquei. - Então, se você sofrer um ferimento que, em qualquer outro ser humano causaria morte, você não morrerá, pois está ligada a ele e o poder dele te proporcionará um regeneramento sobrenatural. - encarei seus olhos castanhos. - Mas se ele morrer, você morre, pois não possui poder suficiente para mantê-lo vivo, entende?

IncubusDove le storie prendono vita. Scoprilo ora