Capítulo 52

5.6K 447 125
                                    

Blair

Fazem quase dois meses que estou saindo com Louis e tem sido incrível.

Depois que nos conhecemos no evento que Serena me obrigou a ir, ele me mandou mensagem na mesma noite e desde então não paramos de nos falar, seja pessoalmente, por mensagens ou ligações.

No nosso primeiro encontro, ele me buscou em casa com seu motorista num carro prateado, enorme e luxuoso, beijou minha mão e abriu a porta para que eu entrasse no veículo. Louis estava belíssimo e não pude deixar de pensar que faríamos um belo casal. Ele me levou ao melhor restaurante italiano de Nova York para jantar e, por fim, me acompanhou de volta para casa, deixando apenas um beijo em minha bochecha.

Não tentou nada naquela noite, nem mesmo um selinho. Foi algo estranho para mim que estava acostumada com alguém como Charles, mas seu cavaleirismo me impressionou o bastante para me fazer querer encontrá-lo outra vez.

Louis também não tentou nada nos dois encontros seguintes e devo dizer que me incomodou um pouco. Começou a passar pela minha cabeça que ele não estava tão afim ou que me via como algum tipo de amiga.

Nossas conversas fluíam com leveza, ele me fazia rir, era paciente nos meus dias ruins e parecia interessado, mas não tomava uma atitude e eu desejava beija-lo para descobrir como me sentiria beijando uma nova boca.

Me cansei de esperar por uma iniciativa e, no nosso quarto encontro, antes que ele pudesse se despedir com um beijo na bochecha outra vez, beijei seus lábios.

Por instantes, pensei que Louis se afastaria ou se sentiria ofendido pela ousadia, mas não foi o que houve. Após se recuperar da surpresa, levou a mão para o meu rosto e retribuiu, abrindo mais a boca e me presenteando com um beijo delicioso.

Seu beijo foi calmo e leve. Um beijo diferente dos que eu estava acostumada e que não poderia combinar mais com ele. Eu gostei. Aliás, devo admitir que foi bem melhor que o esperado.

Nossos lábios se encaixaram sem nenhum problema e eu quis beija-lo de novo, e de novo, e de novo.

Desde então, estamos juntos. Não estamos namorando e nem nada, apesar dele ter me feito o pedido, não achei que fosse o momento. Ainda sim, estamos juntos.

Minha mãe insiste que devíamos nos comprometer de uma vez, inclusive, sua insistência e determinação para eu e Louis ficarmos juntos tem me assustado, mas o importante é que ele entende e eu também. Estamos juntos do nosso jeito.

Preciso de mais tempo para tentar curar meu coração, pois tem vezes que acredito, do fundo da alma, que essa sensação esmagadora nunca vai passar.

Não quero que Louis seja um tapa buraco ou prêmio de consolação. Ele é um bom homem e merece mais, por isso, enquanto eu não me sentir pronta para oferecer certezas, me recuso a fazer promessas, não importa o quanto esteja sendo pressionada.

...

Não penso mais em Charles como antes, mas alguns dias ainda são difícies sem ele. Tem noites que não consigo dormir e, às vezes, sem querer, me pego encarando a janela, esperando por algo que sei que não acontecerá.

Não consigo explicar essa sensação e nem o porquê dela nunca ir embora. Tenho tentado esquecer mais que tudo, porém, sigo vivendo uma luta entre o "eu preciso esquecê-lo" e o "eu o amo tanto que nem consigo suportar".

Fico bem em 90% do meu tempo, o que comparado com algumas semanas atrás é muito, mas aqueles 10% ainda são terríveis.

Geralmente, piora quando deito para dormir e ele me vem na mente sem qualquer piedade. Seu rosto pálido, os olhos de escuridão e o corpo perfeito. Nossos momentos juntos também não escapam dos meus pensamentos. As palavras ditas, os toques, os olhares.

"Como é possível que tudo aquilo tenha sido uma mentira?"

Era quase impossível acreditar, ainda mais para mim que, acima de qualquer um, sei exatamente o que vivemos, mas ele nunca mais voltou. Nem mesmo um mísero sinal de sua existência surgiu após aquela noite. Então, se foi embora tão facilmente, tudo que disse antes de partir devia ser verdade, não?

Essa confusão em meu coração vem me remoendo por dentro, dia após dia, noite após noite, não importa o quanto me esforce para manter-me ocupada e não pensar.

Nesses momentos, quero Serena comigo, pois quase sempre sinto que ela é a única capaz de me entender, mas quase não tenho visto-a e, na maior parte do tempo, nos falamos por mensagens.

A loira tem aceitado muitos trabalhos, em especial ensaios fotográficos, e não tem tido muito tempo livre. Os convites para desfiles, comerciais e vídeo clipes, sempre existiram. Minha melhor amiga, desde pequena, chama muita atenção por sua beleza chamativa e o carisma envolvente, mas Serena nunca demostrou qualquer interesse em seguir por esses meios. Porém, ao brigar com sua mãe outra vez, botou na cabeça que não iria mais usufruir do dinheiro dela e que conquistaria o seu próprio.

Mas apesar de S estar tão ocupada, tenho notado que anda mais alegre que o normal e fico feliz em vê-la desse jeito, apesar de um pouco curiosa também. Imagino que esteja conhecendo alguém, é bem a cara dela, mas acho meio estranho que não tenha comentado nada comigo.

Ainda sim, estou decidida a não pressiona-la sobre isso. Se não me contou ainda, deve haver um motivo e sei que, quando estiver pronta, revelará com detalhes.

...

Acordei com o toque alto do celular. Olhei o relógio na cabeceira e marcava duas horas da madrugada.

"Quem pode ser?"

Peguei o aparelho e, ao encarar a tela, vi o nome da Serena estampado.

- O que houve? - perguntei preocupada. - Está tudo bem?

- Calma, B! - ouvi sua risada do outro lado da linha.

- Se não aconteceu nada, porque está ligando à essa hora, Serena? - bufei indignada. - Eu estava dormindo!

- Desculpa! - respondeu, fazendo voz de bebê. Houve um silêncio seguido de alguns sons aleatórios antes dela prosseguir. - Acabei de chegar em casa, o dia foi muito corrido e essa foi a única hora livre que consegui para te ligar.

- Tudo bem. - revirei os olhos, me ajeitando na cama. - O que foi?

- Sabe que meu aniversário é daqui a algumas semanas, não é?

- Claro que sim.

- Então... tive uma ideia e vou precisar da sua ajuda.

- Lá vem! - resmunguei. - Que ideia?

- Um baile de máscaras! - gritou, fazendo-me afastar o celular alguns centímetros da orelha. - Não apenas um baile de máscaras. O BAILE DE MÁSCARAS. - eu era capaz de imagina-la pulando como louca em sua casa. - O maior, mais cobiçado, mais falado e mais bem frequentado baile de máscaras de todos os tempos!

- Não seria melhor um jantar ou uma coisa mais simples? - questionei na tentativa de fazê-la ao menos cogitar algo menos trabalhoso.

- Nem morta! - parecia indignada e eu ri.

- Tudo bem. - me dei por vencida. - Se é o que quer, pode contar comigo.

- Ótimo! - comemorou animada. - E tem mais uma vantagem: com isso, teremos algum tempo para passarmos juntas. Tenho sentido sua falta.

- Nem vem querer me enrolar tentando ser fofa, espertinha. Isso vai dar um trabalhão! - a loira deixou escapar mais algumas risadas. - E também estou sentindo sua falta. - sorri sonolenta. - Mas agora voltarei a dormir, daqui a pouco preciso acordar. Mais tarde nos falamos melhor e começamos a nos organizar.

- Você está parecendo uma velha! - resmungou. - Mas tudo bem, mais tarde nos falamos. Eu amo você.

- Eu também amo você.

Deixei o celular na cabeceira e me deitei pensando no trabalhão que teria com mais essa ideia louca de Serena.

IncubusOnde histórias criam vida. Descubra agora