Capítulo 36

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Nathaniel

Numa noite bonita e estrelada, fui convocado para uma missão no mundo humano onde eu teria que resolver os problemas que um anjo caído estava causando em Nova York.

Aceitei prontamente.

Trabalhei duro durante todos os meus anos de vida para conseguir uma oportunidade e, enfim, os Anciões confiaram a mim uma missão solo. Era minha chance de provar meu valor. Ou achei que fosse.

No exato momento em que fui teletransportado para um local aleatório da cidade, uma humana estava caindo de um prédio gigantesco.

Aconteceu tudo muito rápido depois disso. Quando me dei conta, estava com ela em meus braços, sobrevoando uma das ruas do Upper East Side.

Uma das regras mais importantes do céu e que fazem questão de nos recordar constantemente é a proibição da interferência no curso da vida humana, mas apesar de ter passado pela minha cabeça cada um dos problemas que estava me metendo no curto percurso até ela, eu não poderia deixar que uma pessoa morresse na minha frente.

Observei-a rapidamente. Tão bonita.

Seus olhos azuis eram expressivos a ponto de quase assustar e os cabelos loiros ornavam perfeitamente com seus traços impecáveis.

Desviei o olhar e voltei minha atenção em bater as asas mais forte para que pudéssemos subir. A humana dizia coisas desconexas e emboladas quando coloquei-a sentada num acento perto de uma parede. Me inclinei um pouco para encara-la melhor e seu olhar transmitia um misto de fascínio e curiosidade que deixou-me encantado.

Eu poderia afirmar que aqueles olhos eram mágicos, pois me prendiam de uma forma irreal.

Dispersei do transe ao ouvir uma voz feminina vinda de algum lugar e, ao me virar, encontrei a imagem de outra humana com cabelos escuros e esboçando uma expressão perplexa.

Droga.

Agora eram duas humanas para me preocupar.

"Não faz cinco minutos desde que cheguei e consegui quebrar uma dezena de regras. No que estava pensando, afinal?" - me questionei em pensamentos.

Levantei calmamente, tentando permanecer tranquilo, e fui em direção a morena que fazia perguntas e avaliava minhas asas com um olhar curioso.

Ao chegar perto, senti algo estranho que me confundiu momentaneamente e me fez parar estático.

Foi uma sensação esquisita de ligação, como se eu a conhecesse de alguma forma.

Observei-a atentamente, mas não encontrei nada de anormal, parecia uma humana comum. Fiquei intrigado e estava prestes a chegar mais perto quando, de repente, a humana loira apareceu e grudou-se em mim sem pudores. Meu coração disparou e meu corpo endureceu como uma estátua.

Ela me tocava de maneira ousada e eu não sabia como reagir, nunca havia passado por esse tipo de situação e era capaz de pensar apenas nas regras e em como elas estavam sendo massacradas.

"Desde que você não retribua, vai ficar tudo bem. Você não está fazendo nada de errado, Nathaniel. Respire!" - eu tentava me convencer em pensamentos, me esforçando para não desmaiar com a proximidade incomoda.

Descobri que a morena se chamava Blair durante alguns resmungos da loira.

Blair pediu que eu levasse sua amiga alcoolizada para um quarto alguns andares abaixo e eu concordei.

Quando peguei a humana em meus braços, ela deu um gritinho, seguido de uma curta risada e blasfemou um amém. Disfarcei o sorriso involuntário.

A bêbada não parava de repetir o quanto eu era lindo durante todo o caminho até seu quarto e preciso admitir que teve certa graça. Eu não conseguia compreender tamanho fascínio, mas segui em silêncio, olhando para frente e evitando manter qualquer contato visual desnecessário.

IncubusWhere stories live. Discover now