Capítulo 28

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Serena

Fazem dois dias desde que vi Blair sendo levada de seu quarto nos braços de um homem desconhecido.

Toda vez que me lembro, vem na cabeça que eu estava cansada, confusa, com uma ressaca de matar e me questiono se não imaginei coisas.

Afinal, estava plantada do lado de fora da casa da minha melhor amiga, espionando com um binóculo, esperando flagrar algo que me levasse a ter certeza que um anjo desceu do céu e me salvou na noite anterior quando eu estava alcoolizada demais para me lembrar.

Que credibilidade tenho e quem acreditaria?

Passei as últimas quarenta e oito horas ligando para ela. Deixei mais de cem torpedos de voz, WhatsApp, DM, apelei até mesmo para SMS e nada de uma resposta.

Decidi perguntar as pessoas mais próximas sobre seu paradeiro antes de tomar medidas drásticas. Caso ela estivesse na casa do bonitão ou aprontando alguma, não queria ser eu a dedura-la.

Depois de horas tentando falar com Eleonor, mãe da Blair, para saber se ela sabia de algo e caindo na caixa postal, consegui que me atendesse.

Ela estava em mais uma viagem a trabalho e, quando comentei que não conseguia falar com Blair, respondeu tranquilamente que a filha tinha avisado por mensagens que passaria alguns dias distante, ajudando em fotos para a revista que trabalha numa mansão de campo no interior e que, provavelmente, não teria sinal em seu celular.

- Mas Eleonor...

- Desculpe, Serena, preciso mesmo desligar. - me interrompeu. - Tente mais tarde, tenho certeza que conseguirá falar com ela. - e desligou.

Eu sabia que era mentira e me questionava como Eleonor, que é a própria mãe, acreditou numa baboseira dessa.

Blair sempre odiou natureza, nunca iria por livre e espontânea vontade para uma casa de campo no meio da roça, mesmo que a trabalho.

E se tivesse escolhido ir, por qualquer razão que fosse, teria me avisado, me ligado reclamando ou pedindo ajuda para se livrar dessa furada.

Podemos ter passado muito tempo distantes, mas ainda a conheço como ninguém.

...

Resolvi passar na casa de Blair e falar com Dorota, a empregada que é como uma segunda mãe para ela. Se alguém nesse mundo poderia saber onde minha amiga havia se metido, sem dúvidas, esse alguém era Dorota.

Quando entrei, ela me atendeu normalmente, parecendo bem tranquila e contente, mas toda vez que eu citava o nome da Blair, perguntando se ela sabia onde minha amiga estava ou se havia visto algo estranho acontecendo nos últimos dias, as coisas mudavam de figura e ela praticamente entrava no automático e reafirmava a história da Eleonor, dizendo que foi para o interior a trabalho. Quanto mais eu insistia, mais estranha ela ficava, parecia um robô programado para repetir as mesmas frases.

Não me dei por satisfeita e fui ao escritório onde Blair estagiava para tirar a história a limpo de uma vez.

Como esperava, ao chegar lá, fui informada que minha amiga não aparecia no trabalho a dias e nem havia ligado para justificar sua ausência.

Tentei me comunicar com Eleonor para informa-la sobre essa descoberta, mas a porcaria do celular estava desligado.

- Preciso descobrir onde Blair se enfiou nas próximas horas ou serei obrigada a ligar para polícia.

...

O céu estava escuro quando cheguei em casa e ainda não conseguia decidir que medida devia tomar.

IncubusWhere stories live. Discover now