Capítulo 67

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Blair

As onze em ponto, fomos avisados pelo porteiro que Louis e sua mãe haviam chego. Mesmo com muito sono, eu os aguardava devidamente arrumada na sala de estar, ao lado de minha mãe que sorria alegremente e parecia mais ansiosa e animada que eu.

Quando eles se juntaram a nós na sala de estar, Louis apresentou Sophie Grimaldi, sua mãe. Ela era realmente muito bonita, as feições lembravam muito as de Louis, mas a simpatia não era a mesma. A mulher analisou-me de cima a baixo e, se eu a conhecesse melhor, poderia jurar que não estava satisfeita.

Em seguida, Louis me deu abraço e roubou um selinho demorado, pegando-me de surpresa. Depois beijou minha mão e comentou o quanto sentiu minha falta.

A presença dele não me incomodava, era agradável, mas como em todas as outras vezes, meu coração não disparava e eu não sentia o frio na barriga da forma que pessoas apaixonadas deviam sentir. E isso, naquele momento, me afligia.

O almoço ocorreu tranquilamente, apesar do meu leve desconforto com a situação e de minha mãe insistir o tempo inteiro que eu e Louis devíamos oficializar nosso relacionamento.

A senhora Grimaldi não falou muito durante a refeição, assim como eu, quem mais falava era Eleonor e o príncipe que pareciam felizes o bastante por todos na mesa.

Louis contou que passaria mais algumas semanas em Nova York antes de voltar para seu país e que, nos próximos dias, estava planejando um jantar especial para me apresentar ao restante de sua família que estava para chegar e algumas pessoas diplomaticamente importantes.

"É isso o que eu quero?" - Era a pergunta que não parava de se repetir dentro de mim. E, no fundo, eu sabia a resposta.

...

Depois de algumas horas, Louis e sua mãe se foram, pois tinham compromissos. Agradeci mentalmente por não ter tido tempo de ficar sozinha com ele. Eu precisava de espaço para pensar antes de termos uma conversa longa e complicada.

Ao encarar minha mãe, vi que sorria radiante e esperançosa, como se tivesse ganhado o melhor presente de todos.

- Ele é incrível! - comentou, pegando uma prancheta com papéis e sentando no sofá. - Tenho certeza que é o homem certo para você!

Permaneci de pé, com os braços cruzados, e foi impossível não soltar um suspiro esgotado. Por que ela me pressiona tanto com isso?

- Vou subir para descansar um pouco.

- Tudo bem. - respondeu sem me encarar, analisando os papéis. - Não esquece de mandar uma mensagem para Louis quando acordar e me manter informada sobre o jantar do qual ele falou.

- Certo. - revirei os olhos e subi a escada.

Não pensei muito quando entrei no quarto, o sono me consumia. Apenas vesti uma roupa mais confortável e deitei para dormir.

...

Acordei no fim da tarde com alguém acariciando meu cabelo e, ao abrir os olhos, Charles encarava-me, deitado ao meu lado. Instantâneamente sorri.

E lá estava o frio na barriga e o coração acelerado outra vez.

Ficamos algum tempo assim, sem dizer nada, apenas aproveitando o momento, mas minutos depois, Charles se pronunciou e um misto de angustia e confusão tomou-me.

- Precisamos conversar. - sua voz soou tranquila e carinhosa, enquanto me analisava com os olhos negros.

- Eu sei. - suspirei, sabendo que não poderia fugir daquela conversa, apesar de não querer de fato tê-la naquele momento. - Acho que preciso de mais tempo para pensar, Charles. - completei, antecipando-me.

- Como assim? - respondeu confuso.

- Preciso de mais tempo para pensar se essa é a escolha certa para mim. - minha voz saiu baixa e tensa, evidenciando minha própria confusão interna. - Para nós dois.

- Pensar sobre o que, Blair? - questionou, visivelmente magoado. - Achei que depois de ontem, estávamos bem. Você disse que ainda me ama.

- As coisas não são tão simples assim. Não posso largar Louis como se não fosse nada. - me sentei na cama. - Eu te amo, Charles. Verdadeiramente. Mas preciso de mais tempo.

- Porque? - perguntou. - Você não o ama, nem mesmo é apaixonada por ele. E nunca foi. - passou as mãos pelo cabelo e levantou-se. - Porque não pode ser simples?

Suspirei e fechei os olhos por um segundo antes de respondê-lo. Tudo o que o Incubus havia dito era verdade, mas após as palavras de minha mãe, eu apenas não podia decidir ainda.

- Por favor, tente entender. Não estou dizendo que não quero você, estou apenas pedindo mais tempo para resolver as coisas. - o demônio suspirou e houve alguns segundos de silêncio.

- Tudo bem, se é o que quer... - me analisou rapidamente, veio até mim e deu um beijo lento em minha testa. - Preciso ir, nos falamos em outra hora.

- Não vá. - encarei seus olhos negros, sentindo um medo bizarro que ele não voltasse mais para mim.

- Eu sempre voltarei para você, humana.

E se foi.

***

Eleonor

Louis é um homem incrível, de boa família, bom caráter e com boas intenções com Blair. Não posso evitar ficar tremendamente esperançosa ao imagina-lo se casando e sendo feliz ao lado da minha filha.

Seria ele a forma de evitar que o destino de Blair se concretizasse?

Se o príncipe puder salvar minha filha do destino, então não me importo de forçar a barra e pressiona-la sobre isso. Talvez ela não entenda agora, pois continua apaixonada por Charles, mas no futuro, entenderá.

Queria poder revelar a verdade, mas sinto medo do que pode acontecer quando Blair souber. Medo que me rejeite por ter escondido sua história por todos esses anos ou pelas decisões que tomei para tentar protege-la.

Queria apenas um sinal, algo que me guiasse e dissesse se estou fazendo a coisa certa.

Desejo apenas ser capaz de protege-la. Custe o que custar.

***

Charles

Passaram-se alguns dias desde o passeio da cachoeira com Blair. Depois daquela noite incrível, pensei que tudo voltaria a ser como antes, mas ela me pediu tempo para pensar.

Não consigo entender muito bem o que se passa naquela cabeça teimosa. Mesmo podendo ouvir pensamentos, Blair continua sendo um mistério para mim. Talvez seja por isso que eu a ame tanto.

Mas não pude evitar ficar decepcionado com sua decisão e, toda essa mistura de sentimentos, é uma coisa nova e torturante para mim. É estranho amar e acho que ainda não sei fazer isso direito.

Nos primeiros dias após ela me pedir tempo, fiquei irritado, queria um pouco de distância para pensar também, mas agora, estou disposto a reconquista-la mais que nunca.

Blair é a razão da minha vida e não vou desistir da gente dessa vez. Nada e nem ninguém ficará entre nós novamente.

...

Esperei o dia exato em que a mãe da humana iria dormir fora de casa e dei um jeito para que os empregados não estivessem lá naquela noite também.

Às nove em ponto, pulei a janela do seu quarto, pegando-a de surpresa.

- Charles? - virou-se para mim, sorrindo.

IncubusWhere stories live. Discover now