Capítulo 62

5.9K 382 127
                                    

Charles

Depois que saí do Empire, fui direto para o Inferno.

Havia sido um dia razoavelmente bom. Eu estava fazendo progressos com Blair. Não é como se ela fosse voltar para mim tão cedo, mas estava disposta a me ouvir e pude ter certeza que seus sentimentos ainda estavam vivos, assim como os meus.

Infelizmente, na hora do almoço, quando me afastei de Blair, Lúcifer havia mandado um de seus subordinados ao Empire, intimando-me a comparecer no meu mundo para uma conversa, supostamente, amigável.

...

Ao entrar pelas portas de seus aposentos, ele me aguardava sentado em seu trono ridiculamente grande.

- O que quer? - questionei, seriamente.

Não queria estar alí e, se Lúcifer não estivesse ligado a Blair por aquele maldito selamento, a última coisa que eu faria seria ter uma conversa amigável com ele.

- Apenas conversar. - respondeu com um sorriso psicótico.

- Seja breve, tenho mais o que fazer.

- Tipo o que? - foi irônico. - Se humilhar pela atenção de uma humana ou bancar o mortal empresário?

- Foi para isso que me chamou aqui? - ignorei-o, pois não precisava explicar nada para alguém como ele. - Se for assim, estou indo.

Antes que eu pudesse me virar para sair, o semi-celestial pronunciou-se.

- Não, se acalme. - gargalhou como o louco que era. - Apesar de desprezar suas atitudes em relação aquela humana, não te chamei para isso. Chamei-o para propor algo e mostrar-lhe algumas coisas também.

Então, Lúcifer começou a falar sobre os mortais e tentar me convencer dos motivos pelos quais era justo acabar com a raça humana. Eu não queria ouvir, não no início, mas tinha que estar alí. Afinal, não sabia o que ele faria consigo mesmo se eu não estivesse disposto ao ouvi-lo e não poderia deixar que minhas atitudes refletissem em Blair.

Em meio às suas palavras, tentei contestar que nem todos os humanos eram daquele jeito e que, talvez um dia, pudessem se tornar uma raça grandiosa. Era no que eu acreditava, mas ele não quis ouvir.

- Essa raça maldita não tem solução, Charles! - afirmou outra vez. - E eu posso provar.

Em questão de segundos, Lúcifer me alcançou e usou seus poderes para entrar em minha mente e mostrar-me tudo que havia visto humanos fazerem em sua longa jornada de vida. As cenas eram horríveis.

A primeira foi um homem segurando uma arma de fogo e disparando contra uma mulher e outro homem por ciúmes, espalhando sangue para todos os lados.

Na segunda, era um humano velho e gordo de cabelos grisalhos, estuprando um menino que devia ter no máximo cinco anos. Essa me deu tanto nojo que por pouco não expulsei Lúcifer de minha mente.

A terceira foi de um bando de crianças entre dez e doze anos espancando até a morte um garoto, provavelmente da mesma idade, na escola.

Na quarta era uma adolescente grávida, mantida em cárcere privado, doente e deitada num chão frio.

A quinta foi uma mulher sendo estuprada num beco escuro por dois homens enquanto implorava que parassem.

E foi piorando cada vez mais. Sequestros, mortes, estupros, roubos, espancamentos... e dor, uma dor sem fim.

Lúcifer saiu da minha cabeça e encarou-me em silêncio e eu encarava de volta enojado. Não é como se eu não soubesse que coisas como essas aconteciam a todo instante no mundo, mas nunca havia presenciado imagens tão absurdas e repugnantes.

IncubusWhere stories live. Discover now