Capítulo 39

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Blair

A neve caía quase imperceptível do lado de fora do deck coberto e fechado por paredes de vidro que eu nem sabia que existiam no local.

Charles caminhou até mim com passos firmes e parou em minha frente.

Ele pegou meu braço esquerdo com delicadeza e, sem dizer nada, nos dirigiu a mesa redonda. Puxou uma cadeira para que eu sentasse e voltou para dentro da casa.

Após alguns minutos, pensei em levantar, mas logo o demônio voltou trazendo o jantar. Eu apenas observava tudo desacreditada.

O Incubus pôs os pratos com cuidado na mesa e reconheci no mesmo instante uma de minhas comidas favoritas: Confit de Canard acompanhado por batatas douradas. O prato estava tão bonito que parecia ter sido preparado por um chefe de cozinha.

Charles ainda voltou para dentro mais uma vez e buscou um vinho tinto, antes de puxar a própria cadeira e sentar.

Eu estava perplexa e, ao mesmo tempo, admirada esperando alguma explicação. Não que eu estivesse reclamando, longe disso, mas havia sido pega de surpresa. Jamais teria passado pela minha cabeça algo assim.

Será que havia sido ideia de Serena? Aliás, onde ela está?

- Nunca esteve mais linda que nesse momento. - elogiou com a voz suave, encarando-me intensamente.

- Obrigado. - agradeci alegre. - Você também está incrível!

Charles apenas sorriu e se inclinou para alcançar a garrafa de Chateau Margaux.

- Vinho? - ofereceu casualmente.

- Sim, por favor.

Precisava mesmo de uma taça de vinho para relaxar ou teria um ataque cardíaco a qualquer momento.

Após nos servir, Charles começou a comer silenciosamente. Acompanhei-o, me deliciando com o maravilhoso prato em minha frente, mas depois de alguns minutos no mais puro silêncio, me senti incomodada e resolvi quebrar o gelo.

- Você planejou tudo isso?

- Sim, com ajuda de sua amiga. - encarou-me. - Você gostou?

- Claro! Como não gostar? Está tudo perfeito, mas... - suspirei.

- Mas? - seus olhos negros focavam em mim com atenção.

- Não esperava algo assim de você. - fui sincera. - Pensei que não gostasse desse tipo de coisa.

- E não gosto. - assumiu. - Mas queria que seu aniversário fosse especial.

Nos encaramos rapidamente antes dele voltar sua atenção para o prato.

Precisava mesmo ter assumido que não gostava? Quase bufei pela sua total falta de romantismo, mas se passou algum tempo até que eu quebrasse o silêncio outra vez.

- Está tudo bem? - perguntei.

- Sim, porque?

Cada vez que ele me encarava, sentia como se fosse me atacar a qualquer momento, tamanha era a intensidade em seu olhar.

- Está tão quieto. - o demônio sorriu sem mostrar os dentes.

- Me desculpe, não estou acostumado com esse tipo de coisa. - revelou. - Me diga, o que pessoas costumam fazer num encontro?

- Isso é um encontro? - questionei com um sorriso bobo.

- Sim. - deu de ombros.

"Seco." - pensei.

- As pessoas conversam. - respondi.

- Sobre o que?

- Sobre elas mesmas, seu dia ou o que tiverem vontade.

IncubusWhere stories live. Discover now