A Sereia - Jotakase

✧❦Cap 84❦✧

(N/A: Esse capítulo será narrado)

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A guerra durou horas e mais horas seguidas. Naquele momento, são três horas da tarde. Todos estão exaustos, mas continuam lutando. Sobraram apenas pouquíssimos vampiros e lobisomens no campo de batalha. É seguro afirmar que os semi-deuses, deuses e bruxos estão ganhando. João, no entanto, não se importa muito com aquilo, por mais que ele destrua cada vampiro e lobisomem que vê pela frente. O rosto sem vida de Mara não saiu da mente de João em momento algum.

Ao longe, Rafael vem correndo em direção ao campo de batalha. Por mais que ele deseje ajudar, ele se lembra do aviso de João, mantendo-se à distância o suficiente para não se envolver. Rafael logo consegue ver João entre todas aquelas pessoas no campo de batalha.

Assim como João, todas as pessoas no campo de batalha parecem miseráveis. O cheiro de podridão chega às narinas de Rafael e ele olha para o lado, pulando de susto e arregalando os olhos ao se deparar com o cadáver de Mara. O corpo ainda não está em decomposição, mas possui um cheiro horrível e o sangue já está seco.

Rafael abre a sua bolsa qiankun e tira alguns papéis-talismã lá de dentro. Ele leva um dos seus dedos à boca e o morde, levando-o a um dos papéis-talismã apenas quando o sangue começa a fluir. Ele havia aprendido arte com talismãs anos atrás, com um amigo chinês.

Rafael escreve com o seu próprio sangue caracteres exatamente iguais em 20 papéis-talismãs, depois coloca todos aqueles talismãs no corpo de Mara. Os talismãs vão conservar o corpo de Mara, impedindo que o corpo entre em decomposição e fique putrefato. Os talismãs brilham por poucos segundos, o que significa que eles estão começando a servir ao seu propósito.

Rafael morde o lábio e cruza os braços, sentindo-se nervoso, triste, mas também curioso. Ele está nervoso pois João acabara de sumir da sua vista, deixando-o sem saber se o homem está bem ou não. Ele está triste pois quem está ao seu lado, completamente sem vida, é Mara. E ele está curioso para saber como Mara faleceu.

O olhar de Rafael procura João pelo campo de batalha, mas quem ele encontra é a última pessoa que ele esperava ver ali.

Felipe.

É Felipe, segurando uma espada e lutando.

Rafael então se lembra da tatuagem que ele viu nas costas de Felipe. Um lobo com uma coroa de oliveira em volta. A ficha de Rafael cai e ele sente-se traído. Ele sabe que não deveria estar sentindo algo como aquilo, mas ele não consegue evitar. Felipe é um lobisomem e nem mesmo pensou em lhe contar. Em vez disso, Felipe mentiu para ele, de novo e de novo.

Claro, Felipe não sabe que Rafael é um tritão, então Felipe pode pensar que, se ele contar o que ele realmente é para Rafael, Rafael pode se assustar ou pensar que ele é louco. Pelo menos, é isso que Rafael diz a si mesmo, enquanto tenta desesperadamente afastar aquele sentimento de traição.

Se Felipe sobreviver àquela guerra - e Rafael espera que ele sobreviva -, Rafael não sabe como pode olhar nos olhos de Felipe novamente e fingir que não sabe de nada. Ele precisaria esclarecer toda aquela situação, ou simplesmente manter-se longe de Felipe, por mais que a última opção doa mais nele do que provavelmente doeria em Felipe.

Com o olhar, Rafael segue os movimentos de Felipe. Felipe está ferido no antebraço e na perna esquerda - o que faz com que Rafael queira sair correndo para ajudá-lo, mas ele se mantém firme no lugar. Rafael vê o momento exato em que Felipe foge do campo de batalha, deixando tudo para trás.

“Covarde”, o orgulho de Rafael disse.

“Vá”, disse a experiência.

“Fuja para o mais longe que você puder”, disse a razão.