✧❦Cap 72❦✧

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(N/A: Esse capítulo será narrado)

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Algumas horas se passaram desde a reunião. Lívia estava em um bar com a sua amiga comemorando a sua incrível vitória e o plano que está dando certo; João estava vigiando ao redor do castelo dos vampiros; Melena estava fazendo pesquisas de encantamentos e modelos de armas brancas para depois começar a forjar; Mara, Cherry e Spok estão montando um plano de ataque e o resto dos semi-deuses estão estudando o mapa de São Paulo e pesquisando os vampiros e os lobisomens.

Já eram nove horas da noite quando Mara escutou uma melodia vinda da sala de estar, os únicos que estavam na casa era ela e Malena, então ela se assustou ao ouvir o piano sendo tocado.

Mara desceu as escadas rapidamente e se surpreendeu ao ver João ali, sentado e tocando piano tão serenamente. Ele deveria estar em seu posto, vigiando o lado de fora do castelo dos vampiros.

— O que você está fazendo aqui? - Mara perguntou e João parou de tocar, Mara quase se arrependeu de ter dito algo.

— Você não pensou que eu ficaria lá o tempo todo, certo? - Ele perguntou e Mara cruzou os braços. - O turno da noite pertence a outro semi-deus agora, eu preciso me distrair e descansar em algum momento, general. Não posso ficar o dia inteiro olhando para aquela horripilante parede de tijolos e para aqueles sanguessugas, eu enlouqueceria.

— Você é tão dramático, Jv.

João apenas sorriu e voltou a tocar as teclas do piano, Mara sentou ao lado de João no banco e observou a forma como as mãos dele dançavam através das teclas, criando um som como nenhum outro. Mara não conhecia a música que João estava tocando, mas definitivamente deveria ser uma bela música.

Quando João termina de tocar o instrumento, Mara sorri para ele, deixando à mostra os seus dentes salientes.

— Há quanto tempo que você toca piano? - Ela perguntou.

— Eu aprendi quando tinha 12 anos de idade, eu toco apenas às vezes. - Ele respondeu.

— Você é muito bom nisso. - Mara apontou para o piano.

— Eu sou muito bom em outras coisas também. - Ele disse.

— Eu não duvido disso, eu aposto que matar está no topo da sua lista.

— Eu sou muito bom em outras coisas também. - Ele disse novamente.

— Ah, é? - Ela perguntou com uma sobrancelha levantada. - O que por exemplo? 

— Você realmente quer descobrir? - João perguntou com um sorriso pequeno no canto dos lábios, passando o olhar entre os olhos de Mara e os seus lábios, deixando claro as suas intenções.

As bochechas de Mara ganharam um visível tom avermelhado e as mãos dela começaram a suar.

— Não flerte comigo, João. - Ela disse enquanto desviava o olhar para as suas unhas.

— Por que não?

— Eu não consigo sequer imaginar eu e você indo por um caminho além da amizade. - Mara disse francamente.

Os dois ficaram em silêncio após isso e o clima se tornou mais tenso, mas João, não querendo deixar que as coisas continuassem do jeito que estavam, resolveu responder a pergunta de Mara para tentar aliviar o clima.

— Eu sou bom em jogos, desde jogos de tabuleiro até jogos virtuais. - Mara o encarou. - Também sou bom em criar planos, lutar, eu acredito que tenho um bom gosto musical, consigo me adaptar facilmente a uma situação, sou proativo e resiliente… - Ele se interrompeu ao ver Mara sorrindo. - O que? 

— Nada.

— Sério, o que foi? - João perguntou, sorrindo confuso.

— Eu apenas acho que você nunca falou tanto sobre si mesmo quanto agora.

— Eu falei sim. - Ele teimou.

— Poucos dias atrás você estava pedindo para que eu me afastasse, mas agora você está aqui, me contando coisas sobre si mesmo e conversando comigo.

João franziu as sobrancelhas.

— O que? Quando foi isso?

— Três ou quatro dias atrás, você estava muito bêbado e nós tivemos uma conversa um tanto quanto… - Mara tentou encontrar a palavra certa para usar. - Esclarecedora.

— Eu deveria parar de beber tanto, não consigo lembrar de muita coisa daquela noite, apenas flashes e pedaços de conversas. - Ele comentou. - Bastante confusos por sinal.

— Mas você se lembra de quando, hm… - Ela se mexeu desconfortável. - Nós conversamos?

João assentiu.

— Vagamente, mas eu lembro. Aquela foi uma noite bastante longa, apesar de eu ter pego no sono assim que você saiu. - João disse. - Eu falei bastante sobre mim naquela noite. - Ele coçou a nuca.

— Eu sinto que você finalmente está deixando transparecer o homem escondido atrás dos dois. Mesmo sem perceber, você está o dando uma chance de assumir o controle.

— Obrigado por apontar os meus erros. - Não havia sarcasmo na voz de João, apenas amargura.

— Mostrar o seu verdadeiro eu às pessoas não é um erro João, o seu erro seria continuar se escondendo.

— Eu não me escondo. - Ele respondeu.

— Sim, você se esconde. Você esconde das pessoas quem você realmente é pois você tem medo de acabar se machucando e se arrependendo depois, mas você nunca saberá se vale a pena ou não ser quem você é se você não se arriscar. - Aconselhou.

— Às vezes, Mara, é melhor você não se arriscar para que assim você não esteja fadado a cometer os mesmos erros que no passado.

— Você deveria deixar as coisas fluírem naturalmente, você não poderá se esconder para sempre.

— O que você é? Uma psicóloga? - Ele perguntou. Era isso que João fazia. Ele fugia do assunto quando as coisas ficavam mais difíceis para ele.

— Estou apenas o aconselhando. - Mara disse simplista.

— Certo, general.

Mara abriu a boca para dizer algo mas foi interrompida pelo som das teclas do piano. Ao contrário da música anterior, aquela Mara conhecia.

Mara se aproximou um pouco mais de João e perguntou:

— Que tal um dueto?

A única resposta de João foi um aceno de cabeça.

Mara deixou que as suas mãos pairassem sobre as teclas do piano e esperou o tempo certo para que ela também tocasse o piano, quando a hora finalmente chegou, ela tocou as teclas do piano junto a João, criando uma melodia mais bela ainda.

A Sereia - JotakaseWhere stories live. Discover now