A Sereia - Jotakase

✧❦Cap 92❦✧

(N/A: Esse capítulo será narrado)

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Mara pisca.

Todas as suas memórias estão de volta, e ela não sabe o que fazer.

Todas as suas memórias com João Victor voltaram - cada momento, cada sentimento, cada obstáculo, cada emoção... Mara Luiza sente como se um espaço vazio na sua vida tivesse sido preenchido.

Naquele momento, João está sentado bem na sua frente, naquela fria cadeira de restaurante. Ele olha para Mara, a sua adorável, preciosa e altruísta Moon, e tudo que ele sente é nervosismo, misturado com ansiedade. Ele não sabia como Mara reagiria ao ter todas as suas memórias de volta. Talvez, Mara apenas preferisse fingir que o relacionamento deles nunca existiu. Talvez, ela precisasse de um tempo. Ou, talvez, ela quisesse recomeçar do início. João não acha nenhuma daquelas três opções agradáveis, mas, ele está pronto para aceitar seja lá qual fosse a decisão de Mara. Ele não pode ser egoísta e obrigar Mara a ficar ao seu lado. Se Mara quiser partir, quem é João para impedir?

Mara olha para os olhos castanhos de João. Os olhos de João Victor... Para quem não o conhece de perto, achará que tudo que há nele é a sensação amarga que os seus olhos cor de cacau transmitem. Mas, Mara sabe que, por trás de toda amargura, os seus olhos castanhos escondem uma doçura enorme, assim como o chocolate.

Mara então olha para os lábios de João. Ela não estava ciente do quanto sentiu falta de beijá-los, até aquele momento. Senti-los contra os seus, mordê-los, beliscá-los, e sentir o sabor deles. Mara sempre se perdia no sabor dos lábios de João. Era como dia e noite, luz e trevas, sol e lua, a mais leve brisa em um dia quente de verão, capaz de te refrescar, ou a mais quente chama de uma lareira em uma noite fria de inverno, capaz de te aquecer.

Mara se lembra da primeira noite dela e de João juntos. Mara se lembra te ter sentido que estava no fundo do oceano, onde o tempo está congelado, onde todo o universo está aberto. Foi naquele momento que Mara soube que ela não deixaria o amor que ela sentia por João morrer. Ela faria aquilo durar para sempre. Ela prometeu a si mesma que não deixaria ninguém estragar aquilo que ela e João tinham. Ela disse à si mesma: “Eu gostaria de vê-los tentar!”. Mas, então, dois dias antes do casamento deles, Hades veio, e estragou tudo que eles tinham. A única coisa que restou para eles, foi a esperança de que, um dia, eles se encontrassem e se apaixonassem novamente, um pelo outro. Porque João fez Mara acreditar que o amor não é por acaso, e Mara é a razão pela qual João acredita no destino. As almas de João e Mara anseiam uma pela outra, e eles queriam acreditar que era aquilo que iria uni-los.

E, agora, eles estão aqui. Eles finalmente haviam se reencontrado, tal como eles tanto desejaram. A questão é: o que mudou? O que continua igual?

As circunstâncias em que eles se encontram naquele momento havia mudado, mas o amor que um sente pelo outro continua o mesmo - puro, forte e inabalável, como um diamante.

Então, é por isso que Mara salta daquela cadeira e puxa João pela gola da camisa para um beijo, inclinando-se sobre aquela mesa. Ela entrelaça o seu pescoço, ficando na ponta dos pés. 

As pessoas que estão sentadas ao redor olham assustadas para ela, mas Mara e João não se importam. Eles estavam reunidos mais uma vez, e aquilo é tudo que importa. Parece que o tempo parou. Parece que o planeta parou de girar. Parece que há apenas eles ali.

As línguas de Mara e João brincam uma com a outra. João segura os quadris de Mara firmemente. Ele não quer soltá-la, e quer que ela sinta o mesmo.

Arrepios correm por toda a coluna de Mara. O seu corpo todo está aquecido apenas por causa de um único beijo. Ela quer se enterrar nos braços de João, e sentir o cheiro dele mais de perto. Ela morde o lábio dele, puxando-o para ainda mais perto, e ele leva uma das suas mãos para os cabelos dela, guiando a sua boca e manipulando o seu beijo, sugando os lábios dela com força. Mara geme contra a boca dele. O beijo de João está na lista de Mara de uma das melhores coisas da vida.

Infelizmente, eles são interrompidos mais cedo do que eles esperavam:

— Aqui estão os seus pedidos.

No momento em que Mara estava em um transe de cinco minutos inteiros enquanto recuperava as suas memórias, um garçom veio, e anotou o pedido de João. João havia pedido por ele e Mara.

A contragosto, João separa-se de Mara. Ele esfrega os lábios dela, sentindo a suavidade deles contra o seu polegar, antes de voltar a se sentar na sua cadeira. Mara senta-se logo em seguida, e os pratos são servidos.

O garçom pede licença e sai. Só quando Mara começa a comer, é que ela lembra-se de Hades, e fica furiosa com a maneira odiosa como ele apagou as memórias dela e de João.

— O que há de errado? — João perguntou, preocupado.

— É Hades. Ele não pode sair impune depois de tudo que ele nos fez passar! — Mara respondeu.

— Ele não vai. — João garantiu. — Eu e Sandra estamos cuidando disso. Ela disse que uma reunião está sendo agendada no Olimpo para contar a todos o que Hades fez e decidir o destino dele. — Ele informou.

Mara assente.

— Eu me sinto um pouco mais tranquila assim. — Ela confessou. Depois, uma pergunta instalou-se na sua mente, e ela perguntou: — Quando você se lembrou de nós?

— A minha primeira lembrança surgiu em meio ao campo de batalha, durante a guerra contra os vampiros e os lobisomens. Após a sua morte, as minhas memórias começaram a aparecer como formato de sonho para mim. — João respondeu.

— Como você sabia que eram realmente lembranças, e não apenas sonhos?

— Eu sempre fui bom em diferenciar essas coisas. Além disso, parecia real demais para serem apenas sonhos. — Ele disse. — Aos poucos, tudo foi se encaixando. E, após oito meses inteiros, eu finalmente consegui ver o quadro completo.

— Todas as suas memórias voltaram dentro de oito meses, enquanto as minhas minhas voltaram dentro de alguns minutos. Eu não sei se eu sou muito sortuda, ou muito azarada. — Em seguida, ela refletiu: — Sortuda por ter me lembrado tão rápido, e azarada por estar com essa enorme dor de cabeça agora.

João riu, depois disse:

— Agora, coma. Nós ainda temos que organizar algumas coisas, e planejar o que iremos dizer na reunião.

Mara assente, e volta a comer. João faz o mesmo. Eles terão um longo dia pela frente.