✧❦Cap 69❦✧

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(N/A: Esse capítulo será narrado)

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— Cauê, foco. - Lívia o repreende.

Eles estão sentados em seu escritório, um de frente para o outro. Lívia tem as mangas da sua blusa roxa arregaçadas nos braços, as suas pernas estão cruzadas perfeitamente. Sobre a mesa está várias folhas de papel, assim como canetas, lápis, borracha e um porta retrato. Duas canecas de café e um arquivo completam a imagem.

Cauê bufa e massageia suas têmporas. Ele não dormiu e sua cabeça está latejando com uma dor de cabeça forte. Ele também não se alimentou, mas não está com fome.

Tudo o que ele consegue pensar é no porquê de João não tê-lo matado alguns dias atrás quando ele teve a chance.

Lívia bate a palma da mão sobre a mesa, fazendo Cauê franzir o cenho para ela. Eles estiveram nisso a noite toda. Sua paciência está começando a se desgastar completamente. 

— Nós precisamos de outro plano, a menos que você queira morrer no campo de batalha levando todos nós com você, sugiro que você foque na porra dos papéis a sua frente. - Lívia disse, claramente aborrecida.

Cauê balança a cabeça, inclinando-se com raiva. 

— Eu te disse, nem sabemos quando atacar! Eles são poderosos. Nós não podemos atacar apenas um e depois simplesmente ir embora, eles iriam querer vingança! Não posso obter um plano de uma hora para outra.

Lívia balança a cabeça e se levanta para passear pelo cômodo, puxando seus cabelos. Ela está cansada, irritada, e sua mente está longe dali.

Lívia tenta pensar em um plano, mas é claro que ela não havia conseguido pensar em nada coerente. Eles não sabiam quando atacar e também não podiam atacar apenas um semi-deus.

A não ser que…

— Nós podemos. - Lívia disse, virando-se para observar o homem. 

— Nós podemos o que exatamente? - Cauê perguntou, perguntando a si mesmo o que estava se passando na cabeça da mulher.

— Nós podemos atacar apenas um semi-deus e depois ir embora.

Cauê a olhou como se ela fosse louca.

— Não. Não podemos. - Responde Cauê. - Você não ouviu nada do que eu disse? Se nós atacarmos apenas um deles, eles irão se juntar e planejar uma vingança contra nós. 

Era exatamente aquilo que Lívia queria. Era arriscado? Sim. Mas era a solução quase perfeita para o plano que eles ficaram a noite inteira tentando fazer e sempre, absolutamente sempre, acabavam em um beco sem saída.

Se tudo ocorresse como Cauê disse e os semi-deuses se juntassem, os vampiros e lobisomens poderiam atacar e haveriam vários inimigos para eles lutarem, formando assim uma verdadeira guerra. 

Aquela ideia era simplesmente brilhante, ela não sabia como não havia pensado naquilo antes. Tudo que ela precisava fazer era convencer Cauê de que aquela era uma ótima ideia e então eles poderiam formular um plano mais elaborado e colocar em prática.

Lívia senta novamente em sua cadeira. 

— Você não está entendendo. Esta é a solução para todos os nossos problemas.

— Talvez, mas os semi-deuses tem conexões em todos os lugares. Cometemos um erro e sofreremos por causa dele.

— Você acha que eu não sei disso! - Lívia se inclina furiosamente sobre a mesa, balançando a cabeça. - Por isso nós não podemos cometer erros! Nós precisamos colocar isso em prática e quando os semi-deuses estiverem todos juntos, nós precisamos atacar.

Lívia suspira, tentando acalmar a si mesma.

— Eles têm conexões. Nós também. Eu vim até você porque sabia que você era o líder dos vampiros e poderia criar uma aliança entre vampiros e lobisomens, nos tornando mais fortes.

Cauê pisca duas vezes, um pouco impressionado. Sua voz se acalma quando ele pergunta: 

— Essa é a única razão pela qual você ainda está aqui?

É a vez de Lívia piscar. Ele não pode estar falando sério.

— Você está brincando, certo?

Cauê se inclina ainda mais, os olhos encarando-a seriamente. 

— Você estava com medo e me ligou porque sabia que eu iria protegê-la.

Lívia recua, observando Cauê com total descrença. 

— Liguei para você porque sabia que você me ajudaria. Fim da história.

— Admita. - Cauê pressiona: - Você poderia ter ido embora a muito tempo, mas ainda está aqui porque você me quer aqui.

Ohhhhh, mas ele está dando nos nervos agora.

Não é que Cauê seja pouco atraente ou desprovido de beleza. Ele é alto, tem cabelo preto curto e belos olhos castanhos. Seu olhar chamou a atenção de Lívia instantaneamente, mas o coração da mulher pertencia a outra pessoa.

O coração de Lívia pertencia e sempre pertenceria a João. Lívia moveria montanhas se fosse preciso apenas para ficar um único momento com João, um único olhar dele fazia com que o seu coração ardesse em chamas, um único toque a levava direto ao paraíso em questão de segundos. 

Lívia sentia saudades do João do seu mundo, e apesar de tudo, ela ainda se sentia vazia, mesmo que soubesse que o João do mundo em que ela estava era a cópia exata do seu amor.

Mesmo se lembrando daquilo a todo momento, o seu peito doía por causa do João que se foi e o seu coração ficava vazio, por que no fim, quando se perde alguém, cada vela, cada oração, não vai compensar o fato de que a única coisa que sobra é um buraco no lugar que a pessoa que você gostava ocupava na sua vida.

Lívia esperava que conquistar o João daquele mundo fizesse aquela dolorosa sensação diminuir. Apenas diminuir, porque no fundo ela sabia que aquela sensação nunca desapareceria.

— Ouça-me, Cauê. - Lívia ameaça, inclinando-se para perto do homem até que seus rostos estejam a centímetros de distância. - Se você não me ajudar com isso, pode dizer adeus a minha ajuda e a essa guerra estúpida. - Cauê se afasta e Lívia levanta uma sobrancelha: - Ah, sim, eu não me importo em abandonar tudo isso e ir embora, eu não tenho nada a perder se sair por aquela maldita porta. Você no entanto, perderia uma importante aliada, além de que você não tem estatura para dar continuação a esse plano ou até mesmo vencer essa guerra sem mim. - Ela se recosta na cadeira, cruza os braços sobre o peito e designa os papéis. - Faça o que eu te digo para fazer se você não quiser que as pessoas apelidem Cauê Bueno de um idiota sem escrúpulos morto pelos semi-deuses.

Cauê olha para ela, a boca aberta. Leva alguns segundos para ele fechá-la e defini-la em uma linha apertada. 

— Você é incrivelmente manipuladora.

— Você também. - Responde Lívia com segurança.

Há alguns minutos de silêncio antes de Cauê concordar. 

— Eu vou decidir qual dos semi-deuses nós devemos atacar, e quando estiverem todos ou a maioria dos semi-deuses juntos, nós atacaremos.

Lívia sorri para si mesma e sai do escritório sem dizer mais nada, depois de horas de estresse, ela tinha o que queria. Um plano.

A Sereia - JotakaseWhere stories live. Discover now