A Sereia - Jotakase

✧❦Cap 90❦✧

(N/A: Esse capítulo será narrado)

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Após o café da manhã, Mara foi para o quarto colocar a sua roupa de trabalho e João a acompanhou até a Company Paes. Pelo fato da ressurreição de Mara ser muito recente, Mara não trabalhará naquele dia. Em vez disso, ela irá até a Company Paes apenas para verificar se está tudo bem, e ver como as coisas haviam mudado por lá. Ela esteve morta durante um ano inteiro, afinal.

No carro, João e Mara tiveram apenas uma conversa curta - ambos preferindo permanecer no silêncio confortável que havia se instalado no automóvel. Quando o carro para em frente à empresa, Mara sai do carro correndo, indo até a sua sala, que, agora, está sendo ocupada por Malena.

Quando Mara finalmente chega na sua sala, ela é recebida por um abraço apertado de Malena.

Enquanto Malena e Mara matam as saudades que estavam sentindo uma da outra, João permanece dentro do carro, aproveitando aquela chance para enviar uma mensagem para Sandra: “Eu estou na Company Paes. Você pode vir até aqui?”.

A resposta de Sandra é a sua aparição repentina dentro do carro de João, no banco do passageiro.

— Você descobriu alguma coisa? — João perguntou.

— Eu tive apenas algumas horas para investigar. Eu voltei para o Olimpo, mas, tudo que eu descobri, foi que Hera se lembra, e que, entre os deuses, ela é a única que sabe o que Hades fez. — Sandra respondeu.

— E o que você vai fazer agora? — João perguntou.

— Hades cometeu um crime contra o Céu. Ele ofendeu todos os deuses ao apagar as suas memórias. Uma reunião está sendo agendada no Olimpo para contar a todos o que Hades fez e decidir o futuro daquele deus perverso. — Sandra disse, como se estivesse recitando as linhas de um texto já escrito. — Você e Mara estão convidados para vir. Entre todos, vocês foram os que ele mais afetou.

— Eu não tenho coragem de contar para ela. Ela ficará muito confusa... Isso bagunçará toda a cabeça dela. — João balançou a cabeça tristemente. — Foi difícil para mim aceitar tudo no início. Tudo estava uma bagunça completa. No início, eram apenas pedaços de memórias aqui e ali. Com o passar do tempo, todas as memórias vieram, até não restar qualquer memória que eu já não tivesse, e eu finalmente consegui ver o quadro completo. Para Mara, será mais difícil, pois, é improvável que ela se lembre.

— Eu sei. Entretanto, eu realmente tenho que insistir. Vocês dois foram os mais prejudicados nisso tudo. Mara precisa saber o que está acontecendo.

— Eu sei, mas… você não acha que ela está melhor assim? Olhe para ela. Ela está tão feliz... Eu não tenho o direito de estragar a felicidade dela. — João disse, com pesar em sua voz.

— Você não estará estragando nada. Pelo contrário. Você preencherá um espaço em branco na vida dela. Quem sabe, se você der o primeiro passo, contando tudo para ela, ela não se lembre? — Sandra aconselhou.

— Você acha? — João perguntou, esperançoso. Ele não quer nada além de ter Mara de volta. Tudo que ele mais quer é poder dizer à Mara o quanto ele a ama.

— Sim. Para ajudar, dê a ela um objeto que seja especial para ela. Um objeto que foi apagado da sua memória. — Sandra sugeriu.

João pensa por um momento: O que pode ser tão especial para Mara, que a fará se recordar? E então, a resposta vem de maneira instantânea até a sua mente. É uma resposta bem simples: o anel de noivado que João deu à ela.

— O anel de noivado que eu dei à ela. — João disse, com os olhos brilhando por causa da memória.

— Bem pensado. — Sandra concordou. — Faça o que eu te pedi. Quando o horário e a data da reunião forem decididos, eu virei buscar você e Mara pessoalmente.

E então, Sandra desaparece, tão rápido quanto a velocidade do som.

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Como o esperado, contar para Mara toda a verdade não será uma tarefa leviana.

Primeiro, João saiu em busca do anel de noivado que ele deu à Mara. Encontrá-lo foi muito fácil, pois, após lembrar completamente do seu passado com Mara, o anel foi a primeira coisa que ele fez questão de pegar de volta, deixando-o em segurança na sua casa.

A parte mais difícil é contar tudo à Mara.

Mara passou a manhã inteira na sua empresa, conversando com Malena. Na hora do almoço, João fez questão de levá-la ao restaurante mais próximo, pagando para eles uma mesa no canto.

O anel de noivado está dentro de um dos bolsos da jaqueta de João. Nervosamente, ele segura o anel na sua mão, sem saber como abordar o assunto.

João suspira, coloca o anel no dedo, e apoia os cotovelos na mesa, enquanto espera a comida chegar. O olhar de Mara vai parar diretamente no anel.

Mara franze as sobrancelhas, como se estivesse com dor de cabeça. Preocupado, João pergunta:

— Está tudo bem?

— Sim, apenas… — Encarando atentamente o anel no dedo de João, ela prossegue: — Esse anel me parece familiar.

Pela segunda vez naquele dia, o coração de João enche-se de esperança. Ele tira o anel do dedo, entregando-o à ela.

Quanto mais Mara observa o anel na sua mão, mais ela sente que já havia visto-o alguma vez antes. Repentinamente, uma imagem vem na sua mente:

Mara estava sentada na sua cama, com um sorriso bobo nos lábios. Ela girava o anel no seu dedo, enquanto pensava: “Eu mal posso acreditar. Esse é o dia mais feliz da minha vida! Ele finalmente me pediu em noivado!”.

Repentinamente, batidas foram ouvidas na porta. Depois, a porta foi aberta, e Sandra entrou no quarto.

— Você parece tão radiante hoje. O que aconteceu? — Sandra perguntou, curiosa.

— João me pediu em noivado! Dá para acreditar nisso? — Mara perguntou, feliz.

— Na verdade, dá sim. Vocês dois se amam tanto, que eu não esperaria outra coisa. — Sandra disse. — Eu vim até aqui para te avisar que o seu pai está te esperando para o jantar.

Mara sorriu em agradecimento, e assentiu logo em seguida.

Após aquele flash de memória, vários outros começam a vir.