✧❦Cap 66❦✧

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(N/A: Esse capítulo será narrado)

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Faz três dias. Três dias desde que João falou com Mara e quatro dias desde que ele lutou com Cauê. Não houve mais nenhuma notícia depois disso, não houve nada.

Não há nada.

Não há nada que ele possa fazer além de esperar, e isso o está matando lentamente.

Ele precisa ter notícias sobre o que está por vir.

Ele quer gritar. Gritar. Dar um soco implacavelmente, por horas a fio. Suas juntas já estão sangrando por causa de uma luta, mas não é suficiente.

Ele pode sentir os vampiros o rodeando, sempre nas sombras. Não era apenas ele que estava sendo observado, ele conversou com outros semi-deuses e descobriu que eles também estão se sentindo assim.

O gosto do sangue, metálico e amargo na língua, é a única coisa que o mantém sã. Há uma trilha na têmpora dele, traçando preguiçosamente os contornos de seu rosto. Ele quer limpá-lo, mas não faz nada.

O outro homem está deitado de bruços. Não foi preciso muito esforço para fazê-lo parecer assim. Mas o desprezível atacou João com uma faca. E a faca deixou sua marca.

Sua roupa está arruinada, o sobretudo perdido, uma das mangas da camisa está meio rasgada. Reflete o estado interior de João. Ele acha que quer jogar a roupa fora. Para fugir. Ele quer ficar longe de tudo isso, transformar aqueles acontecimentos em apenas um passado esquecido. Machucaria partir, mas machucaria menos que isso.

Lívia encontraria outra pessoa. Outro filho de Hades.

O caminho para casa passa rapidamente, os nomes das ruas quase imperceptíveis na escuridão. Ele chega na porta, pensa, mexendo nas chaves até abrir a porta. Rafael não está acordado, obrigado, porra, e ele quase cambaleia pela porta do seu quarto.

Nada se move quando ele tropeça lá dentro. Três dias de tratamento silencioso deixaram Rafael mais frio do que antes. Ainda assim, a presença dele torna a coisa toda real. Parece que o mundo dele ficou preso nesta casa. Tudo o que aconteceu lá fora é uma ilusão, um truque.

Uma pessoa se ergue, acendendo a lâmpada usando o interruptor ao lado da cama. João pensou que ela estivesse em sua casa dormindo. Talvez ela não tenha dormido nos últimos dias. Talvez ela estivesse ouvindo e observando tudo, esperando.

João pisca com o brilho repentino. Mara não olha para ele, apenas para suas mãos. Deve haver algo interessante lá.

O álcool pede sono imediato, mas de alguma forma, ele fica parado. Ele foi pego tentando se esconder. Flertando com a linha entre o babaca e o maldito psicopata dentro dele.

Ele não pode sair da casa. Ele não pode matar Mara. O respingo de vermelho que caía sobre seus próprios cabelos, que manchava seu rosto, sempre preso em uma máscara de horror.

Os olhos da mulher finalmente o encaram quando ela começa a falar.

— Olha, João, eu… - Ela para e suspira, os olhos arregalando.

Ela em um momento estava na cama, e no outro estava alí, ao lado dele. Seus dedos fantasma sobre o sangue e contusões. 

— O que diabos aconteceu?! Vou chamar o Rafael.

— Não. - João tem dificuldade em reconhecer sua própria voz. O desânimo, a culpa, o perigo. Quanto ele deve usar? Quanto ele deve esconder?

— Por que você lutou? - Mara pergunta enquanto balança a cabeça.

A Sereia - JotakaseWhere stories live. Discover now