✧❦Cap 34❦✧

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P.o.v Moon

Às vezes eu me pergunto: “Onde é o meu lugar?”, ou “Terra ou água?”, a pergunta é tão simples, e a resposta é sempre a mesma: “A água e claro!”, Mas se a minha missão aqui acabou, por que eu continuo na terra? Por que eu continuo nessa empresa? Por que eu simplesmente não volto para a água? Por que eu não volto para casa? “São tantos porquês...” Quando eu estava naquele aquário o que eu mais queria era sair de lá o mais rápido possível e votar para o mar, rever os meus pais novamente, e principalmente a minha empresa na terra. Eu pensava em todas as minhas obrigações, em tudo que eu poderia estar fazendo naquele momento, tudo que eu deveria estar fazendo naquele momento, e a maior parte desses pensamentos eram concentrados no meu trabalho, na minha empresa, a Company Paes, apenas ela ocupava a maioria dos meus pensamentos. Agora eu me pergunto: “Eu queria trabalhar e ocupar a minha mente com algo, ou eu queria a liberdade?”, pois é, eu achava que eu queria a liberdade, mas na verdade eu queria trabalhar, eu queria ter algo para fazer, para ocupar a minha mente, eu queria me prender ao trabalho e a somente ele, enquanto eu achava que queria nadar no mar salgado, brincar com os golfinhos, fazer coleções de conchinhas, ver os peixes que nele habitam e se divertem, as diversas cores dos corais... Ser livre.

Obviamente cada um tem a sua opinião sobre a “liberdade”, mas liberdade para mim é isso que eu acabo de descrever, e não ficar a maior parte do dia trancada em um escritório, usando o trabalho como distração. Porquê é isso que eu faço, eu uso o trabalho como distração. “Talvez a Malena tenha razão, eu preciso de férias.”, “Não, eu não posso abandonar a minha empresa justamente depois de ter passado mais de uma semana longe dela.”. Não é porque nós queremos muito uma coisa, que nós devemos fazê-la. Eu quero largar a empresa e voltar para o mar, mas nem sempre nós temos o que queremos.

Junto com os meus pensamentos, surgiram as lembranças, partes boas da minha infância. Eu sorria, brincava entre os corais com os meus amigos golfinhos, ria, nadava, abraçava cada um dos golfinhos, e depois ia para uma caverna, onde encontrei um navio afundado, que obviamente eu não deixei de explorar. Mas o tempo foi passando e a infância foi ficando para trás, dando espaço para a vida adulta, e com ela vieram os problemas, desilusões amorosas, trabalho, algumas missões, dor, novas pessoas, e outras coisas. Então, a infância se tornou apenas uma boa lembrança da minha vida; eu ainda consigo ouvir o meu pai reclamando por eu explorar navios afundados sozinha, pois eu tinha apenas 7 anos. Mais eu não lhe dava ouvidos, mais cedo ou mais tarde eu sempre voltava a explorá-los o que deixava a minha mãe bastante irritada com essa tal atitude. “Mas era apenas um navio afundado, o que poderia ter de tão ruim lá? Provavelmente nada.” Foi o que eu pensei, até que um dia eu fiquei presa em um deles e só saí de lá depois de 6 horas; e naquele momento eu só conseguia pensar em uma coisa: “Eu deveria ter escutado os meus pais.” e aí mais que nunca em toda minha infância, eu me arrependi de não ter dado ouvidos aos meus pais, eles só queriam o meu bem, eles só estavam tentando me alertar e me proteger, e o que eles ganharam com isso? Eu reclamado porquê eles não queriam me deixar fazer o que eu mais gostava no mar. Naquele dia eu havia dito que os odiava, então o meu pai olhou no fundo dos meus olhos e disse: “Filha, o meu trabalho e o trabalho da sua mãe não é ser amado(a), o nosso trabalho é criar você direito, te fazer uma mulher forte e sensata, uma mulher gentil e confiante.”, essas palavras do meu pai nunca saíram da minha cabeça, elas ficaram registradas na minha memória.

Na verdade eu amava os meus pais e nunca queria ter dito aquilo para eles, eu nunca quis dizer que os odiava, eu agi sem pensar direito nas minhas palavras, sem me importar se o que eu estava dizendo era verdade, ou não, se os deixariam tristes, ou não. No dia seguinte eu pedi desculpas para os meus pais, e prometi nunca mais agir sem pensar nas consequências dos meus atos, e nunca mais fazer nada sem consultá-los antes.

A Sereia - JotakaseWhere stories live. Discover now