✧❦Cap 87❦✧

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(N/A: Esse capítulo será narrado)

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Sandra arregala os olhos quando a alma de Mara passa pelo portal. Ela parece miserável.

Sandra procura por João com o olhar, mas não o avista em lugar algum. Com raiva, ela resmunga:

— Aquele semi-deus problemático!

Sandra percebe que Mara parece estar prestes a fugir. Então, ela corre até Mara, agarrando-a pelo braço, e tentando levá-la até o corpo no centro da matriz. Sandra está tendo que, literalmente, arrastar Mara até a matriz, pois Mara parece estar com medo dela, tentando correr para longe.

Sandra não sabe o que está acontecendo com Mara, ou o porquê de ela estar agindo daquela forma, mas ela terá que deixar as perguntas para depois.

Sandra agarra o pulso de Mara, tentando fazer com que ela entre em contato com o próprio corpo. Mara tenta lutar contra Sandra, mas, no final das contas, Mara é apenas um espírito, e Sandra é uma deusa. A mão de Mara atravessa o peito do seu próprio corpo.

No momento em que a alma de Mara entra em contato com o seu próprio corpo, uma luz branca ofuscante ilumina todo o lugar em que elas estão. Aquilo dura dez minutos, até que, de repente, a luz começa a diminuir, dando lugar à escuridão da noite.

Quando a luz branca some completamente, Sandra olha para o chão, vendo o corpo de Mara ainda deitado ali. Sandra fica 20 minutos seguidos parada, na esperança de que algo aconteça.

Quando mais cinco minutos se passam, Mara senta-se no chão rapidamente, tossindo. Sandra se ajoelha ao lado dela rapidamente, colocando uma mão nas suas costas. Quando Mara finalmente para de tossir, ela olha para Sandra, e pisca algumas vezes, parecendo confusa e desorientada.

— Cherry, o que... O que está acontecendo? A guerra... Aquela flauta… O que aconteceu? Eu… — Ela coloca a mão no peito, arregalando os olhos. Depois, ela rasga a sua própria blusa, deixando o seu torso e o sutiã preto à mostra. Não há uma cicatriz sequer no seu corpo. Ela coloca a mão sobre o coração, depois sussurra: — Eu morri. A Matadora de Semi-deuses atravessou o meu peito. Como eu posso estar viva?

— Você realmente morreu. Eu e João Victor ressuscitamos você. Você estava no Tártaro. Nós não sabemos o porquê. — Sandra informou.

— Por que ele fez isso? A quanto tempo eu estou morta? — Mara perguntou.

— Há um ano. — Sandra respondeu, ignorando a primeira pergunta de Mara. — João Victor foi pessoalmente buscar a sua alma no Tártaro, mas parece que ele acabou ficando para trás.

Mara arregala os olhos ao escutar aquilo, levantando-se rapidamente.

— Nós precisamos ir atrás dele. — Ela disse.

No entanto, uma tontura atinge Mara. Antes que ela possa cair no chão, Sandra fica de pé e lhe segura, colocando um dos braços dela sobre os seus ombros e passando o braço em volta da sua cintura. Depois, ela diz:

— Você precisa descansar. João Victor sabe se cuidar. Ele conhece aquele lugar tão bem quanto Hades, o deus do Submundo.

— Mas--

Sandra a interrompe:

— Descanse primeiro. Você acabou de ressuscitar.

Sem saída, Mara apenas suspira, e sai dos braços de Sandra, sentando-se em posição de lótus no chão, pretendendo meditar para recuperar as suas forças.

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— Você é estúpido!? — Hades gritou, furioso. O seu grito fez o subsolo tremer.

— Você sabe que a alma de Mara Luíza não pertence a um lugar como esse. Eu não fiz nada de errado. — João disse. O seu tom de voz era frio, como uma nevasca de inverno, e inexpressivo.

— É óbvio que ela pertencia! Como você, entre todas as pessoas, pode saber os pecados terríveis que ela cometeu? — Hades perguntou.

— Então me diga, pai! Quais pecados ela cometeu? — João perguntou, virando-se para Hades.

Hades bufa uma risada, depois zomba:

— Você é um moleque tão imprudente, João Victor. Como você pode ser meu filho? Você não aprendeu nada com os erros do passado? Oh, certo. Eu esqueci que você costuma esquecer a dor assim que o machucado sara.

Irritado, João diz:

— Eu estava feliz. Eu ia me casar. Como você pôde apagar as nossas memórias, minhas e de Mara, daquela forma? Décadas depois de apagar as nossas memórias, você me fez trancafiá-la em um aquário, porque pensava que ela era uma má influência para mim. Entretanto, tudo que ela me fez foi o bem. Você acha que eu sou estúpido por resgatar do Tártaro, o lugar em que você próprio a condenou a passar a eternidade apenas por rancor, a única alma que me fez sentir isso que chamam de amor?

— Você não sabe o que é o amor, e ela continua sendo uma má influência para você. — Hades fez uma pausa, depois acrescentou: — Pelo que eu posso ver, as suas memórias estão voltando. Eu espero que as dela não voltem. Quem sabe quais desastres esse mundo pode sofrer se vocês ficarem juntos novamente, não é?

— Ela não é uma influência para mim. E eu farei tudo ao meu alcance para recuperar as memórias de Mara. — João disse.

— Garoto, você é tão estúpido. Eu deveria trancafiá-lo aqui no Tártaro, com todas essas coisas horríveis. Quem sabe assim você pare de causar problemas. — Hades desdenhou.

— Você fará isso?

— Eu poderia, e não haveria ninguém para me impedir, talvez eles até me agradecessem por prender o meu filho arrogante e imprudente. Mas eu não vou fazer isso. No entanto, se você for embora agora, de encontro a aquela semi-deusa, eu acho melhor você não voltar mais aqui, pois, na próxima vez em que você vier, eu não vou te deixar sair. — Hades disse. Em seguida, ele acrescentou: — Eu não permitirei que você fique com ela. Por que, entre tantas semi-deusas no mundo, você teve que escolher justamente ela?

João se vira e abre um portal que dá de volta para o reino dos mortais. Depois, ele olha por cima do ombro para Hades, e diz:

— Porque ela é a única semi-deusa que eu amo.

Após dizer isso, ele passa pelo portal. Quando ele finalmente pisa na grama verde de um campo no reino dos mortais, ele sente o ar gelado da noite bater contra o seu rosto. Ele se sente mais tranquilo. No entanto, ainda há duas coisas que preocupam João: “Moon se lembra de mim?”, e “Ela se lembra do tempo que passou no Tártaro?”.

A Sereia - JotakaseWhere stories live. Discover now