Precipício: parte 5

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A caverna próxima a cidade era uma grande abertura na montanha, a beira da estrada. Havia pilastras em sua entrada, colocadas por provavelmente viajantes, assim como uma estátua de buda dentro de um pequeno templo em uma abertura natural da parede para fazer orações. Mu Qing suspeitava que aquele lugar servia para proteger peregrinos durante as nevascas e que aos poucos foram customizando o lugar nas sessões mais externas. Por dentro, por outro lado, eram várias galerias extremamente escuras e úmidas e Mu Qing usava sua carpa dourada para iluminar o caminho, usando a energia espiritual emprestada de Feng Xin para a criar

— Cuidado com o chão. — disse Feng Xin ao pular uma poça e imediatamente Mu Qing ouviu o sol de algo derrapar e esticou o braço para trás, segurando Chang Dasong pelo cotovelo.

— Obrigado, shizun. — agradeceu o garoto sorrindo abertamente e Mu Qing revirou os olhos, o puxando para perto a fim de evitar que ele torcesse o pé por acidente. — Shishu, você acha que vai conseguir achar o demônio que levou a líder de seita?

— Eu tenho certeza disso, a-Song. — disse Feng Xin erguendo o dedo indicador, andando de costas para eles. — Eu tenho meus feitiços! Minhas habilidades!

— Ele vai literalmente criar um passarinho. — disse Mu Qing acabando com a graça de Feng Xin, que encolheu os ombros, como se Mu Qing o tivesse acertado na cabeça com uma pedra. — Mas ele é uma graça. — acrescentou se divertindo ao ver Feng Xin bater os pés.

— É parecido com a carpa do shizun? — questionou Chang Dasong e Mu Qing ponderou.

— É uma aparição espiritual sim, mas a dele, digamos, é mais complexa que a minha carpa. — explicou Mu Qing. — Ele consegue rastrear energia ressentida com ele.

— Isso é incrível! — disse Chang Dasong admirado e Feng Xin soltou uma risada.

— Eu sou incrível, jovem mestre Chang! Você apenas não teve tempo de ver minhas incríveis habilidades!

— Eu vi sim, minha mão ainda está machucada. — disse Chang Dasong franzindo o nariz e Mu Qing riu.

— Vocês dois estão brincando comigo. — disse o homem parando de andar e se virando para a parede. A carpa dourada nadou sobre sua cabeça, iluminando as inscrições na pedra.

— É mesmo uma matriz de encurtamento de distância? — questionou Mu Qing andando para perto e tocando as inscrições.

— Sim. Mas uma muito fraca. Ia precisar de umas três dessas para chegar até ChangYao, por exemplo. — disse Feng Xin agachado no chão, se apoiando nos calcanhares.

Mu Qing caminhou tocando a matriz, tentando sentir a parte onde a inscrição do lugar aproximado do teletransporte foi colocado, mas parou com a mão na parede ao sentir a mão de Feng Xin em sua bunda, a apertando.

— O que você está fazendo? — questionou parado, sentindo a veia na testa pulsar e então pulou sentindo uma mordida. — FENG XIN! — gritou, fazendo sua voz ecoar por toda a caverna e o som de asas de morcego os obrigou a abaixar a cabeça. — Seu indecente!

— Estava na minha frente! A culpa é sua! — disse o homem e Mu Qing ergueu a perna, colocando o pé em seu peito e o empurrando até que caísse no chão.

Feng Xin não lutou absolutamente nada, apenas riu.

— Shizun, há pedras brilhantes aqui! — disse Chang Dasong voltando do fundo da caverna correndo, iluminando o caminho com uma bola de luz vermelha em sua mão.

— São estalactites. — disse Mu Qing o olhando e pisando de novo no peito de Feng Xin, o mantendo deitado. — São bonitas, certo?

— Sim! Tem uma com a forma de uma tartaruga! — disse o rapaz animado. — Tem uma ala maior lá dentro, há três colunas feitas dessa pedra brilhante! Mas uma delas está quebrada no meio...

O tempo que podemos terWhere stories live. Discover now