O tempo que podemos ter

O passado: parte 1

[FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!!!!]

Por causa do festival de outono, a cidade estava agitada. Pessoas andavam apressadas e com os braços cheios por todos os cantos e direções, os gritos e o cheiro estavam mais intensos e, mesmo que a comemoração fosse ocorrer apenas durante a noite, já havia pessoas meio arrumadas andando pelas ruas, com os cabelos amarrados altos de forma elaborada e pintura nos rostos.

—... e eu não quero saber! Eu mesmo vou trançar o seu cabelo! — disse Feng Xin em meio a uma conversa que Mu Qing nem se deu ao trabalho de ouvir por completo.

Wanli e ele já possuíam um trato, ela arrumava seu cabelo e ele escolheria suas roupas e as de sua irmã. Ele também escolheria as de Feng Xin, mas não era sequer uma opção o contrário. Se alguém soubesse ler, perceberia que ele estava muito animado por aquilo, principalmente por a família Mo possuir uma loja de roupas e tecidos de excelente qualidade. Mu Qing quase podia andar saltitando, mas apenas ostentava um sorriso minúsculo que não passava de um repuxar de lábios.

Distraído em seus planejamentos para aquela noite, o homem não viu direito por onde andava e, acidentalmente, bateu com alguém. Seu ombro se moveu para trás quando a pessoa passou rapidamente por ele, sem sequer olhar para trás, como se estivesse correndo de algo e Mu Qing não conseguiu sequer se virar e reclamar.

Ele interrompeu os passos imediatamente, estava paralizado. Seu coração parou uma batida e ele se viu obrigado a respirar pela boca quando a música soou em seus ouvidos.

A cesta repleta de frutas escorregou de seus dedos a medida que o reconhecimento acontecida, se espatifando no chão com um baque sonoro e ele encarou as costas de Feng Xin enquanto o homem se afastava, continuando a falar com ele sem perceber que havia ficado para trás.

O deus não conseguia dizer nada. O vento balançou o pano sobre seus cabelos lentamente, o fazendo cair para trás enquanto ele se mantia parado na multidão sem saber como reagir.

— Mu Qing? — chamou Feng Xin olhando para o lado sorrindo depois de seu monólogo e, não o vendo, se virou para trás, o encontrando parado com os olhos arregalados, as frutas jogadas aos seus pés. — Mu Qing! — chamou de novo correndo para o homem, mas o outro virou o rosto em direção a uma estrada lateral com o cenho franzido.

— Feng Xin... — chamou ele encarando a estrada e engolindo em seco. — Pegue seu arco. — comandou e o deus parou de andar.

— O que? — questionou confuso e imediatamente Mu Qing desembainhou o sabre em sua cintura, se movendo rapidamente para o lado e atingindo uma flecha que voava em sua direção, a quebrando no meio.

A multidão gritou assustada e muitos começaram a correr, Feng Xin se colocou atrás de Mu Qing com seu arco armado com três flechas tentandos sentir qualquer coisa, mas franziu o cenho quando não percebeu qualquer presença além de humana por perto.

Por alguns segundos ele encarou Mu Qing, mas um grito vindo da rua que ele olhava o fez apertar as flechas com força entre os dedos.

— PEGUEM ESTE NORTENHO! — gritou a voz de um homem correndo com dois arqueiros atrás de si. — Otimo, tinha outro guarda aqui, já o capturou!

Mu Qing endireitou a postura e se virou para os homens, abaixando o sabre, deixando claro que não lutaria. Quando os homens chegaram, por outro lado, ignoraram seu gesto e o encararam irritados, com as flechas armadas nos arcos apontados para ele.

— Seu ladrão de merda! — cuspiu o homem atrás dos arqueiros apontando para Mu Qing. — Achou que fugiria com minhas joias?

— Está falando comigo? — questionou Mu Qing erguendo uma sobrancelha e o homem cuspiu no chão próximo o seu pé, inclinando até mesmo corpo para fazer aquilo e se manter ainda protegido atrás dos arqueiros.