O tempo que podemos ter

O passado: parte 2

[Atrasada, mas estamos aqui!!!!]

Seus passos ressoavam como se houvesse eco, mas ele tinha completa noção que estava em um local aberto.

As árvores ao seu redor eram grandes e a luz do sol mal passavam pelas folhas, deixando o lugar com algumas linhas amarelas. Mu Qing olhou para si mesmo, se percebendo do mesmo jeito que havia dormido, completamente despido. Instantaneamente ele sentiu as bochechas corarem e passou a mão pelo rosto soltando um murmúrio irritado. Mesmo as marcas de Feng Xin permaneciam em seu corpo!

Ele tentou se convencer que aquilo era necessário, pois era o único jeito de Feng Xin não perceber o que havia feito, mas uma irritante voz em sua mente sussurrava em tom divertido e debochado que não era apenas por isso que haviam transado. Mas o que podia fazer? Foram 800 anos de espera! Qualquer oportunidade ele usaria para estar nos braços de Feng Xin!

Balançando a cabeça, tentando focar no que realmente era sério — e fingindo não ter a cara fina de se sentir envergonhado com o fato de ter uma vida sexual ativa de novo —, Mu Qing tentou ignorar a própria nudez e torceu que aquilo fosse realmente apenas uma ilusão criada pela pedra que haviam lhe dado junto a bolsa de qiankun, onde quem havia a criado não possuía qualquer contato real com quem caia nela.

Ele continuou a andar.

A floresta parecia ficar mais escura à medida que se movia e Mu Qing respirou fundo percebendo que logo alcançaria o início real daquela ilusão. E de fato bastaram apenas mais alguns passos, um arbusto foi empurrado pelas mãos pálidas e ele viu a si mesmo no meio de uma clareira, rodeado de uma aura dourada, completamente vestido como um general de guerra sagrado.

Mu Qing prendeu a respiração.

Xuan Zehn-jun tinha um olhar solene, duro, e se movia pela clareira vagarosamente, parecendo iluminar o caminho para ele, como um guia para o outro lado daquele lugar aberto, indo para as árvores. Mu Qing se sentiu extremamente incomodado com aquilo e fez uma careta. A imagem que seus fiéis possuíam dele era aquela? De alguma forma Xuan Zhen-jun parecia muito mais belo que ele mesmo se via. As feições mais suaves, o corpo fino e os cabelos bem mais sedosos, que flutuavam parecendo muito mais uma névoa atrás de si que realmente fios de algo sólido.

Por um instante, Mu Qing pegou uma mecha de seu cabelo solto e a encarou. Parecia muito sem graça se fosse comparar com o que via.

Seu eu da ilusão, por outro lado, parecia alheio ao que ele pensava e as comparações, continuando andando a sua frente, sem mal tocar o chão com seus belas botas brancas imaculadas, parando apenas uma vez para o olhar quando chegaram a uma espécie de portal de luz entre duas grossas árvores.

O olhar de Xuan Zhen-jun de repente pareceu suavizar ao o olhar, como se o reconhecesse e ele sorriu gentil esticando a mão para ele. Mu Qing piscou algumas vezes e soltou um resmungo ao dar a mão para si mesmo achando a situação extremamente bizarra.

Seu eu deus e humano agora andavam juntos para dentro do portal de luz e a única coisa que Mu Qing conseguia pensar era nas formas de usar seu sabre na pessoa que estava usando sua imagem divina deliberadamente e convidando pessoas para um portal bizarro no meio do mato.

Quando a luz diminuiu, Mu Qing sentiu a mão de Xuan Zhen-jun ficar mais quente na sua e o olhou confuso, percebendo que ele o olhava também, sorrindo de novo. Mu Qing soltou uma espécie de rosnado ao revirou os olhos sem entender de onde tiraram a ideia que ele sorria tanto. Era estranho o ver ser tão gentil! Ele não era gentil!

O homem balançou a cabeça tentando se focar, percebendo que seu próprio corpo agora tinha uma aura dourada e ele usava roupas brancas grossas e peles macias, seus cabelos não caem mais soltos por seus ombros, mas sim em finas tranças com joias douradas nas pontas. Mu Qing piscou surpreso e olhou para Xuan Zhen-jun, mas ele não o olhava, apenas caminhava ao seu lado com um semblante distante.