O tempo que podemos ter

O quanto amadurecemos: Parte 1

[Demorei, mas cheguei!!!!!Postei também outra fic fengqing no meu perfil, chama presente divino, onde Mu Qing é uma raposa de 9 caudas!]

Pela primeira vez em dias, Mu Qing se sentia bem e em paz. Enquanto se vestia para o jantar em seu próprio quarto — em uma ala do palácio distante da que a família Feng havia sido hospedada — um sorriso repuxava seus lábios e vez ou outra ele acabava soltando um riso sem razão ao lembrar de Feng Xin. Ele não sabia o porque de ser daquele jeito, mas naquele momento se sentia muito apaixonado.

Naquela mesma tarde, quando se recuperaram, limparam qualquer vestígio do que haviam feito, o que demorou três vezes o tempo normal por fazerem a limpeza em meio a uma brincadeira de correr um do outro, que acabou com uma hora perdida em beijos e afago no chão Quando Mu Qing lembro que tinham compromisso naquela noite, estava com Feng Xin dentado sobre seu peito.

Mu Qing suspirou e se jogou sentado na cama, soltando um riso frouxo e sentindo o rosto corar.

Queria ficar mais tempo com Feng Xin. Queria contar para ele como foi a luta na montanha e como havia se vingado de Fu Xiluo em detalhes. Queria contar que havia feito um amigo que parecia pensar muito parecido com ele e contar o que realmente havia feito com Zhen Jiahui por todos aqueles dias, mesmo que não fossem algo que ele achasse tão interessante assim.

Mas ele queria contar. 

Ele queria falar sobre aquelas coisas banais com Feng Xin e queria também ouvir o que ele tinha feito naqueles dias que ficaram longe! Mu Qing se virou para o lado na cama e passou a mão pelo lençol pensativo. Na manhã anterior ele não queria falar tanto daquelas coisas pequenas com Feng Xin, mas naquele momento ele estava quase animado por isso.  Com um bufo ele começou a rir escondendo o rosto no travesseiro. Estava sob o mesmo efeito de Feng Xin depois do sexo, mas enquanto Feng Xin parecia ficar protetor e emocionado, Mu Qing queria muito dividir tudo e qualquer coisa com ele, se entregar mais que apenas fisicamente.

Mas era um pouco estranho pensar naquilo, afinal, não era a primeira vez que transavam. Nem mesmo que ele havia ficado por cima.

O homem bateu o dedo no colchão pensando naquilo, mas sem conseguir chegar a uma conclusão certa do que estava diferente, mas por fim soltou o ar desistindo daquilo. Não importava realmente. No dia anterior ele não havia quase morrido, para começar. Ele deu de ombros e se sentou na cama esticando o corpo, o braço acima da cabeça, se colocando se pé em seguida, caminhando para o criado mudo, onde uma carta o convidava para o jantar.

A coisa toda parecia formal. O entregador o havia cumprimentado com uma reverencia, o envelope era de alta qualidade e dentro o papel possuía até mesmo algumas gotas de essência de rosas, mas só possuía uma frase.

" Será as seis."

Sem endereçamento. Sem assinatura. Sem toda a pomposidade que era esperado de um líder de seita sobre um convite. Apenas uma informação que sequer havia ganhado uma caligrafia caprichada, tendo gotas de tinta de um pincel que saiu do tinteiro e caiu diretamente sobre a superfície. Não havia qualquer cuidado naquele bilhete. Poderia ser considerado até mesmo descaso.

Mas Mu Qing sorriu para ele e o guardou na manga qinakun com um sorriso no rosto.

Vindo de Zhen Jiahui, Mu Qing podia quase visualizar o homem passando mais tempo olhando para o papel que mandaria para ele, sem saber como se referir, o que dizer. Como soar próximo, mas não tanto? Como ele poderia mostrar que ele quer um tratamento de igual e informal? Como se falava com um amigo por carta?

Mu Qing já havia estado naquele lugar há pouco tempo quando tentou escrever para Xie Lian, o convidando pra uma festa em seu palácio para comemorar a chegada de um deus da corte mediana. Para todos os outros  deuses, ele havia escrito uma porção de caracteres sem sentido, pomposos, corteses e até bajuladores para aqueles com o ego mais frágil — como Pei Ming. A maioria ele sequer escreveu, se concentrando em gastar sua própria letra apenas nos convites para a imperatriz, Feng Xin e os deuses elementais, mandando seus subordinados copiarem para os outros e mudarem apenas o endereçado. Mas para Xie Lian, ele havia ficado quase o dia todo curvado sobre a mesa. Encarando o papel amarelo por horas, sem saber sequer como se referir a ele e, por fim, havia enviado o mais simples convite para ele, contendo o motivo, o horário e o chamando de Xie Lian. Quando assinou, Mu Qing havia tremido e o caractere ficou manchado de tinta, mas o " de seu amigo" substituiu "atenciosamente" antes de seu próprio nome.