Missão: Parte 5

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[COMEMORANDO O FATO DE FENG XIN TER FICADO EM 3° E MU QING EM 2° NA COMPETIÇÃO DAS LANTERNAS, MAIS UM CAP! BOA LEITURAAAA!]

Ele não sabia se o frio que sentia vinha de dentro ou de fora mais. Sentado no colchão, Mu Qing encarava o chão limpo e a cama improvisada com um vinco entre as sobrancelhas. Ele queria sair do quarto e procurar Feng Xin, mas temia que, se saísse, ele fosse voltar e, se não o encontrasse, ficaria preocupado desnecessariamente. Então ele apenas esperou.

E já fazia muitas horas que esperava.

Ele encarou a pulseira dourada quente em seu pulso e passou o dedo ao seu redor em uma carícia singela antes de suspirar e apertar os lábios.

Ele havia irritado Feng Xin até seu limite. Ele sabia que era uma pessoa insuportável de se conviver, mas ouvir aquilo ser jogado em sua cara pela pessoa que ele admirava em segredo era um golpe muito duro. Por muito pouco não havia começado a chorar na frente de Feng Xin, mas assim que a porta bateu, desmoronou no chão como um boneco de cordas cortadas, soluçando apertando o travesseiro contra o rosto para não fazer qualquer som, sem conseguir conter absolutamente nada.

Estava exausto.

Há muito tempo já lutava contra aquelas emoções e ele não conseguia mais sequer controlar direito. Quando seria raiva de Feng Xin era uma explosão, quando ele o magoava era destroçado. Ele não gostava de ser tão vulnerável. Não gostava de Feng Xin ter tanto poder sobre ele, mesmo que Feng Xin não tivesse ideia sobre aquilo. Ele preferia se afastar. Preferia viver em paz sem aqueles sentimentos ou os engolindo em seco nas poucas vezes que tinha de interagir com o outro. Mas ser exposto assim a ele era demais.

Mu Qing ergueu a mão para os olhos recolhendo irritado as lágrimas que caiam insistentes de novo. Para piorar tudo, o corpo quase humano o deixava também fisicamente mais fraco. Sua pele era branca demais, pouco era necessário para a marcar, ele não queria preocupar Feng Xin com aquilo. Mas ele era tão insistente...

Ele sabia que não era a pessoa mais paciente do mundo, ainda mais quando tentava evitar alguma coisa ou era encurralado — como Feng Xin havia feito. Era seu instinto gritar e correr. Usar qualquer método para manter sua vida e dignidade. Ele não permitiria Feng Xin o curar de alguns arranhões, quando ele mesmo o havia ferido! Não que se arrependesse de algum golpe, Feng Xin absolutamente mereceu cada em sua visão, mas não era justo se ele o curasse. Não foi unilateral e Mu Qing não estava disposto ao mesmo. Ele nem saberia como fazer! Era um desperdicio de energia.

Mas no fim... Feng Xin estava certo. Ele era insuportável de se conviver e sua verdadeira personalidade era sufocada por várias máscaras que construiu ao longo da vida para que as pessoas minimamente aceitassem sua presença. Quem se importava? Ele apenas queria manter sua posição no céu. Havia aberto mão de tanto por aquilo! O que seria dele se não fosse mais um deus? Desapareceria? Simplesmente? Ele temia a morte demais para arriscar. E não sentia que á havia acabado seu trabalho. Mas ao menos... com Feng Xin ele nunca fingiu. Nem com Xie Lian, mas Feng Xin era seu igual. Ele o tratava do mesmo jeito que era tratado. Xie Lian era seu príncipe. Distante demais.

Mu Qing encarou a pulseira de novo e suspirou.

Odiava ser como era. Odiava não saber falar direito quando tinha de ser sobre como se sentia ou qualquer coisa que ele precisasse falar de si mesmo. Que perguntassem sobre a queda de Xian Le de forma imparcial! Mandassem que recite toda a história do mundo do cultivo! Mas não o pressionaram sobre como era para ele qualquer coisa. Sua reação era arranhar, morder e correr, como um animal ferido tentando se proteger.

Certas cicatrizes que ele tinha dos tempos que morou na periferia de Xian Le nunca o deixaram. Ele sobreviveu graças a estas máscaras e armaduras, como poderia fazer diferente? Já eram parte dele. Era ele. Para ele.

O tempo que podemos terWhere stories live. Discover now