Grand Line, Guarida Postal dos Castores Gigantes (Wintery)

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Não foi necessário perguntar por aí ou pesquisar em uma biblioteca, pois a dúvida sobre o que eram os "castores" que Yutu havia mencionado anteriormente foi respondida sozinha, quando, no cais, depararam-se com uma criatura peculiar sentada pacientemente na beira da ponte de madeira, com as patas balançando sobre o mar. Assemelhava-se ao animal comum, isto é, era exatamente igual aos castores comuns, mas com uma pequena exceção: além de bípede, aquela criatura era gigantesca.

Entediado, o bicho os encarou com os olhos apertados por um breve momento; sua feição entregava que já aguardava há algum tempo, da mesma forma que faziam suas sobrancelhas franzidas, o uniforme de carteiro já amassado e a boina um pouco suja de neve. Ele guardou o livro que lia no bolso da frente de sua bolsa transversal, e então abriu o bolso principal, iniciando uma busca pelos inúmeros papéis.

— Que merda é essa... — Morgan sussurrou para si mesmo, entreabrindo os lábios e encarando-o de cima a baixo enquanto, instintivamente, ameaçava dar uns passos para trás para usar Merin de escudo. Não obstante, o mensageiro (imaginavam que essa era sua posição em decorrência das roupas) sem se importar com o medo do rapaz, estendendo de pronto um papel em direção a ele enquanto soltava um pequeno bocejo. Ao segurar a mensagem, mal teve tempo de ler antes que a imediata lhe perguntasse azeda sobre o que se tratava. Revirando os olhos, respondeu: — É uma mensagem de Yutu, pedindo as medidas de Flint.

— Por que ela não nos entregou isso ? — perguntou Belka, erguendo uma sobrancelha, mas Merin, ainda radiante com suas novas roupas e a atenção que estava recebendo de seu Morceguinho, não se importou em cortá-la:

— Certo! Vamos entrar e pegar isso logo! — ela determina, prontamente segurando Morgan pela mão e caminhando a passos largos na frente, à caminho da Carniça. A gata deu um suspiro sôfrego: não suportava mesmo romances.

Ao passo que Belka iniciava sua caminhada atrás dos dois parasitas, o barulho de passos pesados atrás de si chamou sua atenção e, ao girar o pescoço na direção oposta de seus tripulantes, percebeu que o castor os seguia em silêncio, encarando-os de cima com o pescoço um tanto torto. Era um bicho bastante... fofo, se permitiam dizer. Mas não o suficiente para aceitá-lo de bom grado, principalmente quando ele os seguia para dentro de casa. Cogitou pedir polidamente para que ele os aguardasse do lado de fora, entretanto, no momento em que adentrou a cabine, um gosto tão amargo surgiu em sua boca que esqueceu-se totalmente da presença da criatura.

— Quando ele cuspiu no prato, me subiu uma raiva tão forte que eu não tive outra reação senão puxar uma das minhas facas e apunhalar a mão do infeliz — explica Flint a ex-marinheira, certamente dando continuidade a um diálogo que há muito havia se iniciado — Após isso, ninguém teve coragem de desperdiçar comida na minha frente.

— Pois você fez muito bem! Desperdiçar comida no mar é o pior crime que um pescador pode cometer! — Bertruska dá um soco na mesa, parecendo bastante empolgada com a história, mas o cozinheiro fez um sutil sinal com as mãos, apontando seus pés (onde jazia um amontoado de cobertores) e pedindo para que abaixasse o tom. No mesmo minuto, ela deixou escapar um riso tímido e voltou a sentar-se para costurar, mas sem tirar o sorriso dos lábios — De qualquer forma, eles não tentaram revidar?

— E você por acaso achou que eu desenvolvi o costume de não dormir por capricho? — ele retruca, dando risada.

Foi nesse instante que Belka caiu, praticamente espumando, para cima do Castor. Era fato que torcia para que nenhuma tragédia acontecesse no período em que deixaram o navio, mas nem por um segundo imaginou que o cenário atual poderia ser tão assustadoramente pacífico: em vez de brigarem, ou não trocarem olhares, como normalmente faziam, Bertruska e Flint estavam conversando.

Prisão de GatoWhere stories live. Discover now