Grand Line, arena de Woo Pululu (Jogos Piráticos)

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Não muito tempo depois, Cotton retornou ao palco com um grande sorriso em seu rosto e um algodão doce ainda maior em mãos, e anunciou no microfone o início da última apresentação da manhã. Os jurados já encontravam-se sentados em seus lugares e, talvez assustados pelo espírito competitivo da tripulação anterior, Baru segurava um guarda-chuva fechado sob a axila e sobre as mesas descansavam lustradas tampas de panelas, para caso precisassem de escudos. Era fato que não tinham muito tempo de caos, visto que faltavam apenas uma tripulação para se apresentar e pouco mais de meia-hora de palco, mas não custava ser precavido — suas roupas eram elegantes e caras demais para virar um prato à bolonhesa.

De todo modo, e independente dos temores dos jurados, Franz passou pelas coxias com sorrisos largos, uma postura invejável e, sem qualquer timidez, desde o primeiro momento começou a interagir com o público, alinhando a cartola em sua cabeça e demonstrando seu carisma. A alguns passos atrás de si, Kristian se posicionou perto das cortinas escuras, mesclando-se com o cenário enquanto olhava o colega com uma feição curiosa; as sobrancelhas arqueadas, a cabeça tombada a esquerda... observava os arredores com uma atenção caricata, buscando a direção de onde vinham os sons como se a plateia não estivesse ali desde o princípio. Até o momento, ninguém ria ou sequer parecia entender a apresentação.

— Audiência difícil, não? — o mágico iniciou, rindo torto enquanto enxugava o suor da testa (vestir-se de pinguim sempre lhe dava calor, dado que, normalmente, nem roupas usava). Com um suspiro, ele tirou a cartola da cabeça e se inclinou para posicioná-la no chão, mas antes que pudesse enfiar as mãos dentro do acessório, notou a fileira de jurados se encolhendo — Oras, não se preocupem, felizmente não trouxe tomates em meus bolsos. Mas talvez eu encontre algo que possa me ajudar no meu chapéu, né? — brincou. 

Mesmo com o silêncio da plateia, Franz retirou as luvas brancas, colocando-as dentro dos bolsos antes de posicionar os joelhos ao chão e, um a um, retirar os itens de sua cartola. No momento em que o primeiro coelho saltitou pelo palco, Kristian pulou no próprio local, olhando abismado em direção ao médico e cobrindo a boca aberta com as mãos, embasbacado com o pequeno truque: sua função, como mímico, era atuar como um telespectador e, ainda que os cidadãos não se impressionassem com os truques a princípio, ao menos poderiam se divertir com suas reações exageradas e outras palhaçadas. Contudo, quando do chapéu saiu um aspirador de pó, ele nem precisou atuar de verdade, porque realmente perdeu o equilíbrio das pernas. Algumas risadas soaram pelo ambiente e então, sentindo-se mais confiante, o imediato se trajou com uma feição arrogante e ajeitou seu colarinho invisível, lançando beijos e gracejos para a plateia, enquanto Franz continuava a insistir no velho truque do chapéu. Coelhos, pombos e até mesmo um cabide foram retirados e em seguida deixados descansando sobre o palco, mas os holofotes estavam apenas no mímico.

Gente, eu entendo que sou um belo mágico, mas não compreendo o que há de tão engraçado! É apenas um truque de chapéu — Franz levantou, limpando suas roupas e soltando uma risadinha amarela, colocando ambas as mãos na cintura e observando a audiência com atenção. O mímico, por sua vez, posicionou-se atrás do médico, imitando sua pose e exagerando na expressão o máximo que conseguia. A este ponto, as risadas tornavam-se ainda mais altas. — Será que... Meu rosto está sujo?

O mágico desesperou-se e, largando a cartola no chão, correu para fora do palco para puxar um enorme espelho de corpo inteiro que refletia a audiência, posicionando-o no centro dos holofotes em um ângulo de ¾. Finalmente, ele se aproximou do objeto para procurar qualquer imperfeição em seu rosto, mas ao invés de ver a si mesmo do outro lado, Franz deu de cara com seu mímico, que imitava suas posições. Kristian então, após colocar uma expressão desesperada em seu rosto, lançou-se de joelhos ao chão, apontando para o próprio ombro e movendo os punhos em frente aos olhos, como em um choro desenfreado.

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