East Blue, Baratie (Especial)

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Naquela manhã, a capitãzinha acordou com um peso indescritível sobre seu corpo

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Naquela manhã, a capitãzinha acordou com um peso indescritível sobre seu corpo. A princípio pensou que, como em muitas outras noites, Belka tivesse rolado para cima dela em meio aos seus "sonhos de gato", mas não parecia ser o caso, porque não importava o quanto ela tivesse comido na noite anterior, nunca que a imediata teria engordado tanto em tão pouco tempo! Além disso, era pequena demais para aquilo tudo que estava em volta de si. Não, não. O que a soterrava era outra coisa... Duro, pontudo, gelado. Algumas partes pinicavam. Analisou toda data de objetos estranhos que caíram sobre si enquanto dormia, porém, não encontrou nada parecido com aquilo. Alerta vermelho! Alerta vermelho! Não tinha dúvidas: estava lidando com uma autêntica novidade. Escancarou os olhos, empolgada.

No entanto, a expectativa é diretamente proporcional ao tamanho da decepção, e posteriormente a fúria. Diferente do que imaginava — como a caravela desabada, o iminente prelúdio de uma aventura — o que estava em seu entorno não era algo desconhecido, não. Era um tesouro, igualzinho aos tantos outros que vira nas histórias piráticas: pilhas e mais pilhas de ouro e jóias, todos jogados em volta e sobre si, a engolindo aos poucos numa imensidão de dourado e pedras preciosas. Até podia ser bonito de se ver, mas não era dela. Após tantos contos lidos e a idealização de conquistar sua própria fortuna, receber o prêmio de uma árdua aventura de bandeja não poderia deixá-la mais irritada.

Levantou-se bufante, pronta para desossar o desgraçado que tivera a coragem de fazer uma sacanagem dessas com ela. Quem era o infeliz que desafiou sua capitã, roubando-lhe a aventura e a deixando somente com o dinheiro? Não poderia ligar menos para aquela bufunfa! A passos duros foi em busca da imediata, ela que lhe devia algumas (boas) explicações, mas ao ir em direção das escadas que levavam dos aposentos para o primeiro pavimento do convés, nem notou por onde andava por conta da raiva e quase tropeçou. Amaldiçoou os céus e o Diabo, porque ele parecia mesmo a favor de uma vingança. Era um revólver de cabo de madeira, caído no chão como quem não quer nada, somente esperando ser encontrado por ela. Ora, "como quem não quer nada" é uma ova! Não passava de outra prova que foram farrear sem ela, a capitã. Seus olhos queimaram de ódio e voltou a trotar em direção a saída.

Ao sair da cabine um cheiro forte de bebida invadiu as narinas, misturado com vômito e sangue: não se deram o trabalho de tentar esconder a festa! Sentia-se pronta para gritar com todos, mas a visão do convés a impediu. Todos os adultos se encontravam bêbados e maltrapilhos, dormindo nas piores posições e mal sentiam o sol queimar-lhes a pele.

Próximo ao mastro, o cozinheiro e médico dormiam jogados atravessados um em cima do outro e sobre os homens, a imediata se aninhou, tornando-os uma cama improvisada. Mais a frente, Bertruska ressonava, agarrada ao timão com uma garrafa de rum em uma das mãos e sem uma de suas botas (certamente a mais desgraçada de todos eles). Não viu Merin em lugar algum, mas não se deu o trabalho de procurá-la; tinha pendências mais importantes para resolver naquele momento. Ponderou por um momento, poderia gritar, espernear e ameaçar jogá-los no mar, porém isso lhe soou tão básico... Lembrou das bolas de canhão; seria divertido, mas não poderia ver a face de desespero de seus companheiros (e apenas talvez precisaria de ajuda para usar o arsenal). Vamos, tinha que pensar em outra coisa...! Precisava de algo especial, para queimar na memória dos tripulantes o que acontecia quando a esqueciam.

Prisão de GatoWhere stories live. Discover now