Grand Line, prefeitura de Woo Pululu (Jogos Piráticos)

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Depois de terem seu cozinheiro roubado, os gatos se recolheram cabisbaixos à própria tenda, tentando buscar alento em conjunto e se preparar com mais cuidado para a prova seguinte, que, para aumentar seus temores, aconteceria dentro de algumas horas. Não havia humor para que conversassem sobre estratégias; a despedida de Flint fora completamente devastadora e, mesmo agora, depois de uma hora e meia de luto, nenhum deles parecia disposto a se levantar e ir em direção ao próximo stand de apresentações para se preparar para o novo jogo: queriam que o mundo acabasse ali mesmo, porque haviam perdido a razão de viver. Nem mesmo quando Merin acordara de seu desmaio tiveram o trabalho de ir vê-la. Ela, sozinha, veio da tenda de primeiros socorros com os dedos juntos em ansiedade, preocupada com o clima estranho do acampamento, até que, quando chegou aos confrades, ouviu a grande notícia.

— O Flint... — Poyo começou, puxando o catarro do nariz e ainda com a voz chorosa. — Ele se foi!

Por um segundo, Merin olhou para seus arredores, tentando entender se aquilo era uma pegadinha. 

As coisas do cozinheiro ainda estavam na barraca, mas os olhares perdidos de Belka, Bertruska, Hiroshi e Fionnula indicavam que, talvez, a chorona estivesse certa. Sem perceber, um sorriso involuntário se formou em seus lábios. Morgan não estava lá, mas era compreensível; eles eram amigos, afinal — e ela daria eu melhor para ajudá-lo a superar sua perda (até porque, naquele instante, tinha felicidade para dar e vender). 

Não podia acreditar... O Flint tinha mesmo morrido? Se esse fosse o caso então, depois de seu casamento, aquele certamente era o melhor dia de sua vida. Não só teve Morgan escolhendo ficar com ela a sair do navio durante a tarde, como também retirou a maior pedra de seu sapato! Por fim, antes que pudesse ser questionada pelas mulheres, a navegadora fechou os lábios e anuiu friamente para a capitãzinha — ainda chorando —, deixando seu corpo ficar transparente e em seguida saiu da barraca: ainda que estivesse esbanjando alegria, não poderia comemorar antes de ver a verdade com seus próprios olhos (e, também, havia ouvido falar que os humanos tinham de sentir tristeza nos funerais, portanto não era inteligente mostrar seu sorriso a todos).

A praça onde instalaram seus alojamentos estava iluminada pelos postes e a tênue luz do pôr-do-sol, agora já bem mais roxa do que laranja. Poucos piratas caminhavam além das barracas; avistou Kristian tomando um copo de suco enquanto assistia Pieri treinar socos no ar para descontar a ansiedade e, um pouco mais a frente deles, notou Nicholas tentando se aproximar do capitão do outro bando, Hanzo, que naquele momento estava afiando sua espada, como sempre fazia naquela hora do dia. Não havia nenhum sinal de Flint; tudo ocorria de acordo com o plano. Próxima da barraca dos cães, enfim, Merin notou uma frequência cardíaca familiar, que a fez parar tudo que estava fazendo para a seguir. Vinha de trás de um arbusto, à direita da tenda principal do bando rival e, atravessando a relva, sentiu seu próprio coração parar de bater e todos os seus sonhos serem esmigalhados.

— Eu-hic... Eu tinha comprado em Wintery e não pre-hic, pretendia entregar... — choramingou Morgan, seu amado morceguinho, com os olhos marejados e a voz rouca de tanto chorar. — Agora que você vai embora, eu preciso...

— Você sabe que eu não morri, né? — disse Flint, dando um sorriso compassível e colocando a mão no ombro do amigo para consolá-lo. — Vocês ainda podem me recuperar.

Merin trincou os dentes, apertando a foice na mão e sentindo o olho pulsar de raiva. Era bom demais para ser verdade mesmo: além de vivo, ainda tinha chances dele voltar.

— Eu sinto-hic, muito... Foi minha culpa! — mais uma vez, Morgan voltou a chorar alto — Só-sozinho eu não consigo, hic...

— Cala a boca — ele colocou o indicador sobre os próprios lábios, franzindo o cenho em consternação e fazendo sinal para que ficasse quieto — Ainda não sei qual é a do capitão mauricinho, vai que me acusa de motim nas primeiras horas! Não quero esse estresse — explicou, coçando a nuca, nervoso — Vamos dar um jeito, Morgan. Não se preocupe.

Prisão de GatoKde žijí příběhy. Začni objevovat