East Blue, Goa Kingdom (Dawn Island)

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Como não tinham consideração por ninguém, as ondas iam e vinham sobre a areia, para frente e para trás, mal encostando as solas dos sapatos de Poyo antes de fazerem seu caminho apressado de volta ao oceano, ocupadas demais em continuar com seu tra...

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Como não tinham consideração por ninguém, as ondas iam e vinham sobre a areia, para frente e para trás, mal encostando as solas dos sapatos de Poyo antes de fazerem seu caminho apressado de volta ao oceano, ocupadas demais em continuar com seu trabalho de livrar a água das conchas vazias, ao mesmo tempo que enlameavam a praia — os dois lados de uma mesma moeda. 

Era um equilíbrio estúpido estipulado por algum Deus qualquer; uma bobagem sem precedentes que, por menor que fosse, a garotinha levava ao pé da letra, repetindo para si mesma como única verdade: o mar não tem respeito por ninguém. Ele não tem que ter respeito por ninguém. Isto é, se nem mesmo ela, agora uma ilustre capitã pirata, merecia um tanto de atenção, então era certo que ninguém teria e ponto final, por isso, não foi um espanto para si ver que o homem, a pouco jogado à mercê da orla, também não tivera um tratamento digno, embora, pelas roupas, parecesse ser um nobre. 

Não importava; nos olhos marítimos, nada disso era sequer pontuado. E, para os piratas, então... Por ora não passava de um pinguço qualquer.

Compadecidos com a figura, Flint e Bertruska o levantaram pelos ombros, deixando a cabeça pender para frente e o arrastando com o peito dos pés virados ao chão, marcando a areia com um rastro reto, além do cheiro, que mesmo disfarçado com a maresia, não deixava de ser terrível. 

Não era bem um odor de morte, mas chegava perto. A nuance desconhecida entrava ardendo pelas narinas, forte e ardido demais para um olfato infantil como o de Poyo. Nunca sentira nada igual. Parecia terrível demais para se conviver; quero dizer, eu certamente teria pulado em alto mar também, se fedesse desse jeito, pensou, muito bem posicionada a alguns passos de distância, analisando-o com um jeito julgador que não cabia em sua pouca idade. Ademais, os outros dois odores que saíam do pinguço lhe eram conhecidos, tabaco e álcool, e portanto não incomodavam tanto assim, já que se assemelhavam ao cheiro característico de Flint, dessa forma restava as feridas para serem as culpadas, mas, por incrível que pareça, "aquilo" parecia vir do homem em si. Podia estar curado, sangrando, completamente nu ou cheio de perfume; independente disso tudo, continuaria igualzinho. Sem dúvidas, um coitado.

Por sua vez, os três da frente trocavam olhares, estudando a situação. Não que essa fosse a melhor estratégia, — ficar parado com um corpo nos ombros nunca é uma situação agradável —, agora, sem conhecimento de causa, não restava muito além de esperar alguma aprovação ou gesto mútuo que permitisse o resgate imediato do indivíduo maltrapilho. Belka, a mais velha e, estranhamente, a mais sensata, depois de um segundo de silêncio para perceber que, sim, aquilo era problema dela, apenas meneou a cabeça em direção ao navio com um suspiro cansado. Era tarde demais para devolver seus companheiros... Como criancinhas, queriam adotar cada filhote sujo que aparecia à porta; mesmo que fosse sarnento, ou fosse um manguaça imundo e briguento, como era o caso atual.

Caminharam até a carniça em uma recíproca mudez e, quando avistaram o barco, a gata tomou a dianteira e subiu na frente, pronunciando suas condições: — Coloque-o no sofá e troque essas roupas — ditou no mesmo momento em que suas patas traseiras encostaram o convés e as dianteiras na cintura. — Não quero areia no navio. — A última palavra soou com um tom de pesar. O cozinheiro objeta:

Prisão de GatoOnde histórias criam vida. Descubra agora