Capítulo 57

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Ao acordar naquela manhã, Yoongi seguiu direto para a cozinha, em uma caminhada lenta e cambaleante, os olhos lacrimejando quando bocejou e o cabelo preto espetado para todos os lados de um jeito que teria feito Jungkook sorrir caso o atleta estivesse ali, presenciando a cena. Mas Yoongi não estava pensando em nada disso, estava ocupado em tentar se localizar após mais de dez horas de sono e a sua mente, que ainda não estava cem por cento acordada, só processava uma única ordem: café, café, café.

A garrafa de café estava vazia, o que significava que Seokjin ainda não tinha levantado, e Yoongi começou o processo de passar o café — em grande quantidade, porque sabia que assim como ele próprio, Seokjin também acordaria e tropeçaria até a cozinha a procura daquela bebida essencial ao início da manhã. Fez tudo em movimentos lentos e preguiçosos: encher o caneco d'água, colocar no fogo, ficar nas pontas dos pés para alcançar o pote de pó no armário acima do fogão, voltar até a pia para buscar uma colher. Ajustar o coador na garrafa, duas colheres cheias de pó. O cenho franzido, ponderando se duas colheres era suficiente. Um suspiro baixinho, determinado ao tomar a decisão de adicionar mais meia colher, só por via das dúvidas, porque seria melhor um café forte demais, do que um café fraco. Ninguém naquela casa suportava café fraco. A água ferveu, Yoongi coou o café. Puxou uma cadeira e sentou-se na mesa da cozinha, esperando o coador terminar de filtrar o líquido. Seu olhar pairou na fruteira localizada no centro da mesa, servindo como um enfeite comum, bonito, mas também com uma utilidade óbvia, que era guardar as frutas.

A fruteira estava precariamente preenchida com duas laranjas e uma maçã. Fez uma nota mental de que precisavam fazer compras logo, Seokjin detestava ficar sem frutas em casa porque era sua sobremesa depois do almoço. Se não tivesse fruta em casa, ele partiria para todos os doces guardados em diferentes armários da casa e Taeshin iria acompanhá-lo de bom grado.

O café ficou pronto e Yoongi serviu-se em uma generosa caneca — em uma caneca ao contrário de Seokjin, que gostava de encher repetidamente as pequenas xícaras, Yoongi prezava pela praticidade e economia de tempo, então abastecia uma caneca grande logo de uma vez — cortou um pedaço do bolo que o colega de apartamento tinha feito no começo da semana e voltou a pensar na fruteira. Depois da noite passada, Yoongi estava ligeiramente reflexivo sobre o próprio apartamento e os pequenos detalhes que o compunham, que faziam aquelas paredes cor de gelo seco e o piso escuro ter a cara não de um apartamento comum e impessoal, mas ter cara de casa, de lar. Lar dele, de Seokjin e de Taeshin.

Os amigos passaram a noite de sábado ali, e juntos, Yoongi e Jungkook aproveitaram para contar sobre o pedido de casamento. Foi só um anúncio formal, com os sete reunidos, porque na verdade a notícia se espalhou como fogo em mato seco no momento em que apareceram com as alianças no dedo. Yoongi ainda se sentia meio eufórico e bobo toda vez que olhava para o dedo anelar da mão direita. Nunca, nem em suas maiores divagações, achou que seria o tipo de cara que usaria aliança. Em seus vinte e sete anos de vida, nunca tinha pensado naquela possibilidade, naquele detalhe do casamento. Mas agora que a aliança estava ali, e o par dela estava na mão do seu lindo namorado, atleta talentoso e esforçado, dono de um sorriso cativante e dá risada mais gostosa que já tinha ouvido na vida... Era por causa do outro anel estar na mão de quem estava, na mão de Jungkook, que a jóia no seu próprio dedo fazia muito sentido encaixado na própria mão, do jeito como estava. Porque só faria sentido usar uma aliança se fosse com Jungkook. E Yoongi estava tão, tão feliz de ser com ele. Era uma sensação gostosa, como um alívio profundo, uma surpresa que o surpreendia todos os dias porque no início do namoro, e mesmo quando já sabia que amava Jungkook, o produtor não tinha se permitido pensar demais no futuro deles, em coisas sérias como casamento. Mas agora que o pedido tinha acontecido, que tinha dado certo e eles tinham dito sim um para o outro, Yoongi se sentia aliviado. Aliviado por pensar que sim, aquela felicidade era dele. Ele a merecia, ele merecia Jungkook e merecia o futuro que os dois tinham dado permissão para acontecer no momento em que disseram sim um ao outro.

Segundo tempoWhere stories live. Discover now