Capítulo 40

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Estamos esperando nossos pedidos sair. — Jungkook disse ao telefone, o olhar atento no painel que mostrava os números dos pedidos acima do caixa. — Depois de comer, eu o levo para casa.

Ouviu o som de buzinas e pessoas falando ao fundo e, logo depois, a voz ofegante de Seokjin:

Não se preocupe, Jungkook-ah. Você teve problemas em pegá-lo na escola?

— Não, não. Eles já me conhecem por causa da Rin e o hyung avisou que quem iria pegar o Tae seria eu — informou, voltando o olhar para as duas crianças sentadas à sua frente. Hyerin e Taeshin brincavam distraídos com o cardápio infantil da lanchonete, o qual possuía desenhos para pintar. Era quase um dia normal, tranquilo.

Quase.

Faz muito tempo que vocês se falaram? — Seokjin questionou e o tom era preocupado, cuidadoso.

Fazia três dias desde o velório de Min Iseul. As coisas estavam voltando ao... normal — ou o que deveria ser considerado normal depois de um baque como a morte repentina de um ente tão querido. Min Kiyoung viajou de volta para Daegu no dia anterior e Jungkook se ofereceu para ir com o namorado deixar o pai na estação, mas Yoongi recusou. Respeitava isso, sabia que o mais velho precisava de um tempo com o pai. Não sabia o que os dois tinham decidido, o que fariam agora, mas tentou não tocar no assunto. Não tinha certeza se Yoongi gostaria de falar sobre. Ultimamente, ele não vinha falando muito. Algo tinha se perdido dentro do músico nos últimos dias, arrancado de si brutalmente, e Jungkook tinha medo que fosse irreversível. Tinha medo que aquele pânico em seu olhar, a tristeza na expressão, nunca fossem embora.

Suspirou. Estava fazendo o que podia, tentando ajudar das formas que estavam ao seu alcance. Ansiava por fazer mais, por poder pegar o coração ferido do seu hyung e torná-lo seu, para que ele não tivesse que sofrer tanto. Sofreria no lugar dele, choraria no lugar dele... Por Deus, Jungkook morreria no lugar dele. Queria curá-lo, queria tornar as coisas melhores, queria que o mundo não fosse tão cruel. Sua mãe costumava dizer que ele tinha que ser um bom garoto porque coisas ruins aconteciam com garotos ruins, então por que Yoongi estava sofrendo? Ele era a melhor pessoa que conhecia, por que coisas ruins tinham que acontecer justo com ele? Jungkook não entendia, não achava justo. Odiava não saber como consertar, como ter o controle. Aprendeu cedo que a vida era imbatível e imparcial, cheia de idas e vindas, altos e baixos, mas ainda era difícil lidar com uma prova de toda a sua complexidade. Não havia um porquê, e talvez isso fosse o que doesse mais.

— Só no almoço — respondeu. — Ele disse que iria na gravadora hoje à tarde, por isso perguntou se eu podia pegar o Tae na escola.

Ah, vou mandar mensagem perguntando se ainda está por lá então. — Seokjin decidiu, a voz ainda um pouco perdida. Era difícil voltar ao normal, continuar com a vida como se nada tivesse acontecido, como se não houvesse um enorme buraco entre tudo o que eles eram. — Não se preocupa com horário, Jungkook-ah. É bom o Tae ficar um pouco afastado do clima lá de casa.

— Tudo bem. — O número do pedido do adulto e das duas crianças apareceu no painel, fazendo-o completar: — Preciso ir agora, hyung. Até mais tarde. — Depois de Seokjin se despedir e o atleta guardar o celular no bolso, voltou-se para as duas crianças. — Vou buscar nosso pedido. Não saiam daqui.

— Não, Tae, o cachorrinho não pode ser verde. — Hyerin repreendeu o mais novo, que insistia em pintar o desenho de cores extravagantes. A mais velha não estava gostando. Oras, onde já se viu um cachorro verde? Sinceramente, aquele menino era maluco.

— Mas, noona, fica mais bonito. — O bico nos lábios do Min era muito parecido com o que Yoongi fazia quando queria algo de Jungkook. O atleta riu baixinho.

Segundo tempoWhere stories live. Discover now