Capítulo 21

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— Rin-ah, nós estamos indo para um hospital, ouviu? É um lugar sério. Nada de ficar correndo pelos corredores ou falando alto — relembrou a menina pela milésima vez, dividindo a atenção entre o trânsito e o retrovisor, no qual podia ver os olhinhos grandes da menina e o sorriso animado.

— Eu sei ser séria, papai — retrucou com um biquinho, as sobrancelhas levemente franzidas. — Vai demorar muito 'pra chegar?

Jungkook se sentia preso em uma cena de Shrek, sua filha interpretando o papel do burro ao perguntar a todo instante se já estavam chegando. A pequena Jeon geralmente tinha aversões a hospitais porque suas visitas se resumiam a encontrar o médico que tratava sua asma. Ele não criticava a filha: o médico era um sujeito muito sério e sem o mínimo de tato ou jeito com crianças. Ainda sim, era o melhor médico da região e Jungkook não ligava para a indiferença do senhor, contanto que seus tratamentos fossem eficazes.

— Por que você 'tá tão animada, hein? Geralmente odeia hospitais.

— Porque a gente vai conhecer uma pessoa nova! — exclamou, dando pequenos pulinhos da cadeira presa ao banco de trás. — E é uma pessoa muito importante 'pro Tae. Se ele gosta da vovó dele, tenho certeza que vou gostar também!

Jungkook soltou uma risadinha, todo bobo com as palavras da menina e sua sociabilidade fora do normal.

Encontraram os Min na porta do hospital. Sentiu o coração frear uma batida ao colocar os olhos em Yoongi, mais lindo do que nunca em seus costumeiros jeans escuros, camiseta cinza larga nos braços e que mostrava um pouquinho das clavículas. Engoliu em seco, tentando se forçar a desviar os olhos do mais velho, abrir um sorriso ou fazer alguma coisa normal, mas sua cabeça estava ocupada demais com o seguinte questionamento:

Min Yoongi estava, de fato, mais lindo do que nunca ou aquilo era o efeito de quase ter sido beijado — ou achado que seria — pelo mesmo, na noite passada?

Ele não saberia responder. E também não tinha certeza se deveria ir atrás da resposta.

Foi desviado dos próprios pensamentos quando Hyerin começou a puxá-lo em direção ao pai e filho, cumprimentando primeiro Taeshin com um abraço e depois tendo os cabelos bagunçados por Yoongi.

— Ei! — A garotinha reclamou, lançando um olhar bravo para o professor de piano. — Eu estou prestes a conhecer uma pessoa, não bagunça meu cabelo.

— Sim, por favor, Yoongi-ssi, não estrague minha obra de arte — Jungkook viu a oportunidade de entrar no assunto e não a desperdiçou: não estava mentindo, mesmo. A trança bonita que estava jogada por cima do ombro da filha havia sido fruto do seu esforço e persistência em imitar o penteado que viu na internet.

— Uau. Jogador renomado de beisebol, pai em tempo integral e especialista em tranças? Jungkook-ah, você não para de me surpreender.

— Ele ficou a tarde inteirinha treinando esse penteado, oppa — É claro que Hyerin acabaria com o barato do pai. De tão acostumado que estava, Jungkook se limitou a cruzar os braços, empurrar a língua contra a bochecha e encarar a filha, que estava prestes a envergonhá-lo. — Ligou para minha vovó e ficou perguntando irritado porque tava ficando torto e meu cabelo, duro. Aí tivemos que lavar meu cabelo de novo porque ele tinha passado creme demais, acredita?

A risada de Yoongi foi o que compensou a vergonha que sentia: mesmo que estivesse sendo feito de bobo pela filha, o Jeon descobriu que não se importava nadinha se a recompensa fosse o sorriso gengival fofíssimo que iluminava todo o rosto do Min e transformava seus olhinhos em meia lua.

Deus, eu 'tô ficando muito apegado, pensou, mas manteve fez uma careta divertida e ignorou os próprios pensamentos. Lidaria com isso tudo depois, de preferência quando estivesse com um nível de álcool no sistema alto suficiente para não se lembrar das conclusões as quais chegasse.

Segundo tempoDove le storie prendono vita. Scoprilo ora