Segundo tempo

Capítulo 30

Jungkook sentia como se tivesse entrado em uma máquina do tempo e dirigido justamente para a época em que tinha quinze anos e esse fosse seu primeiro encontro na vida.

Não era. Muito menos, era seu primeiro encontro com Yoongi. No entanto, isso não o impedia de sentir aquele friozinho na barriga e o coração sacudindo em seu peito como um trio elétrico a medida que aproximava-se do prédio da gravadora onde Yoongi trabalhava.

Deixar sua casa não foi tão complicado quanto achava e sabia que era porque Hyerin estava muito bem distraída sentada nos bancos da cozinha com Taeshin, enquanto ambos observavam Jihyo preparar um lanche para eles. Não recebeu sequer um olharzinho, apenas um acenar da filha e Taeshin dizendo "diz oi 'pro meu papai, hyung!" e Jungkook sentiu-se um pouquinho revoltado pela falta de interesse da filha — ora, só por que estava com visita ia menosprezar o pai? — ao mesmo tempo que corava como o adolescente que estava  se sentindo, como se sair com Min Yoongi fosse algum tipo de travessura que estivesse fazendo escondido dos pais.

O que era bem parecido, considerando que nenhum dos seus amigos sabia que estava ocasionalmente trocando mensagens amorosas e beijos com o produtor musical.

Estacionou na frente do prédio e respirou fundo. Aquilo era besteira. Era um adulto de vinte e cinco anos, com uma filha de seis anos e uma carreira sólida, não devia satisfações para ninguém sobre sua vida romântica, muito menos para seus amigos. Além disso, não era tão complicado lidar com Yoongi agora que tinha avançando longos passos no relacionamento deles. Era só agir como sempre agia — o problema era que sempre estava envergonhado demais na presença do mais velho.

Jungkook só gostava tanto de Yoongi. Gostava da sua estatura pequena que cabia direitinho sob seu abraço e era perfeita para distribuir beijos em sua testa, do cabelo brilhoso e com cheirinho de bebê — provavelmente porque Yoongi dividia o shampoo com o filho —, do sorriso cheio de dentes pequenininhos, da sua voz baixinha e carinhosa, da forma como ele olhava para Jungkook como se ele fosse algo tão precioso que precisava de todos os cuidados do mundo e o fazia se sentir tão amado, tão querido. O sentimento era tão absurdamente forte que o Jeon tinha medo e vergonha de, em algum momento, Yoongi descobri-lo e se assustar porque o atleta simplesmente não sabia conter. Gostava de Min Yoongi, gostava tanto tanto tanto.

Assustou-se com uma batidinha na janela do passageiro e, quando olhou, lá estava ele, tão lindo quanto sempre. Yoongi ajeitou a postura quando Jungkook olhou para ele e o atleta soltou um suspiro como o bobo apaixonado que era ─ não duvidava nenhum pouco que, se fosse um personagem de anime, haveria corações nos lugares dos seus olhos. Não seria de se surpreender porque o mais velho estava simplesmente deslumbrante, mesmo que estivesse acabado de sair do trabalho. Usava um suéter tricotado bege por cima de uma camisa branca e por baixo de um sobretudo preto, assim como a calça de couro e os tênis. O óculos escuro escondia seus olhos pequenos, mas, pelo seu sorriso Jungkook sabia que estavam brilhando.

Destravou a porta e o mais velho entrou, deixando com que o seu cheiro dominasse cada espacinho ao redor do atleta. E, tudo bem, Jungkook estava mais do que pronto para lidar com ele. Não era mais o adolescente de quinze anos inexperiente e também não era seu primeiro encontro, beijo ou momento romântico com Min Yoongi, então, sim, ele podia muito lidar com-

— Boa noite, Jungkookie. — Seu coração escapou uma batida quando Yoongi retirou os óculos escuros e curvou-se para plantar um beijo em sua bochecha e simplesmente ficou por ali, curvado por cima da marcha do carro e com a respiração batendo irregular contra o pescoço arrepiado do Jeon. — Você está cheiroso.

Jungkook apertou o volante com força quando Yoongi simplesmente roçou uma linha com seu nariz pelo pescoço do mais novo, enviando ondas elétricas por todo o seu corpo, e suspirou contra a sua pele.